O que querem os evangélicos

Carô Evangelista, cientista política e diretora do Iser, explica como a fragmentação do campo evangélico afeta sua visão política e dificulta, mas não impossibilita, a comunicação com os progressistas

A cada nova sondagem de popularidade do governo Lula, conforme sua aprovação cai, a pressão por uma comunicação mais efetiva aumenta. Um segmento em particular vem consistentemente reduzindo sua nota para o petista: o evangélico. E, novamente, cobra-se o presidente e seus articuladores para que a conversa com esse campo seja mais fluida e permanente. Acontece que há alguns erros nas premissas dessa cobrança. O primeiro é acreditar que quando se fala com um líder evangélico, se fala com todos os fiéis. Nada poderia ser mais distante da realidade. “É inerente ao campo evangélico a fragmentação, a subdivisão”, explica Carô Evangelista, cientista política e diretora executiva do Instituto de Estudos da Religião, o Iser. Uma parcela expressiva dos evangélicos se declara “sem denominação”, justamente porque trafega entre uma igreja e outra, sem vínculo formal. Em seguida, no Censo de 2010, vem a categoria “outros”, que engloba milhares de denominações independentes. Alcançar esses pastores de igrejas pequenas e médias seria um dos caminhos possíveis de penetração na rede de comunicação antiprogressista que se formou nesse campo.

O outro é compreender que a bancada evangélica não traduz a totalidade do que deseja o eleitorado evangélico. Por um lado, sim, eles mobilizam e representam sua base, especialmente na chave do medo, incutindo pânico moral de que os valores dessas pessoas estão ameaçados e de que tudo que está errado no mundo é culpa da esquerda. Por outro, os crentes têm suas próprias leituras da vida, do mundo e da política. As mulheres periféricas evangélicas, por exemplo, são muitas vezes chefes de família, com três, quatro empregos. “Elas olham ao redor. Se forem convencidas de que, independente dessas ameaças, as políticas públicas estão avançando e a vida delas está melhorando, elas mudam o voto. Como já mudaram”, diz Carô. A pesquisadora faz questão de, antes de falar do cenário atual, traçar o histórico do envolvimento dos evangélicos na política. É com base nele que ela assegura: “O apoio a Lula no passado foi pragmático. A adesão ao bolsonarismo, não. Foi um casamento”. Confira os principais trechos da entrevista.

Os evangélicos não são um bloco homogêneo, uníssono. Ao mesmo tempo, politicamente, eles parecem cada vez mais agir e votar em bloco. A reprovação a Lula e o apoio a Bolsonaro contam com maiorias maciças nesse segmento. Como entender esse público?
Nós nos fazemos essa pergunta também. É importante o filme e não só a foto do momento atual ou desde a eleição de 2018. O Iser tem mais de 50 anos e nós fizemos uma espécie de “censo” evangélico nos anos 1990. Foi quando começou o crescimento da população evangélica no Brasil de forma mais acelerada. Fomos a campo entender o que é ser evangélico no Brasil, o que isso significa para a política e o cotidiano das famílias. Visitamos mais de 20 mil residências no Rio de Janeiro. É inerente ao campo evangélico protestante uma intensa fragmentação. Normalmente se pensa na forma de organização da Igreja Católica, una, hierárquica. Mas vale lembrar que a própria reforma protestante é uma subdivisão do cristianismo. A lógica de separação é o DNA desse campo tanto na forma de se organizar institucionalmente como na forma de se instalar nos territórios. E também de dar mais autonomia para as pessoas se relacionarem com sua fé de maneira individual e descentralizada.

O que caracterizou esse crescimento?
O crescimento das igrejas evangélicas acontece a partir das periferias urbanas e se mistura com a modernização brasileira, mas com uma modernização autoritária, no regime militar. Tem uma conexão popular e uma proposta de as pessoas terem acesso à leitura da Bíblia mais simples e fácil. Também propõe uma conexão mais direta com o sagrado. Esse DNA de capilaridade e de descentralização vai imprimindo uma heterogeneidade. As Assembleias de Deus, a maior denominação evangélica no Brasil, também têm subdivisões. Esse caráter dividido acontece inclusive quando olhamos para o bloco político.

De que forma essa divisão afeta a visão política do grupo?
A divisão sempre persiste. E vou sempre falar em termos de base e de quem faz a interlocução política. Esse estudo dos anos 1990 já mostrava que a política estava muito presente nos templos evangélicos e que isso fazia a diferença no voto das pessoas. Isso não quer dizer que o que o pastor fala o fiel faz, como se fosse um movimento absoluto, unilateral. Não é isso. Mas aquela pessoa frequenta aquele espaço institucional com muito mais assiduidade do que no mundo católico, majoritariamente de “não praticantes". Então, quando a política entra nos templos, isso faz diferença na leitura política e no voto de quem está naquele espaço. Foi pós-Constituinte no Brasil que o mundo institucional evangélico começou a se organizar de maneira mais explícita e sistemática para eleger seu representantes. Antes da Constituinte, existia um bordão: crente não se mete em política. Depois, o mais disseminado foi “irmão vota em irmão”.

O que mudou ali?
Havia uma interpretação de que a nova Constituição seria progressista demais e que a Constituinte seria dominada pela Igreja Católica. Houve uma reação ao avanço progressista no sentido das agendas, numa chave mais moral, porque as lideranças evangélicas também queriam o avanço das políticas públicas, com saúde universal e educação de qualidade. É o que sua base quer também. Mas foi principalmente uma reação à ameaça de retorno da influência da Igreja Católica. O campo evangélico estava crescendo em termos de filiação religiosa na sociedade e, portanto, querendo mais espaço na política. "Temos voz, voto. Não vamos deixar que apenas representantes de outros segmentos religiosos estejam refletidos na nova configuração da República brasileira.”

O envolvimento político dos evangélicos é reativo, então?
Reação e teorias da conspiração são dois termos muito importantes para a interface desse campo com a política. Sempre é um movimento de reação e sempre é um movimento a partir de alguma teoria da conspiração, que pode ter menos ou mais lastro na realidade. Nesse caso, foi uma reação e uma organização sistemática, especialmente das Assembleias de Deus e da Igreja Universal do Reino de Deus, de usar sua máquina para começar a eleger seus representantes. Isso vem acontecendo há mais de 30 anos, o que dá dez legislaturas do Congresso Nacional.

Essa representação política dos evangélicos só cresceu. Mas ela nunca explodiu. É um crescimento paulatino, especialmente dessas denominações organizadas.

São as maiores?
A Igreja Universal não tem o maior número de fiéis do Brasil. Com os dados do Censo de 2010 [o de 2022 ainda não divulgou esse recorte], dos cerca de 30% da população que se declararam evangélicos, somente 4% eram da Universal. Em comparação, 29% eram das Assembleias, o maior percentual. Na sequência, vêm os que se dizem sem denominação — e esse dado é muito importante. As pessoas são evangélicas, mas dizem não pertencer a nenhuma igreja específica. Elas vão a variadas denominações e não se vinculam formalmente. Insistimos nisso desde 2018 para desmistificar essa história de que quando um pastor fala, ele fala com todo mundo.

Mas há líderes mais representativos, não?
Claro que não se pode subestimar as redes sociais nem o poder da comunicação. Então, quando Silas Malafaia fala, ele não alcança apenas fiéis da sua igreja. Está falando com um campo mais amplo, como pessoa comunicadora. Só que no censo, depois dos “sem denominação“, vem “outros”. São milhares de outras denominações. Pequenas e médias igrejas são as mais relevantes no Brasil. Agora, como força eleitoral, são três as mais relevantes: Universal, Assembleias e as igrejas batistas.

Politicamente, além da reação à influência católica, o que une essas denominações?
Inicialmente nem era uma agenda tão ideológica, de direita. Era muito mais uma luta por espaço. Havia um especial interesse em concessões de rádio e televisão, que se concretizaram a partir do final dos anos 1990, nos governos Fernando Henrique e Lula. Com o tempo, as igrejas entenderam as regras do jogo eleitoral. Elas organizam suas listas de candidatos de maneira muito objetiva. A Universal, por exemplo, tem uma estratégia clara de mapa eleitoral. E estão tendo muito sucesso para eleger representantes com uma demanda corporativa e corporativista, não necessariamente refletindo a amplitude da leitura do que sua base quer como política pública. Naquele começo, os eleitos defendiam os interesses dessas igrejas para elas funcionarem, se perpetuarem e crescerem. E as tais agendas morais, muito mais na linha de não deixar que o liberalismo avançasse do que na de propor uma agenda teocrática para o Brasil.

O que explica o fato de Lula ter recebido apoio de evangélicos para se eleger lá atrás?
É por isso que é fundamental fazer essa linha do tempo. A Frente Parlamentar Evangélica se constitui no Congresso Nacional em 2003, logo no primeiro ano do governo Lula. Eles se organizaram para fazer oposição ao governo de esquerda. Isso é declarado, não é uma suposição. Eles ajudaram a eleger Lula, mas deixando claro: "vamos apoiar por que esse governo vai promover justiça social para a nossa base. Mas a gente sabe que o PT e seus aliados não têm uma agenda do que defendemos como segmento evangélico”. Essa proximidade do campo evangélico institucionalizado com os governos Lula nunca foi um casamento. Foi um apoio pragmático, condicionado e com benefícios dos dois lados. Com o governo Bolsonaro, sim, foi um casamento.

Existe um senso comum de que as igrejas ocuparam vazios deixados pelo Estado. Como você avalia isso?
Não é uma coisa linear, absoluta, de só existirem igrejas evangélicas em determinado local por haver ausência do Estado. Primeiro, a ausência do Estado nessas regiões se dá para algumas políticas, mas tem uma enorme presença do Estado para outras. Agora, é importante entender que as pessoas se filiam ou se convertem por fé, pertencimento, engajamento, reconhecimento. Não é só por assistência social. É também, mas não só. As igrejas fornecem serviços, sim, e isso é muito valorizado pela base. Mas acreditar que é só por isso é supor que onde tem igreja evangélica é onde há carência de políticas públicas, especialmente de acesso à educação, e que ali existe uma página em branco. Quem chegar primeiro leva. Isso é um preconceito de classe e de raça.

A base evangélica distingue esses papéis?
As pessoas têm leituras de suas vidas. Elas têm desejos, medos, planos. Lembrando que as igrejas evangélicas são mais próximas das pessoas, popularizaram a leitura da Bíblia, que, em muitos casos, foi o que as alfabetizou. Também não dá para dizer que elas não preencheram e ainda preenchem uma certa lacuna do Estado. Uma de nossas pesquisas anuais, com mulheres evangélicas de classe C e D do Brasil todo, mostra o que elas valorizam: igreja e Estado, sim; política e religião, não. Isso é uma sistematização que fizemos a partir do que ouvimos delas. Elas sabem que a escola onde os filhos vão é responsabilidade do Estado, e querem escolas melhores. A mesma coisa com hospitais.

Mas elas também sabem que diversos outros serviços sociais, como atendimento e acolhimento de mulheres vítimas de violência doméstica, alfabetização de jovens e adultos, atividades extracurriculares, formação de jovens para o mercado de trabalho, isso tudo é feito, onde elas estão, pelas igrejas — pequenas, médias e grandes. Para elas, isso também é política pública e ação social. E elas falam: “a gente entende que a igreja e o Estado deveriam agir mais conjuntamente para o fornecimento desse serviços, seria muito melhor para nossas vidas”. Ao mesmo tempo, elas fazem parte da igreja evangélica porque querem viver a fé, ir ao culto, congregar com seus irmãos de fé. Quando tem muita política nos templos, elas não gostam.

Foi pragmatismo dos líderes de algumas denominações buscar crescer suas bases levando a política para o culto ou foi um movimento natural?
A Igreja Universal do Reino de Deus tem um projeto de ocupar os três Poderes. Basta ler o livro de Edir Macedo da década de 1990, está tudo escrito lá. É literal, o título é “Plano de Poder". Agora, esse campo todo briga. A Igreja Universal briga com as Assembleias de Deus, que brigam com Malafaia, que briga com a Sara Nossa Terra. Tem um texto que mostra que o campo evangélico tentou várias vezes na história democrática recente ter uma organização representativa única, nos moldes de uma CNBB. Nunca conseguiu. Em toda legislatura existe disputa na eleição da presidência da Frente Parlamentar Evangélica. Eles não têm acordo. Então, precisamos falar de projetos de poder, no plural. Sim, algumas igrejas têm um plano de aumentar o número de representantes para aumentar seu poderio econômico, no sentido indireto, de ter mais fiéis, aumentar sua capilaridade, seu trânsito nos corredores do poder. Mas isso vale para todos os segmentos: o agro, as big techs. Não é exclusividade do campo religioso, do campo evangélico. E não é necessariamente um plano de poder de transformar o Brasil num Estado teocrático.

Mas a fé vira arma e ferramenta política.
Exatamente. E, depois de 2010, essa ferramenta política foi crescendo a sua força de chantagem para cima dos governos progressistas. Fizemos uma pesquisa de campo, no governo Lula 2, e quais, por acaso, foram os dois personagens que a nossa publicação de 2008 destacou no Congresso como centrais nessa reação? Damares Alves e Jair Bolsonaro. Damares era assessora parlamentar da Frente Parlamentar Evangélica. E Bolsonaro, um deputado do baixo clero, escolhido pela frente e pela bancada católica para ser o porta-voz desses parlamentares nas audiências no Congresso contrárias ao Plano Nacional de Direitos Humanos 3.

Acabou acontecendo uma sobreposição com a bancada da bala. Como as mulheres periféricas, que querem ver seus filhos mais seguros, mas não vitimizados por uma polícia violenta, equacionam isso?
Elas identificam a crise econômica, a crise aguda de violência. Mas o campo progressista não consegue explicar como chegar lá, o que quer melhorar na vida das pessoas. Tem um lado dizendo “olha, para chegar lá, é com mais punição, prisão, precisa de mais polícia na rua”. Se o outro lado não está entregando o que promete… Foi isso que aconteceu com a eleição do Bolsonaro em 2018. Não foi uma eleição com base na agenda moral, e sim na insatisfação das pessoas. Eram quase 15 anos de governo do PT. As pessoas estavam vivendo inúmeras crises econômicas, de segurança pública, e ainda com a a forte agenda da corrupção, que é percebida como “a corrupção desviou dinheiro e a minha vida está pior porque não tem investimento". Tem muitas qualitativas que mostram isso. Bolsonaro é eleito e instrumentaliza a religião para se eleger. Mas não só, ele foi apoiado por muitos.

O campo ultraconservador brasileiro olhou para o campo religioso organizado na política e percebeu que podia se aliar e multiplicar forças. Foi um casamento perfeito, um amálgama, e Bolsonaro é seu representante quase perfeito.

Ainda é?
Sóstenes Cavalcante, um deputado clássico da frente evangélica do Rio, já no terceiro mandato, é um exemplo cristalino de como a aliança não é mais puramente fisiológica. Mesmo com Bolsonaro mais tóxico, ele não recuou, dobrou a aposta. Não se dispôs a fazer um discurso de aproximação do governo de ocasião, de conciliação. Sóstenes virou um grande porta.-voz das forças bolsonaristas, porque sabe que não é mais só sobre Bolsonaro, é sobre um campo ultraconservador que se ampliou. E que tem apoio internacional. Então, essas forças não vão recuar.

Pensando nos quatro eixos de preocupação do eleitorado, saúde, segurança, economia e corrupção, o governo Bolsonaro não foi objetivamente bom. Mesmo assim, a maior parte dos eleitores evangélicos se manteve fiel ao bolsonarismo. Por quê?
Houve, sim, uma migração do voto evangélico e ele é responsável pela eleição do Lula. Se fosse uma eleição tão blocada como 2018, Lula não teria ganho. O Brasil não produz dados amostrais das eleições em quantidade suficiente que permita que se cruze religião, gênero, raça. É terrível isso. De qualquer forma, teve uma migração, especialmente no eleitorado feminino evangélico. Isso passa pela pandemia. Bolsonaro não podia mais, como em 2018, dizer que não tinha nada a ver com isso. Agora, desde 2010, um pouquinho antes, uma rede de intermediários, de mensageiros está fazendo uma comunicação sistemática, cotidiana com a base para responsabilizar as forças progressistas por tudo que acontece de errado. Não importa se melhorou pouco, muito ou se piorou. Essas lideranças estão na ponta dizendo que é tudo culpa do “esquerdismo”. Mas a população não é tola. E 60% das mulheres são chefes de família. Elas têm quatro empregos, olham ao redor. Se forem convencidas de que, independente dessas ameaças, as políticas públicas estão avançando e a vida delas está melhorando, elas mudam o voto. Como já mudaram.

Há como influenciar essa rede de comunicação antiprogressista?
Entre esses mensageiros, existe um núcleo duro que é radical politicamente se transformou numa força bolsonarista quase imutável. Não tem como saber se eles correspondem a 15, 20%, como no eleitorado. Mas tem uma massa de lideranças que não estão radicalizadas. Assim como no resto da sociedade. São milhares de pastores pequenos e médios, que têm dois empregos, são trabalhadores, têm suas lojas. Só que eles não são vistos pelas forças progressistas. Jornalistas, acadêmicos, professores, ONGs de direitos humanos, nós não vamos falar com eles.

E por que não?
Há muito medo de que, ao se reunir com um líder religioso, o progressista esteja se transformando numa pessoa menos laica. Isso não é verdade. Depende do que se faz com isso. Fazer uma reunião política com um líder num espaço religioso, fazer um projeto social em parceria com uma liderança religiosa ou com um estabelecimento religioso não faz uma pessoa, uma organização, um grupo mais ou menos laico. Por que pode fazer parceria com a Igreja Católica, ter projetos sociais de distribuição de alimentos, crucifixo em prédio público, e com evangélico não pode? Claro que é muito mais difícil, dá mais trabalho, porque o campo é fragmentado, tem de conversar com milhares de pastores nos territórios. Mas não vejo outro caminho.

A opção do governo Lula 3 de se abster da pauta de valores e oferecer mais benefícios fiscais às igrejas chega na ponta?
Não, não chega. A bancada evangélica quer nos fazer crer que essa população está pedindo só religião. Mas ela está pedindo outras coisas. Na medida em que elas mobilizam a identidade religiosa e garantem estar falando em nome do povo cristão, essa população se sente representada. Mais pelos medos do que pela perspectiva de futuro. Medo de não ter os seus valores garantidos, protegidos pelo Estado. É por isso que os parlamentares evangélicos batem tanto nessa tecla e usam isso como como arma política de chantagem com relação a políticos progressistas. Eles dizem “olha, para a população evangélica, é só isso que importa. Se vocês não atenderem as nossas demandas, eu vou continuar dizendo para a população evangélica que vocês são comunistas, do mal". Mas a população não se sente representada necessariamente porque tem lá um político evangélico. Se fosse assim, a bancada evangélica seria muito maior, porque a população evangélica está chegando a quase 40% da população no Brasil.

O quanto as declarações de Lula sobre Israel e de Gleisi Hoffmann sobre pastores afastam esse eleitorado e afetam a aprovação do governo?
Nunca uma fala em s de forma absoluta determina essa queda. Ela no máximo fortalece. É como uma gasolina ou um catalisador no que já estava sendo preparado. No segmento evangélico, essas declarações do governo do PT, um partido de esquerda, ou de uma força política progressista já acontecem num terreno que está sendo semeado constantemente na chave do antiprogressismo e anti-Lula em muitos espaços religiosos. Qualquer declaração que tenha mais aderência nessa base temática, seja do sionismo cristão, do Israel Imaginário, seja alguma pauta moral, é rapidamente trabalhada também via redes sociais, via comunicação digital. Isso acontece como um rastilho de pólvora. Essa informação circula no meio evangélico somada às fake news. Mas muitas vezes já com algum lastro, com alguma relação com essas pautas que são importantes para esse segmento. O famoso “grupo de oração” virou um grupo de WhatsApp. Por isso, é importante uma comunicação direta com a base da sociedade, com a base evangélica, seja do governo, do PT ou de uma liderança progressista na política.


*Editora executiva de conteúdo premium

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24/04/24 • 11:00

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