Edição de Sábado: A IA é o novo OS?

A essa altura do campeonato você já deve estar convencido de que a Inteligência Artificial, apesar do nome equivocado, é a nova revolução tecnológica capaz de provocar mudanças maiores que o advento da internet, do celular e até mesmo do computador pessoal. Acredite, IA não é uma moda passageira.

Por que termo equivocado? Inteligência artificial tem tanto a ver com inteligência quanto “sabor artificial de morango” tem a ver com morango. No frigir dos dados, a IA não é nada mais que a velha e boa estatística aplicada a matrizes de dados gigantescas e estabelecendo relações entre esses dados a uma velocidade quase instantânea. O ser humano tem essa necessidade de antropomorfizar tecnologias. O computador na década de 1950 era o “cérebro eletrônico”. Os Grandes Modelos de Linguagem (LLM) de hoje são a “Inteligência Artificial”. Muita gente não gosta do termo. A Apple, por exemplo, prefere usar Aprendizado de Máquina ou LLM.

GPT (sigla em inglês para Transformador Generativo Pré-treinado) é um tipo de LLM, inventado pela OpenAI. O ChatGPT é um aplicativo de conversação criado em cima dele. O DALL-E é outro app que usa o GPT para transformar descrições textuais — os chamados prompts — em imagens mutcholocas.

Depois do sucesso estrondoso de seus primeiros apps, a OpenAI resolveu dar um passo adiante para se consolidar como dona da LLM hegemônica do mercado: abriu uma loja de apps. A GPT Store está disponível apenas para quem assina o GPT Plus (US$ 20/mês). Em menos de dois meses após seu lançamento, a loja já trazia mais de três milhões de apps desenvolvidos por empresas e entusiastas que nem sabem como vão ganhar dinheiro com isso. Esse crescimento exponencial foi resultado da facilidade de criar um app GPT. Não é preciso nem saber programar e não há qualquer entrave burocrático. Qualquer usuário do GPT Plus pode criar um aplicativo para chamar de seu e publicá-lo na lojinha. Faturar com isso são outros quinhentos. A OpenAI promete que ainda no começo deste ano deve apresentar seu modelo de negócio para monetizar seus desenvolvedores, que deve ser baseado na frequência que os usuários interagem com seus apps.

A OpenAI não está sozinha nisso. Meta, Google e Amazon estão se movendo para criar ferramentas que permitam que desenvolvedores ou mesmo pessoas que nunca programaram um “Hello, World” criem aplicativos que usem seus LLMs. Além delas, várias iniciativas de código aberto também estão em desenvolvimento. Na prática, basta ter alguns bilhões de dólares para gastar e ter acesso a uma quantidade pantagruélica de dados para criar sua própria IA. O Bloomberg GPT, alimentado por 40 anos de dados financeiros da empresa de mídia especializada em economia, é um bom exemplo.

Mas, voltando, IA é o novo OS?

A resposta é “sim, não, em termos”. É difícil vermos um repeteco da briga Windows x Mac OS, Android x iOS ou mesmo Netscape x Internet Explorer nessa nova revolução. São vários players brigando pelo mesmo espaço e IA é algo diferente de um sistema operacional. Ela é, ao mesmo tempo, plataforma e ferramenta. Pode ter aplicativos apoiados nela ou ser apenas um componente de um aplicativo já existente. Além disso, existem várias questões relativas à privacidade, segurança e até geopolítica que devem impedir uma “IA para todos governar”. Mas a IA vai transformar radicalmente os sistemas operacionais como os que conhecemos hoje.

A Inteligência Artificial é a evolução natural da maneira como interagimos com as máquinas. No início era a linha de comando, depois vieram as interfaces gráficas e a tela touchscreen. Os “assistentes inteligentes” — Alexa, Siri, Cortana — já estão entre nós faz algum tempo, mas com capacidades bem limitadas. O ChatGPT foi o estopim para a indústria de tecnologia, tanto de hardware quanto de software, começar a expandir essas capacidades utilizando LLMs em seus “ajudantes digitais”. A Microsoft transicionou sua assistente Cortana para o Copilot e está embutindo a IA baseada em tecnologias da OpenAI em seus produtos. Até o final do ano não vai existir computador ou smartphone digno de nota que não tenha um chip dedicado exclusivamente a rodar motores de IA. E aí, tudo vai mudar, de novo.

A interface do computador do futuro (próximo) não vai ser uma tela, um teclado ou um microfone. Vai ser — com o perdão da palavra — a inteligência. “O agente pessoal é a próxima grande coisa”, disse o filantropo bilionário Bill Gates. “Vai ganhar quem criá-lo primeiro, porque você nunca mais irá a um site de busca, nunca mais utilizará uma ferramenta de produtividade, nunca mais irá à Amazon.”

Nesse contexto, os aplicativos em sua maioria serão invisíveis, talvez até o hardware suma da sua frente como querem algumas startups. Pode ser que, como no filme Her, você precise apenas de um aparelho auditivo inteligente para resolver todas as suas necessidades digitais, sejam elas corporativas ou afetivas.

Claro que existem vários obstáculos a serem vencidos até termos um computador de ouvido que irá marcar viagens, fazer compras de supermercado e nos ajudar a superar uma separação dolorosa. LLMs exigem muito poder computacional, a maioria só roda na nuvem, o que exige conexão perene de alta velocidade, o que levanta questões ambientais, de privacidade e segurança. Sem contar a questão energética, que o próprio Sam Altman, CEO da OpenAI, já decretou que vai precisar de uma revolução para chamar de sua para sustentar o desenvolvimento da tecnologia.

Mas vencer obstáculos é o feijão com arroz da indústria do silício. Se 2023 foi o ano do ChatGPT, 2024 vai ser o ano em que a concorrência vai mostrar suas cartas. Todos os grandes players já estão se movimentando. Além de chips dedicados proprietários para rodar LLMs em seus servidores, a Amazon já lançou um update que dá capacidades generativas para seus aparelhos com Alexa (ainda não disponível no Brasil). A Meta promete que a Inteligência Artificial vai ser a área prioritária em investimentos e seus óculos inteligentes by Ray-Ban devem ganhar mais algumas funções baseadas em IA.

E a Apple? A empresa que lançou em 1987 um vídeo onde previa que o futuro da computação seriam os assistentes inteligentes pessoais foi quem mais gastou na compra de empresas de IA nos últimos anos, mas, como é de costume, nada se sabe oficialmente do que ela pretende fazer. Há rumores de um AppleGPT sendo desenvolvido internamente e sabe-se que há quatro anos ela vem embutindo a capacidade de acelerar o aprendizado de máquina diretamente em seus chips proprietários.

Mas chega de futurologia, vamos falar de coisa boa. Vamos falar de aplicativos de IA que você pode usar agora e já se divertir e produzir com eles.

Apps para já

Bing
Existem inúmeras ferramentas de criação de imagens a partir de prompts, mas o Bing Image Creator é gratuito e fácil de usar. Os resultados não são tão perfeitos quanto os de outras ferramentas como o Stable Diffusion e o Midjourney, mas estes têm uma curva de aprendizado mais íngreme.

Neuralframes
Crie vídeos generativos a partir de textos ou de imagens estáticas, com trilha sonora feita por IA ou convencional. Mas atenção, porque vídeo generativo é um estilo de vídeo muito peculiar. Os resultados são meio fantasmagóricos. Existe outro aplicativo em que você consegue resultados mais consistentes, o Pika, mas a interface do Neuralframes é mais bem acabada.

Suno
Que tal criar o mais novo sucesso do funk sertanejo metal universitário? Com o Suno você escolhe o gênero, dá o tema e ele entrega a música pronta, com letra e tudo. Libere o compositor frustrado que há dentro de você.

Meta Musicgen
Assobie uma música ou suba um arquivo com um trecho musical, descreva o tipo de música que quer e espere a mágica acontecer. Como é um demo interativo, os resultados são bem imprevisíveis. Mas a diversão é garantida.

TLDV
Grave e transcreva suas reuniões no Zoom, Meet ou Teams. Resuma o que foi discutido em tópicos e nunca mais esqueça o que foi dito em uma reunião.

Animated Drawings
Faça um desenho de um personagem (ou peça para seu filho fazer). Marque alguns pontos indicando onde estão os braços, pernas e cabeças. Escolha um movimento e veja ele pular e dançar. Suba para o TikTok e corra para o abraço.

Scenario
Uma das maiores dificuldades na geração de imagens com IA é a consistência, isto é, fazer várias imagens com o mesmo personagem e estilo. O Scenario promete acabar com esse problema permitindo que você utilize uma imagem de base e crie variações sobre ela. É direcionado para a produção de recursos gráficos em videogames.

Davos está de olho

A elite empresarial e financeira do planeta se reuniu na 54ª edição do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, e, por tudo que você leu acima, sim, um dos temas centrais foi Inteligência Artificial. Sam Altman, CEO da OpenAI, e Satya Nadella, da Microsoft, estiveram por lá e sentaram com a Economist para contar de seu “bromance” e falar sobre a revolução que capitaneiam. Ao comentar sobre o desenvolvimento da Inteligência Artificial Geral (AGI, na sigla em inglês), aquela em que se reproduz qualquer atividade intelectual humana, Altman descreveu o progresso como “surpreendentemente contínuo“. E meio que deu de ombros para o assombro que isso venha a causar quando realmente acontecer: “O mundo vai surtar por duas semanas e, então, as pessoas vão seguir suas vidas”. Ele ainda adicionou uma grande pitada de otimismo, parte ingênuo, parte interessado em sua própria agenda. “A prosperidade tecnológica é o ingrediente principal para um futuro muito melhor.”

Pode ser. Mas os outros membros do clube são bem mais cautelosos. Tanto que em junho do ano passado, diante da disparada da evolução da IA, criaram uma espécie de comitê para estudar e orientar esse desenvolvimento, o AI Governance Alliance (Aliança de Governança para Inteligência Artificial, em tradução livre). Em Davos, esse grupo de mais de 250 integrantes de 200 organizações divulgou uma trilogia de relatórios iniciais. O primeiro é um tipo de documento fundador desse trabalho, em que os autores preparam “o terreno para esforços contínuos para garantir o desenvolvimento ético e responsável da IA, defendendo um futuro onde a inovação esteja associada a medidas de segurança rigorosas”.

No segundo, a preocupação é com o “potencial disruptivo” da tecnologia. As orientações são no sentido de que as empresas analisem detidamente, e caso a caso, os impactos nos negócios, nos investimentos e na força de trabalho com a adoção dessas inovações. E o terceiro se concentra ainda mais nas consequências sociais do advento da IA, defendendo a “cooperação internacional para evitar a fragmentação da governança” e a necessidade de “acesso e inclusão equitativos, especialmente para o Sul Global”.

Ainda como parte do empenho para monitorar e agir com relação aos efeitos da expansão da IA, a iniciativa Reskilling Revolution, que abrange 17 governos e mais de 370 empresas em 59 países, publicou um estudo que identifica os empregos mais propícios ao trabalho global e estima que até 2030 existirão 90 milhões de empregos digitais no planeta, melhorando o acesso a empregos e talentos. Ao mesmo tempo, até 2050, a população mundial com mais de 60 anos duplicará, passando para 2,1 bilhões de pessoas, e muitos podem viver entre oito e 20 anos além de suas aposentadorias. É o que indica um outro paper, em que a iniciativa Economia da Longevidade do Fórum Económico Mundial estabelece seis princípios de longevidade centrados na forma como as sociedades podem garantir que todos os indivíduos sejam capazes de satisfazer as suas necessidades financeiras e ter acesso a oportunidades de emprego e aprendizagem.

Tudo isso vem na esteira de um relatório mais abrangente, divulgado pelo fórum anualmente como uma prévia do que será discutido no encontro. No de 2024, a pesquisa feita com 1,5 mil especialistas em todo o mundo revelou um cenário de curto e médio prazo de duas inseguranças principais. Para os próximos dois anos, o documento aponta que a desinformação é a maior preocupação dos experts, seguida de perto pelas mudanças climáticas e pela polarização política. Em dez anos, o cenário muda um pouco. As quatro primeiras posições de alertas são para questões relativas ao clima. A desinformação e a Inteligência Artificial vêm na sequência.

Não à toa. Um outro documento produzido pelos pesquisadores do fórum aponta que os desastres naturais intensificados pelo clima podem levar a US$ 12,5 trilhões em perdas econômicas e a mais de dois bilhões de anos de vida saudável perdidos até 2050. Por isso, em um outro relatório, foi construído um quadro com 10 questões críticas para ajudar atores políticos e líderes empresariais a promover uma transição energética mais inclusiva no mundo. Agora, é tirar do papel.

Sem legenda

Bruxaria. É assim que o DJ K define o gênero que cria, vertente do funk mandelão. Misturando batidas de 130 a 140 bpm com sons agudos e estridentes — os conhecidos tuins —, o produtor musical arrasta os bailes de São Paulo com sucessos como Balançando a Umbrella e Illuminati — Viagem Ao Oculto. Neste fim de semana, no entanto, suas músicas extrapolam a quebrada paulista e invadem as telas da 27ª Mostra de Tiradentes, um dos mais importantes festivais de cinema do país. O evento, que começou ontem e vai até 27 de janeiro, tem como premissa divulgar a diversidade da cinematografia contemporânea. Para isso, selecionou 145 filmes de 20 estados brasileiros. A caminhada do funkeiro e de seu amigo MC Zero K protagoniza uma das obras escolhidas, Terror do Mandelão (trailer), que estreia neste domingo na exibição.

Dirigido por Felipe Larroza e GG Albuquerque, o longa-metragem explora narrativas documentais e elementos ficcionais para retratar o cotidiano de jovens que sonham em viver do funk. “Ao contar essa história, a gente fez questão de que o pensamento sonoro e as metodologias criativas do funk fossem traduzidas em imagem e narrativa audiovisual de alguma forma. O DJ K toca várias batidas diferentes na mesma música exatamente para captar a atenção das pessoas. Queríamos transmitir isso nas telas”, conta Albuquerque. Recifense, o diretor tem suas raízes em um dos principais polos nacionais de produção audiovisual.

Embora a filmografia pernambucana tenha se iniciado há um século, com o Ciclo do Recife, a ascensão recente de suas películas dão um novo fôlego ao cinema brasileiro. No último ano, Kleber Mendonça Filho foi escolhido pela segunda vez para representar o país no Oscar. Apesar do reconhecimento, a indicação não foi para a frente. Abusando de experimentações e conflitos políticos-sociais, os cineastas Gabriel Mascaro, Marcelo Pedroso, Cecília da Fonte, Yane Mendes, Milena Times, Juliano Dornelles, Renata Pinheiro e Mariana Porto acompanham Mendonça como nomes consolidados.

Ao passo em que Pernambuco estrutura uma relação de longa data com as bilheterias, para além do eixo Rio-São Paulo, a novidade fica por conta de Minas Gerais e Paraíba. A região famosa pelos queijos e cafés abriga hoje mais de 300 produtoras, incluindo a Filmes de Plástico. Responsável por Marte Um, a empresa tem entre seus sócios André Novais, homenageado junto à atriz Bárbara Colen nesta edição do festival. Já a Paraíba se prepara para um grande ano, com a produção recorde de 14 longas-metragens. A marca é inédita. Em 2023, o Estado lançou apenas um longa, Cervejas no Escuro, de Tiago A. Neves. O salto deve-se à Lei Paulo Gustavo que, por meio de editais do governo paraibano e da Prefeitura de João Pessoa, está investindo mais de R$ 10,5 milhões nos materiais locais.

Em contrapartida, o crítico de cinema Sérgio Rizzo ressalta que “a ocupação de mercado não tem a ver apenas com número de títulos”. “Tem a ver com o número de salas em que os filmes são exibidos. A produção brasileira tem sido alijada do mercado doméstico, sobretudo por conta da ação das distribuidoras americanas, há algumas décadas. Não há hipótese de comparação entre o público de um filme americano lançado em duas mil salas, impulsionado por campanhas acachapantes de marketing, e um brasileiro lançado muitas vezes em meia dúzia de salas ou menos, e sem orçamento minimamente digno para o lançamento”, analisa.

De acordo com uma nota enviada pela Ancine ao Meio, a Cota de Tela, as leis de cotas no cinema e na TV paga sancionadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última semana, e outras medidas, como os R$ 530 milhões captados pelas Leis de Incentivo Federais e liberados em 2023, “contribuem para a formação de uma conjuntura propícia para que os resultados expressivos ocorridos no início de 2024 continuem ao longo do ano, permitindo ao cinema brasileiro estabelecer um novo ciclo de crescimento”. Os resultados expressivos a que a agência se refere são dos filmes Minha Irmã e Eu e Mamonas Assassinas — o Filme, que ocuparam mais de mil salas e levaram cerca de 1,5 milhão de brasileiros aos cinemas. A ocupação de salas pode ser acompanha neste painel.

Mas esses são realmente os filmes feitos para o grande público, mais comerciais mesmo. O cotidiano de GG Albuquerque faz coro a Rizzo. Driblando a falta de verba, sua obra levou dois anos para nascer, fruto do trabalho de apenas seis pessoas. “Se os créditos fossem fidedignos, seriam os seis nomes assinando a direção, montagem e filmagem porque todo mundo meteu a mão em tudo. É um filme totalmente coletivo e independente. Não pegamos financiamento nenhum, tiramos tudo do nosso bolso. E agora é focar em ganhar algum hype e movimentar o circuito para chamar atenção das distribuidoras.” Estreante no mercado, ele tem razão. Fazer barulho com a divulgação da obra pode abrir portas, confessou em off uma das incumbidas por selecionar os conteúdos que integram o catálogo de uma grande plataforma de streaming. “Nas nossas mãos chega de tudo. Comédia, comédia romântica, documentário. True Crime, por exemplo, é o que está muito forte. A diversidade das produções é realmente o que marca o atual momento. Então, para selecionar, levamos em conta o que está bombando, se a obra consegue capturar o espírito do tempo e, também ajuda, se os materiais estão sendo falados, já conquistaram um público”, disse. A Mostra de Tiradentes é uma das principais plataformas do cinema nacional para isso. Vale dar uma olhada.

E o tanto que a gente ainda desconhece o tesouro humano e arqueológico amazônico? Dá uma olhada nas mais clicadas pelos leitores essa semana:

1. BBC Brasil: A colônia japonesa na Amazônia.

2. Meio: Ponto de Partida — Donald Trump é fascista?

3. Galileu: Um vale com cidades perdidas de 2,5 mil anos na Amazônia.

4. Olhar Digital: Veja o que rolou de lançamento legal na CES 2024.

5. Meio: De Tédio a Gente não Morre — Como Patrícia Lélis enganou tanta gente?

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O liberalismo ausente

15/05/24 • 11:09

Nas primeiras semanas de 2009, o cientista político inglês Timothy Garton Ash publicou no New York Times um artigo sobre o discurso de posse de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos. “Faltava apenas”, ele escreveu, “o nome adequado para a filosofia política que ele descrevia: liberalismo.” A palavra liberalismo, sob pesado ataque do governo Ronald Reagan duas décadas antes, passou a representar para boa parte dos americanos uma ideia de governo inchado e incapaz de operar. Na Europa continental e América Latina, segue Ash, a palavra tomou o caminho contrário, representando a ideia de um mercado desregulado em que o poder do dinheiro se impõe a um Estado fraco. Não basta, sequer, chamar a coisa só de liberal. É preciso chamá-la neoliberal. Desde final dos anos 1970, já são quarenta anos de um trabalho de redefinição forçada do que é liberalismo, uma filosofia política de três séculos e meio pela qual transitaram algumas dezenas de filósofos e economistas de primeiro time. O sentido do termo se perdeu de tal forma no debate público, que mesmo muitos dos que se dizem liberais não parecem entender que conjunto de ideias representam.

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