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Edição de Sábado: Lições sobre a polarização

Foto: Juca Varella/Agência Brasil

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Há quem considere que chegamos a um nível de polarização intransponível. Há quem resista à noção de polarização por negar que os extremos sejam equivalentes. Há ainda quem responsabilize sempre o outro pela situação. Só não há quem ignore que o Brasil vive um momento de divisão acentuada — e que, ao interditar o diálogo, essa cisão corrói a qualidade da nossa democracia.

Compreender o que nos polariza politicamente é o único caminho para superar esse afastamento. Pensadores de diferentes formações vêm se dedicando à tarefa de investigar, por meio de pesquisas, a polarização no Brasil. O Meio ouviu os quatro maiores especialistas no tema para extrair lições que possam iluminar as portas de saída.

Pablo Ortellado é filósofo, professor de Gestão de Políticas Públicas na Universidade de São Paulo e diretor-executivo da More in Common Brasil. Felipe Nunes é cientista político, CEO da Quaest e diretor do ConnectLab, novo laboratório de estudos da escola de economia da FGV-SP. Mauricio Moura é economista, fundador do Instituto Ideia e professor da Universidade George Washington. Renato Meirelles é comunicólogo, escritor e presidente do Instituto Locomotiva. Todos esquadrinham, indo a campo, o que nos divide. Aqui, eles apontam algumas de suas conclusões.

Ortellado e Nunes concentram seus achados na polarização afetiva, a divisão que supera aquela diferença de opiniões e de preferências partidárias, saudável num ambiente democrático. Ambos oferecem dados inéditos de suas pesquisas para explicar o movimento de calcificação de identidades que torna o outro, o diferente, tão ameaçador — e, portanto, um inimigo a ser eliminado.

Moura e Meirelles analisam os efeitos eleitorais dessa cisão. A maneira binária como o Brasil elege presidentes da República, em dois turnos, e a onipresença do PT e de Lula, direta ou indiretamente, desde 1989 consolidaram os polos entre petismo e antipetismo — mas há alguma porosidade a ser explorada entre as duas pontas. A seguir, alguns dos principais pontos das conversas com os quatro pesquisadores.

O outro como a negação de mim

Há sete anos, o Brasil fervia às vésperas do segundo turno que levaria Jair Bolsonaro à Presidência da República. No dia 21 de outubro de 2018 — exatamente uma semana antes do pleito —, o Hino Nacional ecoava na Praia de Copacabana. Um buzinaço atravessava todas as faixas que ligam o Museu da República ao Congresso Nacional em Brasília. E, em São Paulo, a Avenida Paulista se tingia de verde e amarelo.

Agitando o público paulistano, falando pelo telefone — ele estava em casa de casa se recuperando da facada —, Bolsonaro bradou: “Petralhada, vai tudo vocês (sic) pra ponta da praia. Vocês não terão mais vez em nossa pátria porque eu vou cortar todas as mordomias de vocês. Será uma limpeza nunca vista na história do Brasil”. Seu discurso foi entrecortado pelos gritos dos manifestantes: “Mito, mito, mito!”.

Aquele era, essencialmente, o mesmo público que se reunira um ano antes em apoio à Lava Jato. Mas algo havia mudado no âmago do movimento.

Em março de 2017, no ato liderado por Vem Pra Rua, Movimento Brasil Livre (MBL) e Revoltados Online, apenas 31% dos manifestantes se definiam como de direita. Outros 27% se colocavam no centro; 4% se diziam de esquerda, mas estavam ali. A maioria, 36%, não se encaixava em nenhum espectro. Nem mesmo os valores os uniam: 47% se consideravam muito conservadores, 34% pouco e 15% nada conservadores. O que realmente os conectava era o antipetismo: 85% se reconheciam nesse sentimento.

Em outubro de 2018, a autopercepção dos manifestantes da Paulista havia mudado. A direita dominava: 72% se declaravam assim. O centro minguara a 17%. A esquerda sumiu daquela cena. Apenas 9% continuavam sem se encaixar em nenhum lado. O antipetismo cresceu ainda mais: 91% eram muito antipetistas, 5% pouco e 3% nada. Nos costumes, 74% se diziam muito conservadores, 23% pouco e apenas 2% nada conservadores.

Com o passar do tempo, ser de direita, conservador e bolsonarista foi se consolidando em uma única identidade. Numa outra manifestação, em setembro de 2022, 82% dos entrevistados já se reconheciam no campo da direita (3% permaneciam no centro e outros 3% continuavam fora de qualquer etiqueta política); 80% muito conservadores, e 77% muito antipetistas.

Os dados colhidos pelo Monitor do Debate Político da USP revelam que, nesse intervalo, os manifestantes afinaram suas identidades políticas. O que antes se apresentava como um levante antipetista, mas diverso, passou a movimento alinhado: mais do que antipetistas, aquelas eram pessoas de direita e conservadoras. E essa, segundo Pablo Ortellado, é uma das chaves para entender a polarização.

Primeiramente, ele observa que há dois tipos de polarização que preocupam mais os cientistas sociais. A primeira é a polarização de opinião, que mede a migração gradual da opinião pública para os extremos. A segunda, e mais alarmante, é a polarização afetiva. “É a animosidade de quem adota uma identidade por quem adota a identidade adversária”, explica. “É a ojeriza e o desgosto de uma pessoa de esquerda por uma de direita — e vice-versa.” O problema, segundo ele, é que os estudos recentes indicam que a polarização afetiva tem avançado mais rápido do que a de opinião.

Na tentativa de compreender esse descompasso, Ortellado se apoia nos estudos da cientista política americana Lilliana Mason, da Universidade Johns Hopkins. Suas pesquisas se enraízam na Teoria da Identidade Social, desenvolvida a partir de um experimento clássico conduzido em 1971 pelo psicólogo britânico Henri Tajfel.

Tajfel provou, num experimento, o quanto o simples fato de pertencer a um grupo já bastava para que as pessoas favorecessem “os seus” e hostilizassem “os outros”, mesmo sem motivos concretos.

Mason transpôs essa lógica para o campo político. Até os anos 1990, media-se a polarização apenas pela radicalização das ideias. O afastamento das opiniões para os extremos parecia bastar para explicar o todo. Mas, em meados de 2010, ela notou que as peças não se encaixavam. Sim, as opiniões estavam mudando, se radicalizando. Só que este deslocamento aos extremos se dava lentamente, enquanto a hostilidade entre os grupos crescia rapidamente.

“Era muito comum a pessoa ser republicana e liberal, ou conservadora e democrata”, lembra Ortellado. Essas identidades cruzadas, as sobreposições, funcionavam como amortecedores. Impediam o choque direto entre mundos. Havia zonas de contato, frestas por onde o outro ainda parecia humano, familiar, possível.

Com o tempo, essas frestas se estreitaram. As identidades começaram a se cristalizar, a se empilhar umas sobre as outras até formarem blocos densos, compactos. A lealdade ao grupo cresceu — e, com ela, o reflexo automático da hostilidade. O outro deixa de ser apenas alguém que pensa diferente: virou a negação de tudo o que sustenta o meu mundo. E, por isso, passa a ser visto como uma ameaça à minha própria existência.

Ortellado vê o mesmo processo em curso no Brasil — e embasa essa percepção com dados inéditos, que compartilhou com o Meio. Alguém que antes se dizia apenas antipetista, ao se reconhecer também como de direita e conservador, passa a fazer parte de uma constelação inteira de identidades alinhadas. E, dentro desse alinhamento, o confronto ganha potência. “A vida é um mosaico de identidades. Quando elas se equilibram, os efeitos são suavizados.” Mas, segundo o professor, atravessamos um momento em que o movimento é inverso: o mosaico está sendo fundido em um bloco único. As peças se colam, e seus efeitos não apenas se somam. Se amplificam.

Para testar a hipótese, a More in Common, em parceria com a Quaest, convidou participantes a se posicionarem em três eixos: esquerda ou direita, bolsonarista ou petista, progressista ou conservador. Depois, pediram que avaliassem o quanto gostam ou desgostam dos pares e dos opostos. O resultado demonstrou que, quanto mais coerentes e alinhadas as identidades, maior o ódio ao grupo adversário.

Mas que adversário? Outra pesquisa, feita em São Paulo, buscou desenhar o rosto desse ódio. Os entrevistados foram convidados a se definir ideologicamente e a definir os grupos no polo oposto. “Cada grupo projetou no adversário aquilo que nega em si mesmo”, explica Ortellado.

Na prática, as descrições ficaram assim: a direita, em sua maioria (36%), se vê como guardiã da família, da ordem e dos valores tradicionais. Mais 22% se enxergam como pessoas de bem, contra a corrupção e os bandidos. E como eles veem a esquerda? Para eles, 17% são contra a família, a ordem e os valores tradicionais; e 12% são corruptos, bandidos e a favor da corrupção.

Do outro lado, ficaram assim: 56% da esquerda se define como defensora dos trabalhadores e dos mais pobres. Mais 38% são a favor dos direitos humanos e do direito de mulheres, negros e população LGBT. E como eles veem a direita? Para eles, 22% são capitalistas, ricos ou egoístas e a favor das desigualdades sociais; e 16% são contra os direitos humanos ou contra o direito de mulheres, negros e população LGBT.

Ortellado traduz o que esses números expressam: “Quando você projeta no outro a negação de si mesmo, ele deixa de ser apenas alguém diferente. Vira uma ameaça existencial. Não enxergamos a diferença, mas a contradição. Ou melhor: nem enxergamos — imaginamos. E o outro se torna, na nossa cabeça, o oposto absoluto de quem somos”.

A ferocidade do outro

A reação a uma ameaça depende também da dimensão atribuída a ela. Quanto maior o medo, maior a energia empenhada na autoproteção e no contra-ataque. Um dos efeitos da polarização que o Brasil vive apareceu em uma parte ainda inédita da pesquisa Polarização Política no Brasil - 2025. O estudo foi coordenado pelos professores Felipe Nunes, Nara Pavão, Fred Batista e Natalia Bueno, todos pesquisadores do ConnectLab, da FGV.

“A polarização afetiva só existe porque eu tenho medo de que o outro seja uma ameaça a mim”, explica Nunes. Essa percepção de ameaça acaba sendo um terreno fértil para a desumanização do outro. Para se ter uma ideia do grau que isso atinge, os pesquisadores incluem entre as perguntas uma sobre em que grau de evolução estaria o grupo político oposto ao seu. Eles usam aquela foto que todos já vimos na escola, da evolução humana representada do macaco ao Homo sapiens. Lulistas colocam os bolsonaristas na escala macaco. Bolsonaristas fazem o mesmo com lulistas. Todos se veem como mais evoluídos, e isso mostra que o Brasil está num padrão parecido com o dos Estados Unidos de desumanização do outro.

Além disso, cada grupo numa das pontas percebe a si próprio maior do que realmente é. A pesquisa faz questão de segmentar os grupos de maneira a identificar e dimensionar os polos, separando-os dos campos maiores em que eles estão inseridos. Assim, nas proporções autodeclaradas, os lulistas são 20% dos entrevistados. Aqueles da esquerda não-lulista são 15%. Os bolsonaristas são 13%. A direita não-bolsonarista chega a 22%. E os que não se identificam com nenhuma ideologia, os independentes, são 29%. “Ou seja, o lulismo é maior do que a esquerda. A direita é maior do que o bolsonarismo. Isso diz muito sobre como o bolsonarismo consegue ser ruidoso dentro da direita, mesmo não sendo majoritário, e como a esquerda identitária consegue ser ruidosa, mesmo não sendo majoritária na esquerda.”

Mas Nunes e seus colegas queriam extrair mais dessas autopercepções e passaram a perguntar também o seguinte: Qual você acha que é o tamanho do bolsonarismo na sociedade brasileira? E o do lulismo?

A surpresa foi grande. Os lulistas acreditam ser 41% da sociedade, quando são 20%. Do outro lado, os bolsonaristas acham que são 46% do Brasil, quando são 13%. Ambos subestimam grandemente os independentes. As percepções de tamanho de cada segmento estão totalmente distorcidas.

E os pesquisadores foram além. Questionaram ainda sobre o que cada grupo acha que o outro lado quer fazer com o seu. Mais de 80% dos lulistas acreditam que bolsonaristas apoiam a violência contra o seu grupo. A estatística se repete na mão contrária. Na prática, estão todos achando que são muitos e que o lado de lá quer atacar. “A polarização existe na cabeça dos brasileiros. Há uma crença equivocada de que seu grupo é ‘fortão’. Mas por que a polarização persiste na cabeça das pessoas? Porque temos medo que o outro grupo possa nos atacar. Todo mundo, mesmo os independentes, tem medo de que o outro, qualquer outro, faça algo para lhe prejudicar", acrescenta Nunes.

Seria possível imaginar, então, que conforme o líder de um dos polos se retire do cenário político-eleitoral, já que Jair Bolsonaro está inelegível e preso, essa polarização diminua?

Nunes não é otimista aqui. Isso porque, para ele, grande parte da polarização que o Brasil vive tem uma fonte institucional importante, que é o sistema eleitoral brasileiro de dois turnos. No livro Biografia do Abismo, que escreveu com Thomas Traumann, já havia começado a explorar a diferença de polarização em sistemas presidenciais de primeiro turno e de segundo turno. “ O segundo turno reforça a tese de que você, eleitor, tem de ter um lado e força esse eleitor a escolher o time logo no primeiro turno, abrindo mão do voto sincero e já adotando o estratégico.”

A decorrência é que há um padrão recorrente de votação nos municípios, nos estados, e que está tornando cada vez mais difícil mudar a opinião das pessoas, porque, quando vestem uma camisa, elas sentem a obrigação de defender aquele time mesmo depois que o jogo já acabou e se ele não for tão bem. “Essas camisas estão sendo vestidas cada vez com mais antecedência e mais constância”, diz Nunes. Prova disso é que o índice de correlação de uma eleição anterior para outra, na comparação de urnas, beira os 95%. Ou seja, se o PT teve 800 votos numa urna, numa eleição, ele tende a ter 800 nessa urna na eleição seguinte. “A identidade de time, de grupo, reforçada pela ameaça de que o outro grupo pode te aniquilar, é tão forte hoje na mentalidade brasileira que isso está calcificando preferências eleitorais. Mesmo sem Bolsonaro, mesmo sem Lula, a gente tende a ter uma certa organização da política em torno dos afetos a essas duas lideranças.”

O antipetismo como vetor

E se tem um afeto que polariza é o antipetismo. É em torno dele que o Brasil se divide, ao menos eleitoralmente, na visão de Mauricio Moura. Ao destrinchar o conceito de polarização, ele revisita a ameaça existencial citada por Ortellado, a desumanização por Nunes e reforça a camada da rejeição.

“Ao demonizar o opositor, o eleitor vai para a urna convicto de que qualquer coisa é melhor do que o adversário. É o que chamamos de batalha de rejeições. No Brasil, isso se potencializa pelo sistema binário de escolha. Não temos apenas dois partidos, mas temos um segundo turno que obriga o eleitor a transitar entre um polo e outro", explica Moura. Ele argumenta que o parlamentarismo tende a frear isso. Na Alemanha, por exemplo, há uma extrema direita crescente, mas ela não governa o país justamente pelo sistema parlamentarista — assim como na Holanda.

O binarismo brasileiro se dá, para Moura, com o agravante de que Lula e o PT estão na urna, no segundo turno, de alguma maneira desde 1989. “Isso faz com que seja muito difícil encontrar alguém que não tenha uma opinião forte sobre Lula e PT, certo? Seja uma opinião anti-Lula ou anti-PT, seja uma opinião favorável.” E, embora a polarização nas eleições estaduais seja bem menos acentuada, com maior trânsito dos eleitores entre os grupos, como elas coincidem com as presidenciais acabam contaminadas.

Ficando estabelecido que em um polo está o PT ou o lulismo, no outro, sabemos que o bolsonarismo, em si, tem uma representatividade perto dos 13%. Mas ele conta, a cada nova eleição, com o que Moura chama de “antipetismo de chegada". Já no primeiro turno, eleitores abriram mão, em 2018, de votar em Geraldo Alckmin, Ciro Gomes e qualquer outro, apenas para votar em quem tinha mais condição de derrotar o PT. Em 2022, idem. E, assim, o polo bolsonarista parece se fortalecer, mas o que dita mesmo o polo oposto é o antipetismo.

Moura admite que Lula é maior que o antipetismo, tendo testemunhado aquele estranho fenômeno de pessoas que diziam, em 2018, que votariam em Bolsonaro só porque Lula não era o candidato. O que acontece, então, se Bolsonaro sai de cena? O grande desafio do lulismo, no ciclo de 2026, é mobilizar seu eleitorado a ir votar, diz Moura. Afinal, sempre que se trata de uma tentativa de reeleição, o presidente incumbente é o protagonista. A pergunta que polariza é se aquele presidente deve permanecer no cargo.

Ocorre que, tradicionalmente, incluídos no alto índice de abstenção, estão eleitores de baixa renda e baixa escolaridade, perfis que tendem a votar no PT. Não raro, as pesquisas indicam o candidato lulista na frente por mais de 10 pontos e, no dia da eleição, ele ganha por 3 ou 4. “E na segunda-feria todo mundo diz que as pesquisas erraram. Não se trata disso. Só que muitos daqueles que diziam que votariam no candidato do PT simplesmente não comparecem.”

Além disso, há uma pequena massa de insatisfeitos, ali na casa dos 3%, que não entram automaticamente na lógica da polarização, a serem conquistados. Sim, para Moura, ela é pequena assim. Do ponto de vista quantitativo, a prova disso é que, quando se pergunta ao eleitor de Bolsonaro no segundo turno qual a avaliação do governo Lula, a resposta é taxativa. “Não tem ninguém que votou no Bolsonaro que aprova esse governo. E isso independe de elas serem bolsonaristas convictas.” Hoje, embora em alta, a aprovação de Lula é menor do que a do primeiro trimestre do governo. O teto dele é baixo.

A porosidade eleitoral

Se à primeira vista a polarização parece um muro intransponível, Renato Meirelles insiste em procurar as brechas. À frente do Instituto Locomotiva, ele investiga onde ainda há espaço para diálogo. Um compilado de estudos revela que, por trás dos ruídos estridentes, persistem zonas de contato entre os brasileiros. São territórios em disputa – e excedem os 3%.

A partir do comportamento eleitoral e do autoposicionamento ideológico, o Locomotiva traçou um mapa do que nos divide. E descobriu que 7 em cada 10 brasileiros vivem nesse terreno movediço que separa um polo do outro. É gente que se inclina, hesita, muda de ideia. É o eleitorado da permeabilidade, que transita de um lado a outro, mas resiste a se fixar.

Entre os que pendem à esquerda, 27% votaram no PT em 2022 e não se arrependem, embora não necessariamente tenham feito o mesmo em 2018, ou sequer se reconheçam como parte da esquerda. Do outro lado, 18% tendem à direita. E há ainda um grupo expressivo que se descolou completamente de qualquer polo: 26% de desiludidos, desmotivados, abstenções, votos nulos, arrependimentos. Esses percentuais deixam de fora os extremos do espectro político e descrevem justamente o espaço intermediário, a área onde predominam as nuances e as mudanças de rota. É a fatia do meio.

Nesse cenário de instabilidade, Meirelles identifica os primeiros sinais de frestas para romper a polarização. Duas cenas ilustram a permeabilidade: dos inclinados à direita, 39% defendem que o Estado deve intervir na economia para garantir o crescimento do país. Entre os que se aproximam da esquerda, 36% acreditam que o aborto deveria continuar sendo considerado crime. “Isso é importante porque você começa a entender onde estão os pontos de porosidade dentro dessa suposta calcificação do eleitorado — e percebe também algumas incoerências.”

Longe de serem apenas paradoxos, essas contradições apontam caminhos possíveis. “Quando pensamos em superar a polarização, precisamos perder menos tempo com os convictos e caminhar em direção ao grupo mais intermediário”, defende. É um eleitorado que, muitas vezes, não se envolve o suficiente para sequer ir votar. Ou que decide o voto na ponta do laço.

A cada eleição, o Brasil repete um velho padrão: indecisão prolongada e alta abstenção. No último pleito presidencial, 1 em cada 5 eleitores não compareceu às urnas no segundo turno, e 14% escolheram o candidato apenas na véspera ou no próprio dia. Ao acompanhar o mesmo grupo de eleitores por quatro semanas, durante o segundo turno, o Locomotiva encontrou 30% de volatilidade — votos que mudavam de direção entre uma rodada e outra. A instabilidade se concentrava entre os mais pobres, os mais jovens e os menos escolarizados. Destes, 18% alteraram o voto efetivamente depositado nas urnas em relação à intenção declarada três dias antes do pleito.

E a oscilação passou longe de se encerrar no domingo da eleição. Atravessou o tempo, ressurgiu nas conversas, nas avaliações de governo, no vai e vem das opiniões. A volatilidade tornou-se quase um modo de estar na política. Mesmo com o governo avançando para o último ano, cerca de um terço dos eleitores ainda se declara disposto a mudar de opinião sobre Lula. Em números, isso significa que o presidente pode alcançar até 56% de aprovação, enquanto o teto do descontentamento se estabiliza em 43%. Esse movimento no centro reverbera nas bordas do espectro político.

Mesmo nas extremidades do debate, onde o ruído é mais intenso, Meirelles identifica pequenas rachaduras. São os territórios mais rígidos — 11% de petistas convictos e 18% de bolsonaristas fiéis —, mas nem eles escapam das contradições. Quando provocados em temas como tributação, porte de armas, aborto e drogas, até os mais convictos vacilam. Entre os petistas ferrenhos, 69% sustentam opiniões progressistas em três desses temas ou mais; entre os bolsonaristas, 63% mantêm posturas conservadoras.

Percepções que, aliás, também não estão tão distantes quanto parecem. O instituto presidido por Meirelles replicou no Brasil uma pesquisa da Pew Research, feita nos Estados Unidos, e perguntou a eleitores de Lula e Bolsonaro sobre temas de costumes e de Estado. Identidade de gênero, posse de armas, família, casamento, eficiência do governo, programas sociais e auxílios entraram no balaio. “Na dimensão dos costumes, há 19 pontos percentuais separando eleitores de Lula e Bolsonaro. Na visão de Estado, 16 pontos. Ou seja, em média, o que divide os brasileiros são 18 pontos percentuais — contra 50 nos Estados Unidos, entre eleitores de Donald Trump e Kamala Harris. Temos, portanto, uma polarização real, mas muito menos profunda que a norte-americana”, afirma.

O retrato pintado por Meirelles revela um país menos aprisionado em trincheiras e mais como um solo vivo, que se reorganiza a cada passo. A polarização, pondera, é real, mas jamais inquebrável. As fissuras no eleitorado abrem pequenas frestas de diálogo, passagens tênues por onde o sopro da conversa pública ainda circula. É por essas aberturas que surge a possibilidade de reconstruir pontes e dar novo fôlego à democracia.

Devo, não nego, pago se puder

No fim de agosto apenas 5,6% da população adulta procurava emprego e não encontrava. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do IBGE, é o menor patamar da série histórica, iniciada em 2012. O rendimento também vinha crescendo, apesar de se manter estável em agosto com a média de R$ 3.488 mensais. Mas outros recordes prejudicam percepção de bem-estar da população: o endividamento e a inadimplência. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 79,2% das famílias tinham dívidas em setembro, sendo 30,5% delas já em inadimplência. É a maior taxa desde 2010, quando a pesquisa começou.

Antes, uma diferenciação: o endividamento é uma dívida ou empréstimo que foi contraído, mas que é pago em dia. “Você se torna inadimplente quando tem um atraso ou se não paga essas dívidas nos prazos que foram acordados”, explica Ecio Costa, professor titular de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ou seja, todo inadimplente está endividado, mas nem todo endividado está inadimplente.

Com recordes de ocupação e renda, o que explica, então, o recorde também da inadimplência? Há vários fatores macro e microeconômicos a serem considerados. As altas do PIB  — de 3,2% em 2023 e 3,4% em 2024 — colocaram a economia em uma trajetória positiva, mas também produziram a alta da inflação. O aumento generalizado de preços, sobretudo dos alimentos em 2024, de 7,69%, pressionou os orçamentos familiares. O cobertor mais curto leva as famílias a se endividar — seja para pagar as dívidas anteriores, seja para cobrir as despesas básicas.

Outro aspecto foi a crise cambial do final do ano passado. O cenário de dólar mais elevado frente a moedas pares ou emergentes e o anúncio de medidas do Ministério da Fazenda que trouxeram profunda desconfiança ao mercado fizeram o dólar encerrar o ano perto dos R$ 6,20. Um terço da inflação brasileira está relacionado à taxa de câmbio, já que o Brasil importa diversos produtos essenciais.

Com a escalada do dólar e a inflação acima do teto da meta de 4,5%, o Banco Central elevou paulatinamente a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 10,50% aos atuais 15%. Com isso, tomar empréstimo, fazer financiamentos e adquirir crédito fica mais caro. Pagar as parcelas também.

Mais crédito, mais dívida

Houve, simultaneamente, uma expansão ampla no crédito, na casa dos 10% ao ano. Mesmo com uma melhora no poder de compra da população em momentos em que a inflação estava mais alta, as famílias acabam contraindo dívidas para honrar seus compromissos e até mesmo pagar despesas permanentes, como alimentação e moradia. “Esse endividamento que vai se amontoando vira um problema, pode gerar inadimplência”, lembra Costa.

No ciclo anterior de corte de juros, quando o afrouxamento monetário tirou a Selic dos 13,75% para os 10,50%, diversas empresas e famílias tomaram dívidas altas em relação à renda ou ao patrimônio, esperando ainda mais cortes de juros, que melhorassem as condições de crédito. O oposto aconteceu. Agora, essas dívidas estão mais caras.

Cenário similar aconteceu durante a pandemia de 2020, quando a taxa Selic foi reduzida a 2% ao ano, o menor nível da história, o que barateou o crédito e incentivou famílias e empresas a se alavancarem em meio à crise. Apesar da forte expansão do crédito, a inadimplência caiu temporariamente para 2,1% em dezembro de 2020, segundo o Banco Central, devido às medidas emergenciais de renegociação e às moratórias oferecidas pelos bancos. No entanto, esse quadro se reverteu rapidamente a partir de 2021, quando os estímulos foram retirados e os juros começaram a subir. O custo das dívidas disparou, e a inadimplência entre pessoas físicas voltou a crescer.

No começo do mandato, o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já observavam o alto endividamento da população e a inadimplência e lançaram o programa Desenrola Brasil. A política pública foi uma das mais bem avaliadas do governo, com aprovação de 80%, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), e consistia na renegociação de dívidas, sobretudo para as camadas populares. Criado em 2023 e encerrado em maio de 2024, o Desenrola beneficiou cerca de 15 milhões de pessoas e renegociou R$ 53,2 bilhões em dívidas, o equivalente a 0,5% do PIB. Na Faixa 1, voltada a quem ganha até dois salários mínimos, a inadimplência caiu 8,7%, passando de 25,2 para 23,1 milhões de inadimplentes. Mas os números de inadimplência voltaram a subir entre 2024 e 2025.

Ao Meio, a Fazenda disse que o programa tinha caráter emergencial e que, apesar da atual conjuntura, não há estudos para um novo Desenrola. “Foi uma ação temporária, voltada à renegociação de dívidas de pessoas físicas de menor renda. Encerrou-se em 20 de maio de 2024, após cumprir os objetivos para os quais foi criado. Não há, no âmbito da SRE, a formulação de novos estudos para um programa de refinanciamento de dívidas de pessoas físicas”, afirmou a pasta.

Esse tipo de ciclo leva aos fatores microeconômicos para a inadimplência. Há uma falta de educação financeira por parte das famílias, o que coloca em risco sua saúde financeira em momentos de disponibilidade de crédito elevada. “Não adianta fazer um programa para trazer o perdão de dívidas sem trazer as condições para que essas pessoas, que eram superendividadas, melhorem a forma com que lidam com o dinheiro”, diz Ecio Costa. “Educação financeira tem de ser uma disciplina cada vez mais obrigatória, desde os primeiros anos de ensino, para que pelo menos as próximas gerações tenham uma melhor capacidade de lidar com as questões financeiras.”

Sobre história, cura e amor

Desde 2018, a canadense Dominique Fils-Aimé lançou quatro álbuns de estúdio que de certa maneira se complementam. Os três primeiros — Nameless, Stay Tuned!, e Three Little Words — refletem sobre a perspectiva histórica da música negra da América do Norte. O seguinte, Our Roots Run Deep, decanta esse conhecimento de um modo mais íntimo. A jovem cantora autodidata, vencedora do prêmio Juno, vem ao Brasil na próxima semana se apresentar no Sesc Jazz, em São Paulo e Franca, acompanhada de uma banda elétrica, formada por guitarra, baixo, bateria e teclados.

Em Montreal, ela trocou uma carreira em psicologia pela música. Dominique diz que “sempre quis encontrar um lugar onde pudesse contribuir para o bem-estar de outras pessoas da maneira que fosse possível” e que a música foi a forma de fazer isso sem se esgotar. Conta ainda que chega aqui sem grandes expectativas, mas que quer "espalhar todo o amor possível sob o sol brasileiro”. A cantora respondeu às perguntas do Meio por email. Veja abaixo os principais trechos da entrevista.

Você cresceu em uma casa cheia de música de todo tipo, mas não teve um estudo musical formal. Como isso moldou sua abordagem ao compor?

Foi muita sorte ter ouvido estilos musicais diferentes enquanto crescia, porque parece que foi a primeira forma de exploração. A música pode nos fazer viajar em outras culturas e paisagens emocionais, abrindo nossas mentes para o que é diferente, ao mesmo tempo que mostra o que temos em comum como humanos. A música existia antes da escola e acredito que qualquer forma de aprender é válida. O fato de a minha educação ser mais emocional do que técnica me proporciona a liberdade de me expressar a partir do coração, e não do cérebro.

Seus primeiros três álbuns são uma exploração conceitual da história musical afro-americana. Como se dá o arco narrativo desta trilogia?

Como estamos acostumados com a história nos livros — muitas vezes deformada pelos vencedores — cobrindo “o que aconteceu, onde, com quem e quando’’, eu queria explorar a paisagem emocional escondida por trás desses eventos: como as pessoas se sentiram. A música faz parte da nossa memória coletiva emocional, como uma cápsula do tempo que nos permite mergulhar no passado enquanto o relacionamos com a nossa realidade atual. Sempre amei blues, jazz, soul e música negra em geral por causa da profundidade com que consigo sentir sua ressonância, e porque isso nos ensina sobre de onde viemos e o quão fortes somos. É por isso que a narrativa segue a linha do tempo da história, emoções e revoluções que levaram até hoje. Eu os descrevo assim:
Álbum azul (Nameless): O blues testemunhou algumas das injustiças mais pesadas e foi recebido muitas vezes com silêncio, e é por isso que o silêncio é um instrumento importante neste álbum.
Hora do dia: à noite, escuridão adentro,
Elemento: Água, para a travessia do oceano.´
Álbum Vermelho (Stay Tuned!): É a história do jazz como parte da revolução. Enquanto as pessoas marchavam nas ruas pela liberdade, os músicos estavam reinventando a música em sua forma mais livre. Livre das regras do passado e das restrições acadêmicas, profundamente enraizada na colaboração. Eles estavam repensando e transformando a música da mesma forma que os revolucionários estavam fazendo com o sistema.
Hora do dia: Aurora, um novo dia e nova esperança nascendo, assim como o sol.
Elemento: Fogo, sob a forma de lava, enquanto lentamente queimava tudo em seu caminho para deixar para trás um solo mais fértil.
Álbum amarelo (Three Little Words): Foi concebido para encerrar a trilogia com uma nota ensolarada e esperançosa, à medida que a liberdade começava a florescer em diferentes épocas. A soul music tornou-se mais leve e luminosa, o jazz começou a ter filhos, ramificações que se fundiriam com diferentes estilos. Mais músicas alegres apareceriam, lembrando-nos que a alegria é uma revolução por si só.
Hora do dia: Zênite, sol a pino até o pôr do sol, quando nos reunimos para celebrar.
Elemento: Vento de mudança, soprando gentilmente sobre nós em um dia quente de verão.

Você constrói arranjos inteiros oralmente, usando sua voz para articular cada parte instrumental. Como esse método influencia a textura e o peso emocional das gravações?

Comecei a gravar todos os instrumentos simplesmente porque tinha ideias na minha cabeça que não conseguia transcrever de nenhuma outra forma. No início, eu me senti limitada porque pensava que não tocava nenhum instrumento, mas agora percebi que a maioria de nós tem o privilégio de carregar um instrumento conosco 24 horas por dia, sete dias por semana. E não é um instrumento qualquer: a voz é uma ferramenta mágica, diretamente conectada às nossas emoções, às nossas almas através do corpo. Ela gera frequências preenchidas por qualquer intenção que escolhamos por nela e, ao colocar muitos vocais nas minhas faixas, acredito que isso torna tudo mais vulnerável. Sonho em fazer música que acompanhe as pessoas e as ajude a se sentirem menos sozinhas, conectadas a essa energia que nos ajuda a curar e a nos tornar nossos seres mais pacíficos. Eu incorporo essa intenção em cada nota que canto.

Sua nova série de álbuns explora temas pessoais. O que motivou essa mudança?

Primeiro, fez sentido me tornar mais contemporânea e me incluir na narrativa, já que somos uma continuação dessa história. Somos os filhos dessas revoluções e os ancestrais do amanhã. Quer eu fale sobre nós ou sobre mim, o passado ou o presente, para mim é tudo a mesma coisa. É apenas uma perspectiva diferente sobre a minha mesma crença: somos capazes de mais amor e união, fomos feitos para isso. Claro, parece mais reconfortante fazer isso do ponto de vista do “eu”, mas eu desejo um mundo onde as pessoas se sintam confortáveis em se mostrar como são, para que possamos amá-las como são. A única maneira de realmente espalhar essa mensagem tem que passar por eu mesma fazer isso. Minha vida e nossa história são uma jornada de cura e alegria, e compartilhar uma mensagem de amor que veio de um lugar pessoal pareceu importante e honesto. Parece uma forma de honrar nossos ancestrais.

Como você avalia a boa recepção pelos audiófilos de Nameless, seu minimalista álbum de estreia?

Nunca podemos saber em quais ouvidos e corações nossa música vai aterrissar, mas não estou surpresa que a comunidade audiófila tenha recebido este álbum com tanto entusiasmo porque eu tenho a melhor equipe. Jacques Roy, que gravou, produziu e mixou os álbuns, é muito detalhista e talentoso. Eu também gravo em um estúdio incrível, o Opus, e lá as duas prioridades são: boas energias e ótima qualidade de som. Por último, mas não menos importante, eu acredito que, uma vez que eu dedico todo o meu coração em cada som que faço, emoções podem alcançar o ouvinte com mais clareza se isso for gravado com um som mais limpo. No final das contas, é sempre sobre as frequências. O emocional encontra o técnico.

Você definiu o jazz não como uma filosofia centrada na busca pela liberdade. Como ele lhe permite misturar tantos gêneros diferentes, do soul ao folk, em sua música?

O jazz vive em mim como um estado de espírito. Da mesma forma que cresceu a partir de uma busca por mudança social e emancipação, ele carrega as raízes da libertação dentro de si. Ele me lembra que na música, assim como na vida, devemos seguir esse caminho interno para a livre autoexpressão, pois nossa autenticidade é nosso poder. Nunca fomos feitos para ser formatados e colocados em caixinhas. Nós, como humanos, fomos feitos para ser livres e para nos libertarmos das convenções, e foi exatamente o que o jazz fez. O jazz me disse para fazer o que eu quero, colocar todo o meu coração nisso e é isso que me parece certo.

Últimos dias para assistir aos documentários da PBS no streaming do Meio. Títulos como #MeToo… e agora?, Putin e os Presidentes, Crianças Trans, Decifrando A Máquina do Clima e Evangélicos — Da Fé ao Poder saem do catálogo no fim deste mês. Aproveite o fim de semana e maratone.

Política, política e política. Nesta semana a atenção dos nossos assinantes ficou concentrada nesse tema que rege nossas vidas. Confira as notas mais clicadas:

1. NBC News: Trump publica vídeo feito por IA bombardeando com fezes manifestantes contrários a seu governo.

2. Meio: No Ponto de Partida, Pedro Doria analisa os impactos ambientais e políticos da autorização dada pelo Ibama para que a Petrobras procure petróleo na Foz do Amazonas.

3. Meio: O que a conversa franca e civilizada de uma influencer conservadora, uma jornalista liberal e uma política socialista pode nos ensinar sobre a retomada do diálogo? Pedro Doria responde no Ponto de Partida.

4. YouTube: A íntegra do pronunciamento de Ronald Reagan em 1987, do qual uma frase foi tirada para um anúncio no Canadá contra a guerra comercial.

5. CNN: Furioso com o dito anúncio usando a fala de Reagan, Donald Trump decide suspender todas as negociações comerciais com o Canadá.

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