Edição de Sábado: O futebol brasileiro é uma fênix depenada

Chega dezembro e nós, apreciadores do futebol brasileiro, nos encontramos num deserto em que, não fosse o Fluminense e sua desafiadora participação no Mundial de Clubes da Fifa, estaríamos largados tão somente às peladas de fim de ano entre jogadores e famosos – pragas que andam agravadas agora pela presença de influenciadores.

Dizem, a propósito, que as grandes fés pedem algo de deserto em seus pontos de partida, um tanto de aridez, de isolamento. E é do fundo desse deserto, à sombra do último cacto sob o sol do meio-dia, que afirmo minha fé no futebol brasileiro. Essa fé não deriva da fortaleza do futebol brasileiro, da potência que tende a fazê-lo às vezes se perder nos olimpos da empáfia ou a errar nos jardins da repetição, e sim de fonte bem contrária: dos seus tropeços e de seus desencontros atuais. Pode e deve ser miragem, mas enxergo uma fênix para além do horizonte.

Sim, o futebol brasileiro precisa renascer, e o fará enfim, como noutras passagens de sua história. Só que não renascerá como uma fênix bem fornida, alimentada pelas “lágrimas de incenso e licores de amomo”, como sugeria Ovídio na tradução do professor Brunno Vieira, não há como. Quando os fatos duros de um futebol globalizado relegam o Brasil mais e mais à periferia, a fênix do nosso futebol só poderá voltar necessariamente mais depenada, a priori mais fraca, mais exposta – e talvez nisso mais viva.

E onde nos encontramos?

Do ponto de vista das seleções nacionais, o ano acaba entre regular e ruim. Foi ruim para a seleção masculina, que seguirá fixada num incômodo sexto lugar até a retomada das Eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2026, em setembro de 2024. Lá na frente, ao fim de mais doze tediosas rodadas, uma sexta colocação até asseguraria vaga ao Brasil. Isso, contudo, significa muito pouco para uma seleção que, até a vitória da líder Argentina no Maracanã, em novembro último, jamais havia perdido uma partida em casa na história das Eliminatórias. 2023 termina regular para a seleção feminina, que vira o ano sob o comando permanente – e não interino, como na masculina – de Arthur Elias, técnico vitorioso no Corinthians feminino, que, “só” em 2023, venceu: Supercopa do Brasil, Brasileirão e Libertadores. Rumo a 2024, a seleção feminina dá sinais de que pode apagar nas Olimpíadas de Paris a má impressão deixada pela eliminação na primeira fase do Copa do Mundo este ano.

Na esfera dos clubes, o ano consagra de novo o Palmeiras de Abel Ferreira no cenário doméstico, com um título brasileiro que reafirma, como em nenhuma outra temporada sob comando do técnico português, a capacidade do time alviverde se adaptar a desfalques e a novos desenhos de jogo – uma aula. No mesmo Brasileirão vencido pelo Palmeiras, a carga dramática da vacilada do ex-quase-campeão Botafogo expõe o abismo entre as ambições impostas por um passado glorioso e os obstáculos para se reconstruir uma marca (o futebol alvinegro é uma sociedade anônima, afinal). Sem esquecer do Grêmio, vice-campeão sob a batuta do craque uruguaio Luis Suárez em campo, numa campanha tão competente que pode nos fazer esquecer do fato de o tricolor gaúcho ter voltado a jogar Série A este ano, depois do acesso em 2022. E sem deixar de lamentar a queda do essencial Santos, camisa justissimamente reconhecida e respeitada lá fora por tudo que ajudou a plantar em nome do Brasil pelo mundo.

No cenário internacional, para os clubes brasileiros, 2023 se embandeira em verde, branco e grená. O Fluminense bate enfim à sala de campeões de Libertadores da América – a quinta conquista brasileira consecutiva no torneio. O trabalho do treinador Fernando Diniz no tricolor carioca resume parte dos dilemas e também das potencialidades do futebol brasileiro. Desde antes da conquista sul-americana, o jeito de jogar do Fluminense de Diniz já havia entrado no grande mercado de ideias do futebol mundial, ao prometer algo entre a síntese e a alternativa ao chamado “futebol posicional”, o jeito de jogar de DNA espanhol-holandês que, de Cruyff no passado a Guardiola no presente, privilegia a ocupação de espaços, mais especificamente de corredores, no campo. Em contraste com essa quase ortodoxia, o Fluminense de Diniz valoriza sobrecargas e combinações por meio de tabelas, fazendo do desenho do time mais do que uma lista de linhas, como pediria uma ordem de batalha, e sim um organismo vivo. Como definiu o próprio Diniz em entrevista ao SporTV em setembro deste ano:

“Por conta de gostar de ter a bola, as pessoas me associam ao Guardiola. Mas para aí. A maneira dele ter a bola é o oposto da minha. Nos times do Guardiola, com dois minutos você vê que os jogadores obedecem a um espaço. Quem está na direita fica na direita, quem está na esquerda fica na direita e a bola chega naqueles espaços. Claro que o Guardiola foi modificando, os laterais, como o Cancelo, passam. O jeito que eu vejo nesse momento é quase que aposicional. Os jogadores migram de posição. É um jogo mais livre, a gente se aproxima nos setores do campo e nesses setores, há trocas de posição. Acho que isso tem a ver mais com a cultura do nosso futebol.”

Faça uma busca simples de internet pelos termos “relacionismo”, “ataque funcional” e “jogo aposicional”. Aposto que em 90% dos links dos últimos doze meses, em diferentes idiomas, figurará o nome de Fernando Diniz. O que Diniz pensa e implementa no Fluminense é, sem exagero, parte da pauta tática internacional – de forma marginal ainda, eu diria quase subversiva, mas está ali. Se o futebol fosse levado mais a sério como disciplina no país que se julga seu mais inventivo praticante, Diniz seria reconhecido pelo menos como uma voz influente no pensar de seu próprio campo de atividade.

Há, para mim, mais em Diniz e no Fluminense, e esses adicionais falam sobre o lugar do futebol brasileiro no mundo.

Diniz é, de momento, também treinador interino da seleção brasileira masculina – o principal cartaz de uma Confederação Brasileira de Futebol de novo em pé de guerra entre seus cartolas. Diniz, decerto a mais radical dentre as alternativas nacionais para o comando técnico, toca a seleção masculina apenas “por enquanto”, à espera de um “sim” definitivo – e aparentemente cada dia mais distante – do multicampeão Carlo Ancelotti, treinador italiano do Real Madrid, e mais próximo da visão de Tite, o antecessor de Diniz. Se há um rumo nessa situação anômala, de stand-by no mais alto nível, a leitura dessa bússola me escapa de forma absoluta.

O desafio tricolor

Eu me interesso ainda mais pelo Fluminense de momento, pela circunstância competitiva do Mundial de Clubes, realizado este ano na Arábia Saudita. Na semifinal, o tricolor enfrenta os egípcios do Al Ahly, o maior dos clubes africanos, que deu um banho de bola na fase anterior no endinheirado Al-Ittihad, de Benzema, Kanté & Cia. na fase anterior. O Al-Ittihad, “time da casa” neste Mundial de 2023, é um dos quatro grandes da liga saudita sob controle do fundo soberano da monarquia árabe.

Adversário do Flu, o Al Ahly possui menos dinheiro que os sauditas eliminados, mas inspira respeito na base da condição física e da organização tática, além de acumular cancha em mundiais recentes. O nível praticado no topo do futebol africano não está, ao contrário do que somos (mal) educados a achar, tão longe do nosso. Na versão mais atualizada do ranking mundial da Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS, na sigla em inglês), o Al Ahly aparece na quarta colocação, atrás apenas dos europeus Manchester City, Real Madrid e Inter de Milão, enquanto Palmeiras (6º), Fluminense (7º), Flamengo (8º) e Fortaleza (10º) vêm atrás no Top 10.

Caso o Fluminense supere os egípcios na semifinal da próxima segunda-feira (18), vai encarar na final, na sexta-feira (22), o vencedor do confronto entre os japoneses do Urawa Reds, e o favoritíssimo campeão europeu, Manchester City, moldado à imagem do já referido Guardiola, o treinador mais influente em atividade no mundo.

O clube inglês, que tem o xeque Mansour bin Zayed, da família real de Abu Dhabi, como seu dono, lidera a “Money League”, o ranking anual da consultoria Deloitte, com receitas na ordem de € 731 milhões na temporada 2021/2022. O valor ultrapassa R$ 4 bilhões em cifras atuais, cerca de quatro vezes o que fatura por ano o clube de maior receita no Brasil, o Flamengo. Na Money League, nada menos que onze dos vinte clubes com maior faturamento são ingleses – nível Premier League.

Os desafios do Fluminense para vencer o Mundial surgem imensos, as cartas do negócio e do jogo parecem viradas contra, mas há, como deve haver, quem se energize com a chance de “calar os matemáticos”.

De qualquer forma, algumas das mais importantes transformações na economia política do futebol global estão em campo neste Mundial de Clubes, que pode ter sua última edição no atual formato: a escalada do investimento saudita (materializada também na confirmação do reino como sede da Copa do Mundo de 2034); a afirmação do papel do esporte e da indústria de entretenimento numa visão de futuro para as monarquias do Golfo, para além do horizonte dos combustíveis fósseis; a potência financeira incontestada da Premier League, e seu magnetismo incomparável para atrair – e drenar – capitais.

É contra esse pano de fundo que jogará o Fluminense e, mais uma vez, o futebol brasileiro, que não vence um Mundial desde 2012, quando o Corinthians derrotou o Chelsea na final, então no Japão. Estamos, com o Fluminense, tal qual o Flamengo, o Palmeiras, o Grêmio, o Atlético Mineiro e os outros todos, cada vez mais à margem do “grande jogo” de um negócio mais e mais centralizado na Europa, sobretudo na Inglaterra, e sob influxo de players ascendentes, de destinos menos tradicionais, como Arábia Saudita e Estados Unidos (onde hoje joga Lionel Messi e de onde partem investidores em cada vez maior número para a Premier League).

Para além do Mundial

Não há sinal de que esse cenário vá mudar tão cedo, a pegar pela capacidade de investimento dos polos que concorrem com o futebol brasileiro pela atenção global. Isto é, mesmo se o futebol brasileiro encontrar meios de se renovar em campo no futuro (com Diniz e outros eventuais participantes brasileiros da conversa tática mundial), um renascimento esportivo dificilmente viria acompanhado de uma melhora sustentada na competitividade de nossos clubes em nível global, afora um ou outro esforço heroico num renovado Mundial de Clubes. O processo desencadeado pela liberalização da transferência de jogadores desde meados da década de 1990 segue girando a todo vapor, com os campos da Europa no centro, restando a “mercados” como o brasileiro a condição, na melhor das hipóteses, de importante polo continental e, na pior, de mera coleção de entrepostos para a exportação de “pés-de-obra”. Talvez as seleções – masculina e feminina – tenham, em contraste com os clubes, horizontes melhores, isso se reunirem de fato os melhores e as melhores.

Mas o futebol brasileiro renascerá pois já morreu muitas vezes. Anunciaram sua morte na passagem do amadorismo para o profissionalismo, na entrada dos anos 1930 – pelo contrário, o futebol brasileiro prosperou e virou laboratório para, por que não, à “antropofagização” de inovações estrangeiras, como o sistema inglês WM (3-2-5), adaptado por gigantes como Gentil Cardoso. Chegaram a anunciar o seu enterro (“puxado por cavalos brancos e de penacho”, como diria Nelson Rodrigues) quando das derrotas para o Uruguai no Maracanazo de 1950 e para a Hungria na Copa de 1954 – e o futebol brasileiro ganhou em preparo físico-técnico e marcação, passando a se colorir de forma confiante e mais segura com as suas próprias vocações, na forma do 4-2-4 de Martim Francisco no futebol mineiro e, depois, de Vicente Feola na Copa de 1958, o início de uma era de ouro. Antes da Copa de 1970, o pessimismo reinava; seríamos românticos incorrigíveis face à ascensão do futebol força, de botinadas épicas na Copa de 1966 – produzimos nada menos do que a maior seleção de todas, um sonho em forma de time. Morremos na Copa de 1982, morremos na Copa de 1990, dizem alguns que morremos vencendo na de 1994, morremos às vésperas do baile de Rivaldo e Ronaldo na de 2002, morremos antes de o São Paulo vencer o Liverpool no Mundial de 2005 e o Inter, o Barcelona, logo no ano seguinte – morremos muitas vezes, e voltamos. Só faço exceção ao 1x7 Alemanha, na Copa de 2014, desastre esportivo em meio ao qual creio tenha-nos faltado até o saber morrer – por 1950, derrota muito mais honrosa, trocamos até de uniforme dali em diante. “Imaginem que traumatizados os deixamos / Que até a cor da camisa forçamos a trocar”, canta uma canção de torcida uruguaia. O luto pede, se não rasgar as vestes, se não cingir-se biblicamente de pano de saco e lançar-se cinzas, um certo senso mórbido de proporção, um assombro sem fôlego frente à própria ruína – faltou-nos isso depois do 1x7.

Falta-nos ainda mais hoje. Como bem escreveu Tostão em coluna no último domingo na Folha de S.Paulo, ataca-nos, dentre outros fatores (calendário cheio, gramados ruins, “a transferência de responsabilidades para o VAR”, violência), a ausência crônica de um “cracaço meio-campista” como atualmente é o espanhol Rodri, do Manchester City. Essa lacuna me salta grave, por manifestar, na minha perspectiva, mais do que um “fato da natureza”: não produzimos mais “donos do meio” em boa quantidade porque a lógica da formação de jogadores vem privilegiando perfis que maturam mais rápido, em posições com histórico recente de boas vendas para o exterior (laterais, zagueiros, volantes mais defensivos e, acima de todos, pontas e atacantes).

Vamos à temporada de 2024, com uma parada ainda a fazer na estação do Fluminense (a mais próxima do Metrô: Largo do Machado). Mais cedo ou provavelmente mais tarde, o futebol brasileiro renascerá como fênix mais uma vez, ainda que mais depenada.

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O Ferroviário, de Fortaleza, e o Maranhão se enfrentaram no Estádio Presidente Vargas, na capital cearense, no dia 3 de setembro de 2023, em partida de volta válida pelas quartas-de-final da Série D do Brasileirão. Você talvez não tenha ouvido falar desse duelo, que tive a honra de comentar ao vivo pela TV Brasil, na condição de convidado ao lado de André Marques e Felippe Cardoso, mas saiba: esse jogo deveria constar de qualquer Top 10 de partidas do futebol brasileiro no ano – no mundo, quiçá, dos Top 20.

Aos fatos: o Ferroviário jogava o acesso à Série C em casa, depois de empatar uma semana antes em 1x1 com o Maranhão, o MAC, numa partida de ida renhida no estádio Castelão, em São Luís. Até a partida de volta daquelas quartas, o Ferrão não havia deixado de vencer em seus domínios pela Série D de 2023, com incríveis nove vitórias em nove jogos, incluídos aí o da segunda fase e o das oitavas. O óbvio, o natural, seria o Ferroviário fazer valer o favoritismo na segunda metade do duelo, mas não: o goleiro do MAC, Moisés, confirmou a atuação extraordinária no torneio e fechou a sua meta pela totalidade do tempo regulamentar, frustrando sobretudo no segundo tempo o ataque comandado pelo veterano artilheiro Ciel, de 41 anos de idade.

Já perto dos acréscimos, com um 0x0 a levar a decisão para os pênaltis (em si, um feito para o Maranhão), o zagueiro Alisson, do Ferroviário, errou um recuo de cabeça para o bom goleiro Douglas Dias, que, na tentativa de impedir o gol de Rafael, cometeu pênalti. Na cobrança, Gabriel Fontes assinalou MAC 1x0, resultado que levava o quadricolor de São Luís à Série C.

Pelas imagens da partida, é possível intuir o estado do espírito da torcida do Ferroviário, assombrada como qualquer outro aglomerado humano ficaria diante do que se passava no gramado do PV, como é conhecido o Estádio Presidente Vargas. Não me espantaria se, nas futuras autobiografias e perfis de torcedores presentes àquele abismo em forma de encontro esportivo, constasse uma ou outra menção à separação entre alma e corpo e ao enxergar-se a partir de fora, com um quase-fantasma testemunhando um torcedor-em-escombros por apenas um fugidio instante. Acreditem – é plausível que isso tenha sucedido e, digo mais, até natural ali, ainda mais à luz do que viria adiante.

O jogo prosseguiu nervoso, arrastado pelos acréscimos. Ciel, exímio cobrador de faltas, teve a chance de empatar num tiro livro direto, perto da área do Maranhão: bola praticamente centralizada em relação ao gol maranhense, Ciel em postura de Cristiano Ronaldo, chute venenoso, defesa e rebate difícil de Moisés, um herói, escanteio.

Daí, o delírio, aos cinquenta minutos. Gabryel Martins, que havia saído do banco na virada para o segundo tempo, bateu rápido o corner, buscou a primeira trave e achou, se não me falha a vista, outro vindo dos reservas, Tarcísio, que desviou de cabeça para o meio da pequena área, onde o zagueiro Fernando, do MAC, sob a sombra de Ciel, marcou contra.

Nos pênaltis, o insólito veio logo de cara, na primeira cobrança. O zagueiro Leone, do MAC, de muita presença física, resolveu resgatar das ruínas da memória a “paradinha raiz”: correu até a bola e parou diante dela, para fintar o goleiro antes do chute, o que é vedado na regra há mais de uma década. Pelo gesto, Leone acabou levando o segundo cartão amarelo dele da noite – em meio às cobranças de pênaltis, o que é raríssimo. A batida, que havia resultado em gol, terminou invalidada, contabilizada como chance perdida. Com cobranças de Ciel, Tarcísio e Gabryel Martins e duas defesas de Douglas Dias, o Ferroviário fez 3x0 nos pênaltis, acesso garantido à Série C.

Foi um épico. Revendo os lances do jogo, notei que, no auge do sufoco do Ferroviário, com MAC 1x0, uma cobrança de falta de Ciel rebatida pelo goleiro e um escanteio a cobrar (com apenas mais três minutos de acréscimos por jogar, cara de “última chance”), um adulto com a camisa do Ferroviário vira as costas e puxa um menor, a que acompanhava, rumo à saída. E isso a poucos metros da meta onde, em menos de dez segundos (sim, eu contei), sairia o empate. Que lendas carregarão para a posteridade aqueles dois, talvez pai e filho, ou tio e sobrinho?

Nada, nenhuma mazela do futebol brasileiro, parece capaz de depredar a capacidade do esporte mais popular do país de nos enredar em tramas que percebemos também como nossas. Do torcedor resistente do Ferroviário, campeão invicto da Série D de 2023, ao torcedor rodrigueanamente fulminado do Fluminense, campeão inédito da Libertadores da América.


*David Butter é jornalista e produtor audiovisual

E o que você fez?

A equipe do Meio assistiu a séries, filmes, se surpreendeu com podcasts, leu, ouviu música nova e velha, consumiu newsletters, jogou. E conta nesta retrospectiva cultural o que achou de mais legal em 2023.

Séries

Fim (Globoplay)
Existem histórias do gênero “quem matou?”. Fim, minissérie da Globoplay, nos faz indagar “o que matou?”. Baseada em livro homônimo de Fernanda Torres, ela nos mostra no primeiro episódio, em 1995, Ciro (Fábio Assunção), um mulherengo amargo morrendo em um hospital, e Ruth (Marjorie Estiano), sua ex-mulher, mergulhada em rancor e problemas psicológicos. Também nos leva a 1967, quando o bon-vivant Ciro conhece a esfuziante Ruth numa festa, e os dois se apaixonam perdidamente. Dali em diante, tudo o que queremos saber é o que matou aquele amor, numa trama valorizada pelas histórias dos amigos de ambos. Não há heróis completos nem vilões clássicos, apenas pessoas com seus defeitos e a ideia de que o amor às vezes não é o bastante. Estiano, Bruno Mazzeo (Sílvio) e Débora Falabella (Irene) estão excepcionais.
(Leonardo Pimentel, editor executivo)

Daisy Jones And The Six (Prime Video)
Daisy Jones And The Six tem tudo o que envolve uma história sobre rock: brigas, paixões, vícios. A série de 10 episódios é adaptada do livro homônimo de Taylor Jenkins Reid e conta a história de ascensão e queda da banda, que é fictícia, no ápice de seu sucesso nos anos 70, nos Estados Unidos. Contada em forma de entrevista, de maneira documental, a série mostra os relatos de integrantes da banda, empresários e amigos, o que deixa os episódios bem dinâmicos e com diferentes pontos de vista. Para quem gostou das músicas da banda na série, compostas pelos personagens Daisy e Billy, é possível acessar o álbum Aurora no Spotify e até comprar o disco em formato de vinil.
(Micaela Santos, editora de conteúdo)

Reservation Dogs (Disney+)
A série acompanha quatro adolescentes tentando superar a morte do quinto membro do grupo. Diálogos verossímeis, elenco impecável numa produção onde até os roteiristas e diretores são nativos americanos. A cereja do bolo é um espírito indígena conselheiro, que faz gritos caricatos.
(Tony de Marco, diretor de arte e chargista)

Beckham (Netflix)
A série documental Beckham me fez voltar aos anos 1990 e 2000, revelando detalhes que não ficaram na memória e apresentando uma figura bem diferente da que eu tinha em mente. Para mim, David Beckham era um excelente jogador, bonitão e casado com uma Spice Girl. Mas o documentário vai além. Passa pelo início de sua carreira, incentivada na marra pelo pai que sonhava ser jogador do Manchester United, a vida simples e focada no clube, até a construção da imagem de celebridade ao lado da superfamosa Victoria. Também mostra derrotas, como a expulsão na Copa de 1998, que fez com que o jogador fosse alvo de bullying da torcida inglesa por anos. Se Messi e Cristiano Ronaldo são fenômenos midiáticos, que vão além de suas qualidades em campo, Beckham foi quem deu início a essa mistura entre esporte e celebridade.
(Andrea Freitas, editora)

The Clone Wars (Disney+)
As novas séries do universo Star Wars têm trazido personagens que parecem novos para os fãs dos filmes da franquia, mas que são velhos conhecidos de quem se aventurou pelas muitas temporadas das séries animadas. Por trás dessas séries está David Filoni, que recentemente foi promovido a Chief Creative Officer da Lucasfilm. O melhor lugar para começar o mergulho no que os fãs chamam de filoniverso é a série The Clone Wars. Pode parecer uma tarefa impossível assistir a oito temporadas com mais de 20 episódios cada, mas os episódios são curtos, com cerca de 20 minutos. A série cobre um período de três anos entre o Ataque dos Clones e a Vingança dos Sith. Apesar de os personagens principais serem oficialmente Obi Wan Kenobi e Anakin Skywalker, a série no fundo é a “coming of age story” de Ahsoka Tano, de uma jovem padawan à idade adulta. Quem se encantou com Rosario Dawson fazendo a madura na nova série da Disney+ vai ter a oportunidade de conhecer toda a profundidade daquela personagem.
(Vitor Conceição, CEO)

Planeta dos Abutres (HBO Max)
Moebius aprovaria. Claramente inspirada nos desenhos do maior nome dos quadrinhos de ficção científica, a série deu vida não só ao traço do ilustrador francês, mas também ao seu estilo surrealista. Uma nave de imigrantes espaciais cai em um planeta selvagem onde nenhuma planta ou animal é o que parece ser. Poético, empolgante, assustador e imperdível.
(Heinar Maracy, coordenador de marketing digital)

Succession (HBO Max)
Nada me mobilizou mais do que quem herdaria o império de Logan Roy — e em que termos. O que começou com um deslumbre pela vida problemática de bilionários, que rende uma deliciosa sensação de “sou pobre, mas sou mais feliz”, evoluiu, ao longo das quatro temporadas da série, para uma empatia entremeada com momentos de desprezo pelos herdeiros, numa alternância de torcida por quem deveria dirigir as empresas ou simplesmente se libertar das amarras opressivas daquele sobrenome. Roteiro e atuações espetaculares. Sem hipérbole.
(Flávia Tavares, editora executiva)

Os Pacientes do Dr. Garcia (Netflix)
A série se passa em Madri, de 1936, quando a Espanha estava prestes a entrar no regime franquista. Um médico salva a vida de um espião ferido, o abriga em sua casa e se envolve na luta contra o fascismo.
(Luciana Lima, repórter especial)

Filmes

Meu Nome é Gal
A cinebiografia que passeia pelos primeiros anos da carreira de Gal Costa (1945-2022) foi bastante aguardada e “abençoada” pela própria artista ainda em vida. O filme, que não adentra em muitas controvérsias, é um presente para os fãs de música brasileira. A reconstituição de época é bastante fiel e ajuda a fixar a memória de um momento histórico com poucos e raros registros. A interpretação de Sophie Charlotte consegue captar muitas sutilezas dessa personagem que não está marcada por polêmicas ou por uma personalidade de grandes rompantes, mas sim por sua obra imortal. A produção dirigida por Lô Politi e Dandara Ferreira está disponível para alugar plataformas de streaming Google Play, Apple TV, Now e YouTube.
(Paulo Tothy, editor de arte)

O Mundo Depois de Nós (Netflix)
O Mundo Depois de Nós, disponível na Netflix, poderia se chamar A Soma de Todos os Medos, não fosse este o título de outro filme. Praticamente tudo que apavora uma pessoa moderna está no longa dirigido por Sam Esmail: a completa desconexão da vida online, o dilema de confiar ou não em desconhecidos (com um elemento racial forte no meio), a doença sem acesso a serviços de saúde, a natureza se comportando de forma inesperada e, claro, o aparente colapso da civilização – jamais explicado. Os diálogos de Julia Roberts e Mahershala Ali já valeriam o filme, mas Ethan Hawke também brilha como um bom sujeito que perde o norte diante de uma realidade que não consegue entender. No fim das contas, qualquer lembrança da normalidade, até mesmo uma melodia familiar, é um porto seguro.
(Leonardo Pimentel, editor executivo)

Olha pra elas
Um documentário (trailer) que acompanha a vida de cinco mães que vivem longe dos filhos e privadas de liberdades em penitenciárias brasileiras. Por meio da história destas mulheres, o longa escancara os problemas das questões de gênero no sistema carcerário. Forte e emocionante.
(Maria Eugenia Bofill, analista de redes sociais)

Bottoms (Prime Video)
Demorou só 40 anos, mas o último bastião do patriarcado — a comédia besteirol sobre adolescentes querendo perder a virgindade — finalmente caiu. Bottoms tem tudo que clássicos como Picardias Estudantis e American Pie tinham — nerds, jocks, cheerleaders, humor de quinta série. Com um plot twist: duas protagonistas lésbicas. As sapatonas PJ e Josie montam um falso Clube da Luta na escola com o único objetivo de pegar as gatas dos seus sonhos. O plot simplório é segurado por roteiro, atuações e direção com timing humorístico de dar inveja a Mel Brooks.
(Heinar Maracy, coordenador de marketing digital)

Podcasts

Rádio Novelo Apresenta 
O podcast (Spotify) da produtora Rádio Novelo é apresentado por Branca Vianna e traz a cada semana uma temática diferente, com duas ou três histórias. Além de super interessantes, as narrativas trazem relatos e reflexões do dia a dia, sobre temas que você nem imaginava que gostaria de saber. Se você não sabe por onde começar, o programa criou uma playlist especial para comemorar um ano de vida, intitulada Episódios Essenciais. Da história comovente de como uma deficiente visual criou laços com seu parceiro de vida, o cão guia Café, até a curiosa jornada (que eu aposto que nenhum de nós sabia) de como o chester (sim, a ave, que é servida no natal), chegou ao Brasil, o Rádio Novelo Apresenta é uma gostosa caixinha de surpresas.
(Nathasha Ferreira, editora assistente de conteúdo em vídeo)

Ambiente de Música
Antidepressivo sem efeitos colaterais, esse podcast (Spotify), que já foi secreto, foi o que me salvou nos dias de maior estresse. Lançado em 2021, estreou sua terceira temporada e traz três dos maiores nomes do transporte alternativo — Julinho da Van, Renan de Almeida e Maurílio dos Anjos — discutindo a fundo questões musicais que vão de Jorge Vercillo e aliens a se beijar Axl Rose na boca se assemelha a chupar uma paçoca. Sim, é para quem curte besteirol de altíssimo nível.
(Flávia Tavares, editora executiva)

Ciência Suja
A quarta temporada do podcast (Spotify) foca no colonialismo e no racismo na ciência. Com entrevistas, relatos, fatos históricos, os episódios mostram como a ciência é feita de e para pessoas brancas, além de por muitos anos ter utilizado corpos pretos para experimentos. Verdadeiras aulas.
(Maria Eugenia Bofill, analista de redes sociais)

Medo e Delírio em Brasília
Roteirizado por Pedro Daltro e apresentado por Cristiano Botafogo (beijo, Daltro; Cristiano, seu lixo), o podcast (Spotify) com duas edições semanais é um compilado, bem, delirante do noticiário político com muitas vírgulas sonoras, acidez, humor e teor crítico lá no alto. Não passa pano pra ninguém. Traz também entrevistas e depoimentos e se tornou um queridinho de quem cobre e acompanha política de perto.
(Flávia Tavares, editora executiva)

Livros

PT, Uma História — Celso Rocha de Barros
Biografia do Abismo — Felipe Nunes e Thomas Traumann
Why we’re Polarized — Ezra Klein
The Identity Trap — Yascha Mounk
O ano foi prolífico de livros sobre política — estes são, se não os quatro melhores, quatro que ajudam a explicar como chegamos a este exato momento da história. Celso é simpatizante do PT e não esconde isso em seu livro (Amazon) — mas escreveu uma história honesta do único partido brasileiro que sobreviveu ao desmonte que o sistema político sofreu nos últimos dez anos. Felipe e Thomas mostram (Amazon) os oito grupos nos quais o Brasil se dividiu politicamente. Grupos que estão calcificados e que não dão mostra de que vão arredar de onde estão tão cedo. Ezra mergulha (Amazon) numa explicação desta divisão política por identidades — de gênero, étnica, religiosa ou cultural. Já não são realmente ideias que discutimos, a política se tornou uma rivalidade tribal. E Yascha mergulha (Amazon) não no radicalismo de direita que tanto nos mobilizou, mas na nova ideologia de esquerda que ainda estudamos pouco. É uma ideologia pós-luta de classes que alimenta a extrema direita bem mais do que admite.
(Pedro Doria, editor-chefe)

Elon Musk — Walter Isaacson
Nesta obra (Amazon), Walter Isaacson, o famoso biógrafo, encontrou o tema perfeito. Elon Musk provou ser um gênio ao revolucionar a indústria de automóveis, as viagens espaciais e a internet por satélite. Mas não faltam no livro: dramas, brigas, demissões sumárias, explosões de raiva e de foguetes. Se você acha que Elon é apenas um babaca, leia e provavelmente vai mudar de idéia.
(Tony de Marco, diretor de arte e chargista)

Caminhando com os Mortos — Micheliny Verunschk
O livro (Amazon) conta a história de um crime. Uma mulher é queimada viva para que ela possa se “endireitar”. Na cenário de extrema violência, a autora analisa o ódio pelas mulheres, disseminado pelas religiões, no processo que atravessa a colonização das Américas.
(Luciana Lima, repórter especial)

The Heat Will Kill You First — Jeff Goodell
Ainda sem tradução para o português, este livro (Amazon) é obrigatório para quem quer entender por que o planeta está passando por essas ondas extremas de calor, suas consequências fatais e o único caminho para impedir que a situação se agrave. A obra já foi tema de uma Edição de Sábado (aqui).
(Flávia Tavares, editora executiva)

Música

No Tempo da Intolerância — Elza Soares
O álbum póstumo (Spotify) de Elza Soares é um tesouro para a música brasileira. O único álbum composto pela cantora é atemporal com questões políticas atuais. Ainda tem uma faixa composta por Rita Lee e Roberto de Carvalho, que presentearam não só Elza, mas todos nós.
(Maria Eugenia Bofill, analista de redes sociais)

Chaos & Colour — Uriah Heep
É possível um grupo de rock continuar relevante após 54 anos de carreira, 25 álbuns e dezenas de mudanças na formação? O Uriah Heep, uma da bandas fundadoras do que viria se chamar heavy metal (hoje mais para hard rock), mostra que sim com seu novo trabalho, Chaos & Colour (Spotify). O guitarrista Mick Box, último membro vivo da formação clássica e único integrante a tocar em todos os álbuns da banda, cria sonoridades ao mesmo tempo atuais e conectadas com o passado do Uriah Heep, em boa parte pela presença marcante do órgão Hammond do tecladista Phil Lanzon, parceiro musical de Box desde os anos 1980. Mesmo os ecos da fase mais viajante do grupo nos anos 70 estão ali, em particular na faixa You’ll Never Be Alone. Claro, fãs de nu metal podem torcer o nariz (“Onde já se viu um guitarrista dar solos?”), mas Chaos & Colour é um prazer para quem aprecia rock pesado clássico.
(Leonardo Pimentel, editor executivo)

Belezas São Coisas Acesas por Dentro — Filipe Catto
Dentre as tantas homenagens recebidas, este álbum (Spotify) conseguiu o merecido destaque. Ao se apropriar do repertório de Gal, a artista reconhecidamente compositora assume o posto de intérprete para dar uma voz rock’n’roll a canções de diferentes épocas. A crueza das gravações chama a atenção pela simplicidade arrojada, que eleva o status da obra sem soar mimetizada. Em entrevistas recentes, Catto tem falado sobre seu próprio processo de transição de gênero e destacado em Gal a subjetividade e relevância de ela também ter sido uma mulher LGBTQIAPN+. Por isso mesmo a liberdade é tema fundamental aqui e de certa forma justifica o sucesso do álbum, que tem músicas figurando entre as mais tocadas nas FMs.
(Paulo Tothy, editor de arte)

Transmutação Urbana — Bate Sopra
A fanfarra porto-alegrense Bate Sopra lançou agora em dezembro o primeiro EP (Spotify) com músicas autorais. São cinco músicas que você vai querer escutar no modo repeat. As faixas valorizam os solos dos instrumentos de sopro, e transitam entre uma pegada melancólica até a vontade de querer estar em um cortejo na rua junto com a banda.
(Maria Eugenia Bofill, analista de redes sociais)

Lil Nas X
Lil Nas X já causava em 2019 quando estourou com a canção Old Town Road, batendo recordes na Billboard e Spotify. Lançou apenas um álbum (Spotify), mas tem 16 singles que garantem a alegria de qualquer pista com muito tamborzão e refrões pegajosos. O gato também arrasa nos clipes, um mais quente que o outro.
(Tony de Marco, diretor de arte e chargista)

Newsletters

Lúcidas
Em uma sociedade historicamente permeada pelo machismo, a busca por conexões autênticas entre mulheres tem se tornado cada vez mais vital. A imposição de ideias que as colocam como competidoras e separadas umas das outras fez com que gerações de mulheres repetissem tais padrões, reforçando um estereótipo frágil e errôneo. Criada a partir da necessidade de se falar e refletir sobre o tema da amizade feminina, a newsletter Lúcidas é a porta de entrada de uma plataforma que promete um despertar coletivo para o tema. Criado pela jornalista Larissa Magrisso, o projeto ainda inclui um pacote digital completo, com site, perfis nas redes como o Instagram, e disponibilidade para a interatividade, palestras e encontros presenciais. A curadoria de conteúdo da newsletter é impecável, e o texto, daqueles que deslizam na tela de tão gostosos de se ler. O nome Lúcidas vem de uma historinha muito fofa contada na família da fundadora. A tia-avó de Larissa foi morar em uma instituição para idosos e, ao chegar, identificou uma amiga de longa data. A primeira indagação da parente à mulher foi: “Você está lúcida?”. A gente pergunta: e alguém está?
(Maria Paula Letti, editora executiva)

Correio Elegante do Adão
O Correio Elegante do Adão é recomendado apenas para quem ri do politicamente correto, não se assusta com peladices e tem uma quedinha por tabus. Receba diariamente tirinhas com os personagens de Adão Iturrusgarai (Aline, Homem Legenda, etc), cartuns aleatórios e memórias muito bem escritas.
(Tony de Marco, diretor de arte e chargista)

Torpedo
Quer mais dicas de filmes, séries, músicas e livros? Então assine a newsletter Torpedo, do jornalista Thales de Menezes, que fala com categoria e bom humor sobre tudo isso aí desde os anos 80.
(Heinar Maracy, coordenador de marketing digital)

Games

Overcooked
Fim de ano em família é tranquilo, né? Todo mundo junto, aquela harmonia, nenhuma gritaria. Por isso, Overcooked é a melhor escolha para os parentes sentarem e colocarem à prova seus relacionamentos. O jogo demanda que até quatro jogadores gerenciem uma cozinha, montando pratos, lavando louça, picando alface, apagando fogos, arremessando ingredientes por cima de um lago, entregando macarrão cru para os clientes. Com cronômetro e qualidade, ok? Não dá para entregar um sushi sem arroz e esperar que o resultado seja bom, por mais que isso aconteça. Jogue em família e acabe com o amor entre primos de forma rápida e eficaz. O primeiro que gritar “o arroz vai pegar fogo!” perde. O jogo está disponível na Steam, no Switch, no PlayStation e no XBOX.
(Bruna Buffara, criadora de conteúdo)

Exploding Kittens
Mas digamos que sua família não quer pegar em controles e você precisa de outra maneira para arranjar uma briga amigável. Que tal um jogo de cartas (Amazon)? Exploding Kittens é uma roleta russa com gatos. O primeiro jogador a comprar a bomba do baralho e explodir, perde. Você pode desarmar a bomba, claro, tirando a atenção do gato com catnip ou com laser. Ainda, para evitar a sua explosão, você pode obrigar sua mãe, seu tio chato, ou sua avó confusa com o jogo a comprarem a bomba. Simples assim. Um jogo de traições maravilhoso que garante gargalhadas e briga passivo-agressiva. Um clima essencialmente natalino.
(Bruna Buffara, criadora de conteúdo)

Dordogne
Baixei Dordogne porque era bonito. No jogo, você relembra das férias escolares na casa da vó em Dordogne, no sudoeste da França. A arte toda em aquarela é de ficar admirando. O jogo é bem curtinho, mas está cheio de itens escondidos. Não deixe de ouvir as fitas — elas adicionam um toque emocionante à história. Tem no Game Pass e no Steam.
(Artur Ivo, coordenador de growth)

Maceió, Milei, Dino. O noticiário da semana que despertou mais interesse nos nossos leitores:

1. g1: Como era e como ficou local em que mina da Braskem se rompeu em Maceió.

2. g1: O dedo do meio de Cristina Kirchner.

3. Folha: Você viu o Bolsonaro na foto da posse do Milei?

4. Globo: As principais respostas de Dino e Gonet em suas sabatinas.

5. Meio: Ponto de Partida — Aquele abraço do Moro em Dino.

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O liberalismo ausente

15/05/24 • 11:09

Nas primeiras semanas de 2009, o cientista político inglês Timothy Garton Ash publicou no New York Times um artigo sobre o discurso de posse de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos. “Faltava apenas”, ele escreveu, “o nome adequado para a filosofia política que ele descrevia: liberalismo.” A palavra liberalismo, sob pesado ataque do governo Ronald Reagan duas décadas antes, passou a representar para boa parte dos americanos uma ideia de governo inchado e incapaz de operar. Na Europa continental e América Latina, segue Ash, a palavra tomou o caminho contrário, representando a ideia de um mercado desregulado em que o poder do dinheiro se impõe a um Estado fraco. Não basta, sequer, chamar a coisa só de liberal. É preciso chamá-la neoliberal. Desde final dos anos 1970, já são quarenta anos de um trabalho de redefinição forçada do que é liberalismo, uma filosofia política de três séculos e meio pela qual transitaram algumas dezenas de filósofos e economistas de primeiro time. O sentido do termo se perdeu de tal forma no debate público, que mesmo muitos dos que se dizem liberais não parecem entender que conjunto de ideias representam.

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