Prezadas leitoras, caros leitores —

Tim Cook, o CEO da Apple, é considerado no Vale do Silício o maior executivo de logística que há. E Cook, no ano em que celebra seus dez anos no cargo, anunciou esta semana que a companhia vai colocar menos iPhones 13 nas prateleiras das lojas do que tem condições de vender.

Ele não tem escolha: não há peças o suficiente.

E o problema está por todo lado. A indústria automotiva já está faz um ano com dificuldades de botar carros o suficiente na praça. Há um engarrafamento de navios cargueiros esperando no porto de Los Angeles. Há falta de motoristas para os muitos caminhões no Reino Unido. Na província chinesa de Liaoning os apagões têm sido frequentes. A Alemanha está enfrentando a pior inflação desde a queda do Muro de Berlim. Por falta de madeira e aço, a construção civil australiana parou de entregar novos imóveis e os preços começaram a disparar.

A sorte do Brasil, se é que pode ser chamado de sorte, é que o país não está crescendo. Por falta de demanda a grave crise global de abastecimento afeta menos por aqui.

Mas há uma crise inédita em tempos de globalização. Uma cuidadosa linha construída nas últimas décadas que garantia a chegada de matéria prima no momento certo, a produção em fábricas que juntam robôs e gente, o envio para os portos, carga e descarga de contêineres, caminhões e trens para lojas. Designers imaginando produtos, engenheiros executando seus projetos, fábricas no outro lado do mundo dando forma com base em insumos que chegam de todos os continentes.

A globalização quebrou.

Por quê? Como conserta? Qual o tamanho da crise? Este é o tema da edição de sábado deste Meio.

Assine.

Torne-se um assinante premium.

Sai por menos de um chope o mês todo.

— Os editores

Mesmo com crises, reprovação de Bolsonaro recua

Não que as coisas estejam fáceis para o governo, com mais de 600 mil mortos por covid-19, a CPI da Pandemia no pescoço, a economia em crise e dificuldade até para emplacar uma indicação ao STF. Mas o presidente Jair Bolsonaro teve três alentos nesta quinta-feira. O primeiro veio da pesquisa quinzenal do PoderData, que indicou uma queda na reprovação do governo: 58% desaprovam, contra 63% do levantamento anterior. A diferença está além da margem de erro de dois pontos. Os que o aprovam são 33%, dois pontos a mais que os 31% de 15 dias atrás. A avaliação pessoal de Bolsonaro também variou a seu favor além da margem de erro. Ele é ruim ou péssimo para 53% (eram 58%) e ótimo ou bom para 29% (eram 25%). (Poder360)

A outra boa notícia para o Planalto veio do Ministério Público Eleitoral, que se manifestou contra a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão nas eleições de 2018. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julga acusações de abuso de poder econômico pela campanha do presidente no disparo em massa de mensagens em redes sociais e aplicativos. (CNN Brasil)

E por último, mas não menos importante, as manifestações contra o governo marcadas para 15 de novembro correm o risco de serem canceladas, como conta o Painel. O motivo seria a incapacidade de o movimento se expandir para além da esquerda. (Folha)

PUBLICIDADE

Meio em vídeo. Vamos sonhar um pouco? E se Jair Bolsonaro ficar tão preocupado com cadeia que escolher não brigar pela presidência e concorrer a uma vaga certa no Senado? Esta é uma possibilidade discutida abertamente em Brasília. O presidente tem medo da prisão — se concorresse ao Senado, sua vida seria mais fácil. É remoto, mas vai quê? O que aconteceria? Confira o Ponto de Partida. (YouTube)

Um dia depois de ser acusado por Ciro Gomes (PDT) de ter “conspirado para o impeachment” de Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula rompeu o silêncio e disse que seu ex-ministro e agora adversário foi “banal” e “grosseiro”. “Não sei se o Ciro teve covid ou não, mas me disseram que quem tem covid tem problemas de sequelas, alguns têm problema no cérebro”, disse ele em entrevista a uma rádio. O pedetista, que teve covid-19 no ano passado, respondeu: “Trágico mesmo seria ter uma sequela moral, como a do notório Lula, que com este comentário infame acaba de agredir milhões de mortos e sobreviventes da covid.” (Folha)

Enquanto Lula e Ciro trocam gentilezas, o ex-prefeito Fernando Haddad procura serenar ânimos, como conta Lauro Jardim. Em jantar com o topo do PIB paulista, ele afirmou que o PT hoje é um partido de centro-esquerda e admitiu que houve corrupção na Petrobras, mas atribuiu a diretores da empresa, sem conhecimento do governo. (Globo)

Mônica Bergamo: “O ator José de Abreu, de 75 anos, decidiu ser candidato a deputado federal pelo PT do Rio de Janeiro, apoiando Lula para presidente e Marcelo Freixo, do PSB, para governador do estado em 2022.” (Folha)

O caso da Prevent Senior é uma “página virada”. Essa, evidentemente, não é a opinião de algum integrante da CPI da Pandemia, mas do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que almoçou com empresários do setor de planos de saúde. Ele disse que as acusações contra a empresa devem ser apuradas, mas alegou que outros hospitais de ponta usaram inicialmente remédios como a cloroquina. (Folha)

Enquanto isso... O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o filho Zero Um, foi hostilizado ao se vacinar contra a covid-19 em um posto do Distrito Federal. Populares e até funcionários o vaiaram e chamaram de “fura-fila” e “miliciano”. E tudo foi registrado em vídeo. (Metrópoles)

O presidente Jair Bolsonaro vetou nesta quinta-feira uma homenagem ao ex-presidente João Goulart (1919-1976), deposto pelo golpe de 1964. Jango daria nome ao trecho da BR-153 entre Cachoeira do Sul (RS) e Marabá (PA). Para Bolsonaro, entusiasta da ditadura instalada após a queda de Goulart, a homenagem “contraria o interesse público”. (Poder360)

João Vicente Goulart, filho do ex-presidente, reagiu com ironia. Segundo ele, o veto de Bolsonaro “é até elogio”. “É para colocar no currículo de João Goulart”, disse. (Globo)

Sem votos para garantir a aprovação, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), adiou para terça-feira a votação do projeto que aumenta a ingerência do Congresso no Conselho Nacional do Ministério Público. Os parlamentares alegam que o órgão protege os procuradores que deveria investigar. (Pode360)

O avanço sobre o MP é mais um de muitos projetos que buscam blindar políticos, escaldados pela Lava-Jato. O abrandamento das leis de Improbidade e da Ficha Limpa está nesse mesmo balaio e une parlamentares de todas as ideologias. (Globo)

O homem preso na cidade norueguesa de Kongsberg após matar cinco pessoas e ferir duas a flechadas é um dinamarquês de 37 anos. Embora seu nome não tenha sido divulgado, as autoridades da Noruega informaram que ele teria se convertido ao islã e constava de uma lista de possíveis radicalizados. (g1)

Festa viralizada

Marcelo Martinez

MEIO_mm_15out

Cultura

Às vezes o lançamento da obra de um autor precisa apenas de um estimulozinho, coisa à toa, tipo um Nobel de Literatura. Pois é, a Companhia das letras anunciou que vai publicar no brasil quatro livros do tanzaniano radicado na Inglaterra Abdulrazak Gurnah, agraciado este ano. Afterlives, Paradise, By the Sea e Desertion ainda não têm título em português nem data de lançamento, mas antes tarde do que nunca. (Globo)

Adele lançou ontem à noite Easy On Me, uma prévia do álbum 30, seu primeiro em seis anos, que sairá no dia 19 de novembro. Confira o vídeo no YouTube ou ouça no Spotify.

Em À Meia-Noite Levarei Sua Alma (teaser no YouTube), de 1964, o ator e diretor José Mojica Marins (1936-2020) apresentou ao mundo o coveiro demoníaco Zé do Caixão, que se tornaria um ícone mundial do terror. Agora, a produtora do ator americano Elijah Wood, o Frodo do Senhor dos Anéis, quer, em parceria com a empresa que detém os direitos do personagem, lançar “uma versão mais popular, acessível e atualizada” de Zé. Esperamos estar enganados, mas tudo indica que vão tirar exatamente o que ele tinha de interessante. (Estadão)

Você se lembra do quadro Menina com Balão, de Banksy, que se autotriturou ao ser vendida num leilão em 2018? Pois é, mesmo com metade em frangalhos, a obra foi oferecida de novo e arrematada ontem por 18,6 milhões de libras (cerca de R$ 140 milhões), seis vezes mais do que quando estava inteira. (g1)

Confira as dicas na agenda cultural

Começa hoje, em formato híbrido, o festival Sesc Jazz, cuja programação de shows nacionais e internacionais, mostra de filmes e atividades de formação se estende até o dia 31. O pianista pernambucano Amaro Freitas abre os trabalhos direto do Sesc Pompeia, diante de plateia presencial reduzida e também em transmissão online.

O espetáculo Quando Todas as Folhas Caem, de Ciça Ohno com o Núcleo Fu Bu Myo In, abre hoje o Visões Urbanas, festival de dança que apresenta 18 espetáculos de cinco países, além de mostra de vídeo-dança e oficinas, até o dia 24.

Amanhã, o veterano João Donato volta aos palcos pela primeira vez desde a pandemia e se apresenta com trio no Blue Note São Paulo, que transmite o evento.

Para ver a agenda completa, clique aqui, e para dicas de cultura, assine a newsletter da Bravo!.

Viver

Embora tenha determinado a volta obrigatória das aulas presenciais na próxima segunda-feira, o governo de São Paulo não atentou para um detalhe: espaço. As regras de segurança contra a covid-19 determinam uma distância de um metro entre os alunos em sala de aula, e somente 24% das escolas paulistas têm condições de seguir essa determinação. A Secretaria de Educação do estado disse que regra de distanciamento será derrubada em novembro, e que, por enquanto, as aulas continuarão híbridas. A diferença é que o aluno será obrigado a comparecer nos seus dias de aula presencial. (CNN Brasil)

Além de São Paulo, três estados já marcaram a data para o retorno às aulas presenciais. Bahia e Mato Grosso também voltam no dia 18, enquanto o Piauí agendou a volta para 1º de novembro. Alagoas e Roraima têm aulas presenciais para determinadas séries. Nove estados (AM, AP, CE, ES, MA, MS, PA, PR e SC) autorizaram a volta sem uma data fixada, enquanto outros dez (AC, GO, MG, PB, PE, RJ, RN, RS, SE e TO) e o Distrito Federal seguem no sistema híbrido. (g1)

E hoje é Dia do Professor, essa profissão tão importante quanto pouco valorizada. A despeito de todas as dificuldades, uma pesquisa mostra que a maioria tem orgulho do próprio trabalho e, se pudesse, não escolheria outra carreira. A todos, os nossos parabéns e agradecimentos. (Estadão)

PUBLICIDADE

A prefeitura de São Paulo anunciou ontem que vai manter pelo menos até novembro a obrigatoriedade do uso de máscaras na cidade, mesmo em locais abertos. Há dez dias o prefeito do Rio, Eduardo Paes, sinalizou a liberação do uso de máscaras em locais abertos ainda em outubro e foi duramente criticado. (UOL)

Afinal, já é seguro tirar as máscaras? Veja as chances de contágio em diferentes ambientes. (Globo)

Nesta quinta-feira a Pfizer entregou ao Ministério da Saúde um lote de 912.600 mil doses de vacinas contra a covid-19. Esses imunizantes já fazem parte do segundo contrato de 100 milhões de doses, agendado para chegar até dezembro e cuja entrega começou no sábado passado. (UOL)

Enquanto isso... A Fiocruz negocia produzir para o SUS o antiviral molnupiravir, desenvolvido pela farmacêutica MSD e apontado como uma das apostas de tratamento nos primeiros dias de sintomas da Covid-19. (Folha)

E ontem o país teve 588 mortes por covid-19, indicando que os registros represados pelo feriado prolongado começaram a ser computados. Mesmo assim, a média móvel nos últimos sete dias ficou em 344 – também por conta da subnotificação. No total, 602.201 pessoas morreram da doença desde o início da pandemia no Brasil.

Em Salvador, o Elevador Lacerda deixando seus passageiros à beira-mar; em Cuba, a Praça da Catedral de Havana submersa; e na Nigéria, a Mesquita Central de Lagos literalmente alagada. Imagens resultantes de pesquisas de instituições nos EUA e na Alemanha simulam o que o futuro próximo pode reservar para estas e outras cidades do mundo se a temperatura média da Terra subir meros 1,5ºC em relação à era pré-industrial. E esse é o cenário mais otimista. No ritmo atual de emissões de carbono, a elevação até 2050 será de 3ºC, alagando completamente regiões onde vivem hoje pelo menos um bilhão de pessoas. (BBC Brasil)

Cotidiano Digital

Furar fila no Uber? Pois é… A empresa lançou uma nova modalidade de transporte para os passageiros, chamada “Prioridade”. A nova categoria tem o objetivo de reduzir o tempo de espera até o embarque, que vem sendo alvo de críticas dos usuários da plataforma. No entanto, as viagens nesta modalidade custarão mais caro, superando os preços da opção “UberX”. Para o lado do motorista, a novidade deve aumentar os ganhos, mas a Uber não informou como funcionarão os repasses nas viagens “Prioridade”. (UOL)

O WhatsApp começou a disponibilizar a criptografia de ponta a ponta para backups em smartphones Android e iOS. Com a novidade, usuários poderão optar ou não por proteger os arquivos e mensagens na hora de realizar o backup na nuvem. (TecMundo)

E uma falha de segurança em uma plataforma brasileira que integra marketplaces expôs mais de 1,7 bilhão de dados de lojistas cadastrados em sites de comércio eletrônico. São 610 GB de informações vazadas, segundo o Safety Detectives, um laboratório de cibersegurança. Detalhes de compras, dados pessoais e detalhes de faturamento estão entre os dados vazados no ciberataque. (TecMundo)

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.