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Trump em dia de fúria

Foto: Jim Watson/AFP

Irritado com um anúncio de TV, o presidente dos EUA suspendeu todas as negociações comerciais com o Canadá, vizinho e um dos principais parceiros econômicos do país. Mais cedo, disse que planeja ações militares em terra, sem citar diretamente a Venezuela, contra cartéis de drogas para “matar pessoas”. Lula chega à Malásia para conferência e encontro com Trump após defender mais uma vez o uso de moedas locais em vez do dólar. Em um encontro histórico, Charles III reza com o papa Leão XIV, marcando uma reaproximação das igrejas Anglicana e Católica. Regras de verificação de idade no Reino Unido fazem desabar o acesso a sites de conteúdo erótico. E confira a agenda cultural para o fim de semana no Rio e em São Paulo.

Sem citar Venezuela, Trump fala em ‘ataque por terra’ a cartéis

STF forma maioria em favor da nomeação de parentes para cargos políticos. Câmara pressiona por pacotes separados de contas e arrecadação após fim da MP. Sociedade médica lança novas recomendações para diagnóstico de autismo. Wagner Moura no palco no Rio e festival de teatro negro em SP. Rei Charles III e papa Leão XIV rezam juntos em encontro histórico. Essas e outras notícias, você escuta No Pé do Ouvido, com Yasmim Restum.

Wagner Moura no palco no Rio, festival de teatro negro em SP; o melhor do fim de semana

Enquanto o badalado O Agente Secreto não estreia nos cinemas, dá para matar a saudades de Wagner Moura no Rio. O baiano volta aos palcos com a peça Um julgamento — Depois do Inimigo do Povo, adaptação do clássico de Ibsen que trata do julgamento de um médico que denuncia que as águas do balneário da cidade estão contaminadas. Com direção de Christiane Jatahy, a peça está em cartaz no CCBB e fica só até 3 de novembro. Ingressos: R$ 30.

Como limpar a casa, as gavetas e os armários pode fazer bem para a mente

Você já está preparado para aquela limpeza de fim de ano? Acha terapêutico fazer uma boa organização em casa? No episódio 6 do Dou-lhe Duas, Flávia Tavares e Pietra Príncipe revelam seus hábitos organização favoritos e as atividades domésticas que menos gostam de fazer. Além disso, batem um papo sobre as diferenças culturais entre o Brasil e a Europa em relação à limpeza da casa e como colocar em prática a moda circular e o minimalismo.

Lula confirma que vai ser candidato em 2026

O presidente Lula confirmou, em viagem à Indonésia, que vai disputar a reeleição em 2026, numa tentativa de exercer o quarto mandato. No Central Meio desta quinta-feira, 23 de outubro, Pedro Doria, Flávia Tavares e o analista político Creomar de Souza falam sobre os bastidores desse anúncio. Além disso, a indicação de Lula para o STF ainda não saiu. Jorge Messias é o favorito, mas a pressão vinda do Senado pode mudar os planos do presidente. Também no programa, as estreias nas telas com Leonardo Pimentel.

Browsers inteligentes: a nova era da navegação na internet

No Pedro+Cora do dia 23 de outubro de 2025, os jornalistas Pedro Doria e Cora Rónai falam sobre a nova geração de navegadores inteligentes, como o Comet e o Atlas. No papo, discutem como esses browsers estão incorporando inteligência artificial para personalizar a navegação e antecipar as necessidades dos usuários.

Lula confirma que vai disputar quarto mandato

Foto: Ricardo Stuckert/PR
Foto: Ricardo Stuckert/PR

Em viagem à Indonésia, presidente afirmou que está pronto para tentar reeleição em 2026. Carla Zambelli tem revés na Itália e Eduardo Bolsonaro tem vitória na Câmara dos Deputados. Luiz Fux é autorizado a trocar de turma no STF. Trump se irrita com Putin e impõe novas sanções a Rússia. Meta de limitar aquecimento global a 1,5°C nos próximos anos não será alcançada. Pesquisa revela que 10% das crianças e adolescentes no Brasil já usaram IA para conversar sobre emoções. E confira as estreias do cinema.

Lula confirma que vai disputar quarto mandato

Trump cancela encontro com Putin e fala em aplicar sanções à Rússia. Lewandowski entrega pacote anticrime com ênfase no combate a facções. Senado aprova lei que proíbe cobrança por bagagem de mão. MP da Itália dá aval para extradição de Zambelli; conselho da Câmara livra Eduardo. E nas estreias da semana, ‘monstros’ estão bem à vontade nos cinemas. Essas e outras notícias, você escuta No Pé do Ouvido, com Yasmim Restum.

‘Monstros’ à vontade nos cinemas

Oscar Issac como Victor Frankenstein e Mauro Sousa como seu pai Maurício criam vida, cada um a sua maneira. Fotos: Divulgação

Hoje é dia de monstros chegando aos cinemas, do monstro sagrado no quadrinho brasileiro, Maurício de Sousa, ao tradicionalíssimo monstro de Frankenstein, em versões para adultos e crianças. Sem falar em uma interpretação sombria de Cinderela e duas produções nacionais que mergulham no suspense e no sobrenatural. Mas há também opções para quem quer ficar no escurinho sem sustos. Confira todas as estreias e veja os trailers.

A conservadora, a liberal, a socialista

Vocês conhecem Cíntia Chagas? Gente, por favor, uma questão de elegância. Se não conhecem, estão perdendo um dos movimentos mais interessantes ocorrendo nas redes sociais do Brasil neste momento. Só no Instagram ela tem quase 8 milhões de seguidores. Ensina Português, oratória, etiqueta. Fala empostado, pronuncia cada sílaba. Super-popular. A imagem da mulher conservadora. Cíntia se casou no ano passado com Lucas Bove, do PL de São Paulo. Deputado estadual. Ultrabolsonarista. Daqueles caricaturais mesmo, do tipo que faz arminha em público. Parecia daqueles casamentos perfeitos de rede social. A megainfluenciadora conservadora e o deputado bolsonarista. Só que, casada, ela descobriu uma vida de inferno. O sujeito era controlador, ciúme doentio. Violento. Violência física e psicológica. A um dado momento, chegou a atirar uma faca contra ela. Cíntia denunciou, registrou boletim de ocorrência, conseguiu na Justiça medidas protetivas. Fizeram o divórcio e Bove tratou de garantir sigilo judicial sobre o processo. Só que os detalhes todos vazaram. Na Alesp, na Assembleia Legislativa de São Paulo, chegou a ser aberto um processo de cassação de Lucas Bove. Foi arquivado na comissão por seis votos a um. Sequer foi avaliado. E, olha, longe de mim passar a mão em Arthur do Val, o Mamãe Falei do MBL. Mas olha o nível de hipocrisia, aqui. Arthur foi cassado porque ficou babando por jovens ucranianas, refugiadas de guerra, em mensagens de áudio com amigos. As mensagens de Zap vazaram, ficou muito feia a coisa, ele foi cassado por quebra do decoro parlamentar na Alesp. Pelo que falou. O outro bate na mulher, quase mata a própria mulher, e o processo é arquivado. Isso é uma loucura. A mais completa degradação da Assembleia de São Paulo, parece às vezes concorrer com a do Rio em decadência moral. Mas o fato é o seguinte: Cíntia seguiu, lá, sua vida de influenciadora das mulheres conservadoras, recatadas e que querem causar boa impressão do país. E isso quer dizer recitando as coisas que influenciadores conservadoras falam nas redes. A hierarquia do homem no casamento, o horror do feminismo e tudo o mais. Minha amiga Mariliz Pereira Jorge chamou sua atenção, umas três semanas atrás, em sua coluna na Folha de São Paulo. Olha, Cíntia, esse era mais ou menos o raciocínio que a Mariliz estava seguindo, você foi protegida por leis. Leis que existem para proteger mulheres numa situação exatamente como a sua. Leis que existem porque esse tipo de violência contra mulheres ocorre, no Brasil, em todas as classes sociais. É daquelas coisas que não faz rigorosamente nenhuma diferença se vc é rica ou pobre. Leis que existem por causa da luta feminista. Essas leis existem para proteger mulheres, não importa se sejam feministas ou não. Quaisquer mulheres, inclusive aquelas que falam que o feminismo não devia existir. Mulheres como Cíntia. Mas leis que, não fosse o feminismo, não existiriam. Aí aconteceu. Deu um, dois dias, e a Cíntia gravou um vídeo. Mariliz, você tem razão. Ontem à noite, com moderação da Júlia Duailibi, Cíntia foi à Globonews participar de algo meio debate, meio conversa, com a futura candidata ao Senado pelo Rio Grande do Sul Manuela Dávila. Foi uma conversa incrível. Sabe por quê? Porque as duas, ali, conversaram de verdade. Estavam preocupadas em apresentar seus pontos de vista tanto quanto estavam em ouvir uma à outra. Cíntia, Mariliz, Manuela. Uma conservadora, uma liberal, uma socialista. Três visões, três concepções de mundo muito diferentes uma da outra. Mas absolutamente capazes de sentar, ouvir, conversar. Reagir honestamente, a partir do seu ponto de vista, ao que a outra diz. Olha, a Cíntia está sob ataque. Tem gente da esquerda identitária a atacando porque sua “conversão ao feminismo é fake”, porque ela “não sai da personagem”. Tem gente da extrema direita a atacando porque, afinal, agora ela elogia o feminismo, onde já se viu. Ela é uma influencer. Isso é uma profissão, hoje. Uma profissão de verdade e extremamente dependente do algoritmo. Isso quer dizer o seguinte: não surpreenda. Fale para seu público exatamente o que ele espera ouvir. Não seja original. E mais. Trate o outro lado, não importa quem seja o outro lado, não pelo que ele é. Mas por aquilo que você imagina ser a pior coisa do mundo. Se você é de esquerda, o outro lado é nazista. Do liberal ao Bolsonaro, todo mundo é nazista. Se você é de direita, o outro lado é contra a família. Do tucano mais plácido ao Jones Manuel, todos contra a família. Então a partir do momento em que ela é uma influencer, ela tinha um problema. Como faz isso? Como, depois de anos fazendo caricatura de feministas, chega e fala algo que seu público não espera ouvir? Como se colocar num lugar em que as influenciadoras de esquerda, do outro lado, tampouco querem te ver lá. As redes são um lugar pra expressar ódio ao outro, não para reflexão. As consequências desse tipo de virada não são apenas cancelamentos, ataques virtuais. É publi, é palestra, o ganha pão depende de consistência na mensagem. As redes não são feitas para quem repensa, quem muda de opinião. As redes não são feitas para reflexão. Para sutilezas. Para democracia. Noves fora meu profundo orgulho dessa minha amiga que provocou essa conversa, a Mariliz, acho que todos nós devemos um agradecimento às três. À Mariliz, à Manuela mas, principalmente, à Cíntia que fez o movimento mais difícil. Precisamos voltar a conversar, sim, principalmente nós que discordamos uns dos outros. Precisamos de mais gente tendo a coragem da Cíntia. Não é deixar de ser conservadora. Ela não deixou. É se permitir ir prum lugar em que o outro, ou a outra, não é vista mais como inimiga. Mas alguém com quem conversar. Gente, o problema crucial é o seguinte: democracias são máquinas de produzir consenso. Redes sociais são máquinas de produzir dissenso. É só isso. É tudo isso. Democracia é um bicho difícil porque foi feito para resolver um problema difícil. A gente não quer um tirano e a gente discorda de um monte de coisa. Com um tirano, com um ditador, a discordância não é um problema. O sujeito lá em cima manda, a gente obedece e pronto. Não gosta? Paciência. Em ditadura, o dissenso se resolve porque alguém se impõe. Mas como a gente resolve sem ditador? Nós criamos instrumentos pra isso. O Parlamento, a Justiça, os espaços de debate público. Só que, veja, nada disso é natural. O lugar do conforto é o lugar de não ceder. Discordo, não quero, não sou obrigado. Precisa de maturidade, precisa de desprendimento, precisa de coragem pra sentar e conversar com quem se discorda. Mas é uma forma de sapiência, também, porque conversando com quem discorda aprendemos a argumentar melhor, consolidamos de forma mais profunda nossas ideias, e temos uma vida intelectualmente mais rica. Tem um barato em entender o outro. Quando a gente trocou boa parte da nossa comunicação por uma mediada por algoritmos, tiramos até de parlamentares o incentivo para chegar a acordos. Isso é perigoso, gente boa. Nosso reflexo se tornou calar. Dizer tal coisa tem de ser ilegal. Não pode ser dita. A gente ficou de uma sensibilidade que é um troço inacreditável. Qualquer coisa que apenas vagamente nos incomode não pode ser dita jamais. À direita e à esquerda. Todo mundo acha que o outro lado é censor, afinal nós somos razoáveis, eles é que não. O identitarismo joga nessa linha. O feminismo tradicional, não. O movimento negro de direitos civis, não. O LGBTQIA+. O problema de termos direitos iguais, oportunidades iguais, segue ali fincado no centro de todas as democracias como o problema essencial por se resolver. Então precisamos conversar mais, precisamos de mais acordos. É preciso chegar a um consenso sobre como será possível convivermos. É disso, gente, que se trata. É isso que democracia é. Mariliz é incrível. Manuela é incrível. As duas são mulheres que sofreram imensamente nessa máquina de moer carne que é a produção de ódio como produto nas redes sociais. E Cíntia Chagas é incrível. Num momento de fragilidade, foi convidada a conversar. Topou o convite. Neste mundo aqui, conversar de peito aberto é o ato máximo de coragem. E, sabe uma coisa? É só conversa que salva democracia. Democracias não são máquinas de calar, democratas hesitam ao máximo, até o limite, a vontade de calar o que incomoda. Democracias são conversas. Recolher