Edição de Sábado — Carnaval: ame-o ou deixe-o

Esta é uma Edição de Sábado diferente. A gente aqui no Meio sabe que Carnaval é um momento em que todo brasileiro tem direito — e dever — de relaxar. Sabe também que tem que seja de samba, de festa, que adore uma bagunça na rua. Mas que há ainda aquelas pessoas que preferem fingir que a festa não existe e curtir seu refúgio, seja em casa, na praia ou numa casinha de sapê. Pensando nisso reunimos nossa equipe para trazer dicas para todos os gostos. Um guia para ter o melhor Carnaval possível.
AME-O
Sábado no Rio de Janeiro
Brochada na Sapucaí, Santa Teresa, 7h
Bastou um casal ser flagrado fazendo sexo durante um ensaio técnico no Sambódromo, na última segunda-feira, para surgir um novo bloco no Rio: o Brochada na Sapucaí. O caso viralizou nas redes sociais – as imagens mostram a multidão gritando para que eles conseguissem consumar o ato – e inspirou a criação em tempo recorde. O primeiro cortejo sairá do Mirante do Rato Molhado, na Rua Francisca de Andrade, em Santa Teresa, na manhã deste sábado. Leitor folião, é preciso correr, pois a festa começa às 7h. (Hilane Tawil e Caio Barretto Briso)
Cordão do Prata Preta, Praça da Harmonia, Gamboa, 16h
Um dos mais queridos do Centro do Rio, o Cordão do Prata Preta é um bloco de Carnaval da Zona Portuária, a Pequena África carioca, com duas décadas de alegria nas ruas da Gamboa, na Praça da Harmonia. Tudo começou por causa do desfile do Cordão do Boitatá em 2004, ano em que muitos foliões não encontraram o bloco pelas ruas do Centro e acabaram perdendo o cortejo. No Prata Preta, a multidão balança a partir das 16h, concentrando-se na Praça da Harmonia, com dispersão às 22h. (HT e CBB)
Selvagem!, às 17h no “Mergulhão” (Praça Marechal Âncora)
A Selvagem, conduzida por Trepanado, já se consolidou como a melhor festa eletrônica do Carnaval. Com um estilo baleárico, que vai do boogie à house, cheia de joias raras, a festa deste ano terá no line-up, além do dono da festa, Ubunto, Valentina Luz e JF, meu DJ carioca preferido. Para quem não tem medo de aglomeração nem de fortes emoções. (Guilherme Werneck)
Sábado em São Paulo
Bloco Jegue Elétrico, às 13h em Pinheiros
Criado no começo dos anos 2000, o bloco que sai da rua Lisboa 543 foi criado por Emerson Boy. A graça dele é explorar a música de Carnaval feita Brasil afora e criar marchinhas novas, sempre com a antena ligada no noticiário, com bom humor, e uma tendência de confiar mais nas lendas do que nos fatos. Vai sair no domingo também, no mesmo horário e local. (GW)
Carnaval Gop Tun, às 15h na Praça das Artes
Gratuita, mas com retirada de apenas um ingresso por CPF, a festa de Carnaval da Gop Tun vai se estender por dois dias na Praça das Artes, no Centro da cidade. Com um line-up que inclui gente como Trepanado, Rafa Balera, Gaspar Muniz, From House to Disco, Ubuntu, Paulete Lindacelva, Sonido Tuipinamba, só pra citar alguns. Vai ser a maior maratona de música eletrônica destes dias. (GW)
Vinagrete, às 15h na Balsa
Pertinho da Praça da Artes, na cobertura mais legal de São Paulo, acontece uma festa para quem gosta de mistura mais pop e de muita música brasileira clássica dos anos 1960 em diante. Com discotecagem do dono da casa Elohim, de Chris Naumovs e Thiago Xá, é daquelas festas para se acabar de dançar vendo o sol de por no Vale do Anhagabaú. Quando o som termina, sempre às 22h, dá aquele gostinho de quero mais. A festa também terá uma segunda edição no domingo, no mesmo horário, indo do dub à disco, com o DJ Marky, Jurássico e Caio Formiga. (GW).
Domingo no Rio de Janeiro
Charanga Talismã, Vila Kosmos, 8h
Charanga é uma mistura de bloco-espetáculo-performance, uma caravana festiva que junta música, dança e teatro na Zona Norte do Rio. Com um repertório que mistura música brasileira e latina, o desfile começa às 8h na Avenida Meriti, em frente ao número 18, perto da estação Vicente de Carvalho do Metrô. O bloco promete incendiar as ruas mais uma vez: só quem já viu sabe o que é. (HT e CBB)
Bloco Love Songs, Praça XV, 11h
Vista vermelho e celebre o amor ao som do Love Songs, que sai em frente ao Paço Imperial, às 11h. Com o lema “o bloco de amor que embala os amantes”, tem repertório de músicas românticas, nacionais e internacionais, em versões carnavalescas. O bloco nasceu se concentrando em frente ao motel Love Time, na Glória, antes de se mudar para a Praça XV. (HT e CBB)
Domingo em São Paulo
Bloco Ritaleena, às 12h no Butantã
Uma era música e a outra figurinista. Juntas, Alessa Camarinha e Yumi Sakate queriam criar um bloco que fosse uma declaração de amor a São Paulo. Daí juntaram a nossa musa maior, Rita Lee, com o hiperfoco da ritalina para criar esse bloco divertido que lê as canções da maior musa do rock brasileiro. A ovelha negra cai no samba. (GW)
Bloco Ilu Obá de Min, às 13h na Barra Funda
Não tem bloco mais bonito na cidade do que o Ilu Obá de Min, formado por mulheres negras, com trajes afro e uma percussão sensacional. E também com uma agenda política de enfrentar o racismo, machismo e lesbofobia por meio da dança e da música. Tradicionalmente, é o bloco que abre o Carnaval de rua de São Paulo, na sexta à noite, na Praça da República. Mas eu gosto mesmo é de ver de dia, com um pouco menos de muvuca, nas ruas da Barra Funda, saindo da rua Conselheiro Brotero. (GW)
Segunda-feira no Rio de Janeiro
Bloco Não Monogamia Gostoso Demais, horário e local a serem divulgados
O samba-hino é uma convocação: “Meu bloco é mais que uma ideia, uma filosofia. Muita felicidade ele traz, um salve à não monogamia, gostoso demais!”. E o bloco Não Monogamia Gostoso Demais é mais um que sai pela primeira vez, com a proposta de atrair pessoas e casais não-monogâmicos, a exemplo dos músicos fundadores. Ficou interessado? Fique de olho no Instagram do bloco, pois é lá que será divulgado o horário e local do cortejo. (HT e CBB)
Largo do Machadinho, Mas Não Largo do Suquinho (Infantil), Largo do Machado, 9h
Inspirado no Largo do Machado, Mas Não Largo do Copo, surgiu o infantil e irreverente Largo do Machadinho, Mas Não Largo do Suquinho, que se reúne a partir das 9h no meio da praça e tem atraído pais que querem cair na folia, mas sem deixar os filhos fora da festa. Com o desenhista Ziraldo como padrinho, as crianças costumam se fantasiar de Menino Maluquinho no desfile. (HT e CBB)
Carnageralda, às 16h
O local só é revelado para quem comprou os ingressos na segunda. Este é o primeiro ano que a festa vai acontecer durante o carnaval. E das festas eletrônicas que rolam no Rio nesses dias, ela é das que mais me interessam, até porque tem um público mais diverso e um line-up bem bacana para quem curte música de pista mais aberta. Neste ano, vão tocar o Millos Kaiser, que foi um dos fundadores da Selvagem, além de Rafa Balera, Tropicals, Mequetreff, Gaspar Muniz e Pivoman. (GW)
Boma Carnario, às 22h no Museu do Amanhã
Com ingressos a preços módicos que vão de R$ 1.000 a R$ 2.520, essa não é uma festa para qualquer um. Mas duas coisas prometem fazer valer o investimento. A primeira é ver Fat Boy Slim discotecando de novo no Brasil e a segunda é o lugar, a área que fica atrás do Museu do Amanhã, com vista para o mar. (GW)
Segunda-feira em São Paulo
Unidos do Swing, às 13h no Centro
Esse é um dos meus bloco preferidos, e o swing aí não tem nada a ver com as baladas liberais, infelizmente. A base do bloco é o bom e velho jazz, do dixieland em diante, tocado por uma metaleira incrível composta por sax, trompete, tuba, trombone, além, obviamente, da percussão. E junto com o som dos metais em brasa, toda uma performance de bailarinos em pernas de pau. Um jeito diferente de pular o Carnaval, com New Orleans flertando com o rei Momo. Sai da Praça Antônio Prado. (GW)
Pista Quente 3 anos, às 22h no City Lights
O charme do Pista Quente, festa que frequento há anos com os meus filhos adultos, é justamente o encontro de gerações para tocar discos atemporais. O Pista é formado pela dupla Akin Deckard, veterano das pick-ups, com o jovem talento Benjamin Sallum. Juntos, eles exploram muitos universos sonoros, bastante calcados na música negra, do hiphop ao electro, do boogie à house, numa mistura incrível. E, nesta edição serão só back to backs. Além dos donos da festa, vai rolar Giu Nunez b2b JF, Nana Kohat b2b Sol e Lucian b2b The Grouch. Como os meninos têm pique, na quarta tem mais uma festa, desta vez no Caracol Bar, a partir das 16h. (GW)
Terça-feira no Rio de Janeiro
Bloco Amores Líquidos, horário e local a serem divulgados
O Amores Líquidos comemora seis anos de Carnaval em 2025 e também só divulga as informações sobre o desfile em geral na véspera. Mas com uma explosão de cores e fantasias, com muita música e dança, vale a pena aguardar e curtir a energia do Amores. (HT e CBB)
Bloco Sofridão, local a ser divulgado, 14h
Pode se preparar porque, com o bloco Sofridão na rua, os amantes da sofrência têm o seu lugar no Carnaval. Os integrantes costumam vestir chapéus, em referência ao universo do brega e da música sertaneja. Mas tem também muito piseiro e funk – tudo que envolva dores do amor é bem-vindo. Como o próprio bloco se define nas redes sociais, “é uma mistura envolvente de sofrimento e malemolência”. Mais um que só divulga o ponto de concentração na véspera ou no dia da folia, que começa às 14h. (HT e CBB)
Carnarara, às 16h no MAM
Como se precisasse de cenário melhor, o Carnarara — Carnaval da tradicional Festa Rara — vai ocupar o Museu de Arte Moderna com um line-up estrelado, encabeçado pelo DJ americano Seth Troxler, mas com vários DJs incríveis, como Carrot Green, Eli Iwasa, Marta Supernova, Mochakk, Carlos Valdes e, claro, os donos da festa, só pra citar alguns. (GW)
Terça-feira em São Paulo
Bloco Pagu, às 11h em Perdizes
Esse é o bloco mais feminista de São Paulo. Só mulheres desfilam e tem uma bateria 100% feminina. Com esse mote, claro que o som também parte das mulheres, com versões carnavalescas de canções de Elis Regina, Gal Costa, Done Ivone Lara, Maria Bethania, Carmem Miranda. E homenageia a modernista Patrícia Galvão, a Pagu. Sai da Av. Paulo VI. (GW)
Bloco Skaravana, às 14h na Bela Vista
Para quem curte muito um som jamaicano, esse é um bloco delicioso. Só que não é a Jamaica do reggae, é a do ska, esse gênero anterior, criado nos anos 1950. E, fiel ao som cheio da ilha caribenha, a turma faz barulho com trompetes, trombones, trompas, saxofones, tambores, bumbos e caixas. (GW)
Quarta-feira no Rio de Janeiro
Bloco Meu Doce Acabou Hoje, Santa Teresa, horário a ser divulgado
Acaba-se o que é doce na Quarta-Feira de Cinzas, mas a alegria continua com o Meu Doce Acabou Hoje, um bloco perfeito para encerrar o Carnaval, com repertório diversificado e um sentimento de que todo Carnaval tem seu fim — um Carnaval com cara de saideira, com gosto de despedida, embora o Carnaval do Rio ainda tenha mais um fim de semana. O cortejo sai em Santa. Fique atento ao Instagram para saber exatamente de onde ele sai e a que horas. (HT e CBB)
Bloco Me Enterra na Quarta, Centro, 14h
São mais de 20 anos de tradição no Carnaval do Rio de Janeiro. Chamado pelos mais íntimos de MENQ, foi fundado por colegas do curso de música da UNIRIO. Acostumados a trabalhar durante os festejos, eles também queriam se divertir, por isso criaram o próprio desfile, repleto de marchinhas, maracatus, ijexás, sambas e frevos. A concentração é às 14:00 e a dispersão, às 20:00, na Praça Edson Cortes, Centro do Rio. (HT e CBB)
DEIXE-O
Séries
Black Doves (Netflix)
Pra você que, como eu, sente um quentinho no coração quando ouve o sotaque britânico ou vê cenas nas ruas de Londres, e que gosta também de uma história de espiões com pitadas de romance, invista nesses seis episódios de Black Doves. A minissérie é estrelada por uma amadurecida Keira Knightley, surpreendente nas cenas de luta, e o subestimado Ben Whishaw, num papel de matador sarcástico, mas sensível — coisa que só um inglês é capaz de oferecer. É uma trama que entrelaça crises diplomáticas com corações partidos e que já tem a segunda temporada confirmada. Pode sentar com a pipoca e desfrutar de um entretenimento descomplicado e charmoso, como pede o Carnaval. (Flávia Tavares)
Cassandra (Netflix)
Alemanha (Ocidental), 1972, um acidente de carro, dois mortos, uma mulher moribunda repete à única testemunha: “ela ainda está lá”. Perto, um robô hoje classificado como retrofuturista e de linhas femininas está inerte. Essa é a primeira cena de Cassandra, minissérie alemã que acaba de estrear na Netflix abordando temas como os limites éticos da tecnologia, o luto e as relações familiares. Cinco décadas depois, uma família (mãe, pai, o filho adolescente abertamente gay e a tímida filha de oito anos) se muda para uma “casa inteligente” da década de 1970, buscando o recomeço após uma experiência traumática. Quando o rapaz liga o antigo computador que controla a casa, surge nas telas de todos os cômodos da unidade móvel (o robô já citado), o rosto da inteligência artificial Cassandra, que faz o possível para encantar a todos, ao mesmo tempo em que começa a alienar Samira, a mãe. Esta descobre que a IA foi feita à imagem de uma mulher que viveu ali no passado, e cuja história vai ser contada paralelamente. As más intenções de Cassandra são óbvias e seus métodos cada vez mais cruéis, mas o bem amarrado roteiro nos reserva surpresas ao longo dos seis episódios e mostra que, muitas vezes, o monstro não é quem estamos pensando. (Leonardo Pimentel)
Dia Zero (Netflix)
Minissérie em seis episódios estrelada por Robert De Niro. Com um roteiro excelente, De Niro interpreta um ex-presidente dos EUA, de tintas progressistas, que volta à cena para coordenar uma força-tarefa do governo para investigar um imenso ataque cibernético contra o país. Argumento no melhor estilo suspense político-conspirativo de John Le Carré e Frederick Forsyth. (André Arruda)
Efeitos Colaterais (Max)
Planeta dos Abutres foi o desenho animado mais original e lisérgico lançado em 2023. Infelizmente, nem o Max nem a Netflix quiseram produzir a segunda temporada. Como prêmio de consolação, os fãs ganham agora Efeitos Colaterais, criado pelo mesmo autor, Joseph Bennett, com uma mãozinha de Mike Judge, o pai de Beavis & Butthead. O desenho não é tão alucinante quanto Planeta dos Abutres, mas o tema ainda é um tanto estupefaciente: um thriller corporativo protagonizado por um cientista meio bicho-grilo que descobre no meio dos Andes um cogumelo que pode curar todos os males. Obviamente, a maligna indústria farmacêutica quer acabar com os dois, cientista e cogumelo. São seis episódios empolgantes, todos disponíveis no Max. (Heinar Maracy)
Heartstopper (Netflix)
Nem todos curtem o Carnaval da mesma forma, principalmente os adolescentes passando pela descoberta e início das suas vidas sexuais. Cheio de primeiras vezes, primeiros encontros, primeiras ansiedades, Heartstopper é perfeito para sorrir de orelha a orelha enquanto acompanhamos Nick e Charlie. Principalmente quando o mundo é feito por comparações heterossexuais e esse não é um relacionamento do tipo. Afinal, existe bissexualidade? O que é um bi-panic? A série, que tem três temporadas por enquanto, narra as borboletas do estômago do primeiro olhar até as descobertas sexuais dos casais. É baseada em uma história em quadrinhos de Alice Oseman. Uma narrativa LGBTQIA+ saudável, gostosa, daquelas que faltaram na adolescência de muitos de nós, mas que essa geração pode ter o prazer de ter. Disponível também nas HQs, caso prefira. (Bruna Buffara)
Hysteria! (Max)
Espécie de Stranger Things embebida em heavy metal, a série se passa em 1989, numa pequena cidade de Michigan onde um adolescente é morto após um suposto culto satânico. Em oito episódios — o último sai no próximo domingo —, a série tem como centro uma banda de metal formada por um trio que está longe de ser popular na escola. Simulando um culto satânico, eles acabam fazendo sucesso, mas isso só vai trazer mais problemas para a banda, à medida que a cidade se convence de que o demônio está ganhando terreno por lá. Diversão garantida, embalada por uma trilha sonora incrível composta por Tyler Bates. (GW)
Landman (Paramount+)
Do mesmo criador de Yellowstone, Taylor Sheridan, Landman traz um brilhante Billy Bob Thornton como Tommy Norris, o supervisor de uma operação de perfuração de petróleo no Texas. A série se passa mais ou menos nos dias atuais, mas ainda conta a história de um homem que tenta manter unido um modo de vida decadente, apesar dos perigos inerentes e da interferência dos inimigos habituais de Sheridan: criminosos, burocratas, jovens irritantes e a lei. A região do petróleo, especialmente tão perto da fronteira com o México, é um lugar semi-legal, onde a astúcia e uma pitada de crueldade valem mais do que diplomas universitários. A melhor coisa que vi nos últimos tempos. (Ricardo Rangel)
The Pitt (Max)
É fã de séries médicas? Então, assista a The Pitt. Mas não espere romances tórridos e amassos na sala de descanso. Pelo menos, não nos nove primeiros episódios da temporada de estreia. Desde 9 de janeiro, toda quinta-feira, a Max exibe um novo episódio, retratando 60 minutos do plantão de 15 horas em um hospital fictício de Pittsburgh. Bem recebida pela crítica, The Pitt tem sido elogiada por profissionais de saúde por seu realismo. O drama médico é o ponto central da trama, protagonizada e produzida por Noah Wyle, do sucesso dos anos 1990 ER, exibindo o impacto de situações extremas sobre pacientes e quem cuida deles. Mostra o que esses profissionais fazem para seguir em frente após casos difíceis e como lidam com a pressão para manter a avaliação do atendimento em alta e reduzir uma gigantesca fila de espera. Tudo isso em um contexto pós-Covid, que é retomado diversas vezes devido à perda de um membro da equipe, mostrando como a pandemia ainda afeta um pronto-socorro. (Andrea Freitas)
Ruptura (Apple TV+)
Mas se o seu prazer é trabalho e aflição… a Lumon é o seu lugar! Ruptura está na sua 2ª temporada mergulhando numa distopia corporativa. Se você ainda não assistiu, a série está à altura de suas 14 indicações ao Emmy. Mas fica o aviso: ela dá ansiedade. Maratonar é uma opção que fica por sua conta e risco. Vale questionar os limites da filosofia da vida corporativa e da famosa “cultura da empresa”. Genialidade do Ben Stiller à parte, a atuação de Adam Scott é sinistra e a escrita de Dan Erickson é estupenda. Funcionários “rupturados” separam a vida fora trabalho daquela na empresa enigmática, que expande seu domínio global, com os innies (termo carinhoso para se referir aos colaboradores) tendo que resolver suas próprias charadas. Que linguagem é essa? Quanto menos explicar, melhor. Afinal, o trabalho é misterioso e importante. Faltam apenas três episódios, que saem às sextas-feiras, para o término da temporada. Se ainda precisa de um empurrão para começar, aproveite a tranquilidade do feriado para ficar ansioso com a TV. (BB)
Sobrevivendo à Queda dos Black Hawks (Netflix)
O filme Black Hawk Down, lançado por Ridley Scott em 2001, trazia uma trama ficcional sobre a Batalha de Mogadíscio, quando helicópteros Black Hawk do exército americano foram derrubados pelas forças da Somália em 1993. Agora a série documental de três episódios, lançada pela Netflix, amplia o olhar do filme para incluir também a perspectiva dos somalis. E ainda traz imagens gravadas in loco. Dá vontade de rever o filme, que rendeu a Scott o Oscar de direção. (RR)
Filmes
Eles Não Usam Black-tie (Globoplay)
Fernanda Montenegro, Milton Gonçalves, Gianfrancesco Guarnieri e Bete Mendes são apenas alguns dos nomes que compõem o elenco de Eles Não Usam Black-tie, um retrato do Brasil nas décadas de 1970 e 1980. Baseado na peça de Guarnieri, que também interpreta o líder sindical Otávio no filme, o longa se passa em um momento de transição política: enquanto a ditadura militar se desvanece, o movimento dos trabalhadores ganha força. Nesse cenário, acompanhamos a história de Tião, um jovem operário que, ao descobrir que sua namorada Maria está grávida, decide se casar. Contudo, uma greve eclode na fábrica, e seu pai, Otávio, se junta ao movimento. A tensão cresce e, durante um piquete, Otávio se envolve e acaba preso. Indiferente ao sofrimento do pai, Tião decide furar a greve e culpa a militância de Otávio pela miséria que sempre viveram, criando um conflito familiar profundo. Dirigido por Leon Hirszman, o filme, que conquistou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza, continua sendo um marco do cinema brasileiro e uma obra essencial para ser revisitada. (Giullia Chechia)
Dunkirk (Max) e A verdadeira história do Milagre de Dunkirk (Meio)
Uma das histórias mais memoráveis da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a batalha de Dunquerque (ou Dunkirk) poderia ter selado a vitória dos nazistas após a invasão da França ao encurralar tropas francesas e britânicas. No entanto, em um grande esforço conjunto foi possível resgatar centenas de milhares de soldados. O filme de Christopher Nolan conta um ângulo desse acontecimento, mas o documentário da PBS, disponível no streaming do Meio, mostra o que você provavelmente nunca tinha ouvido falar sobre o assunto. (Caio Mello)
Nickel Boys (Prime)
Talvez o indicado ao Oscar de Melhor Filme menos badalado. A estratégia do estúdio foi, de fato, mais discreta, mas o drama nem por isso é menos relevante que os adversários na premiação. Com uma direção inovadora em primeira pessoa, o drama conta a história de dois afro-americanos em um reformatório para menores de idade. Baseado em relatos reais que inspiraram o livro de Colson Whitehead, vencedor do Pulitzer, o local foi fechado, mais tarde, por diversos casos de abusos e violências cometidas contra os rapazes, sobretudo os negros. (CM)
Red Rocket (Netflix)
Anora não precisa vencer o Oscar de Melhor Filme — esse prêmio fica com a gente. Mas é inegável a genialidade de Sean Baker, vencedor da Palma de Ouro em Cannes 2024. Em Red Rocket, o diretor se mantém fiel ao seu estilo de explorar personagens complexos, engolidos por contundentes problemas mundanos. Durante suas 2 horas e 10 minutos, o longa mergulha na vida de Mikey Saber (interpretado brilhantemente por Simon Rex), um carismático ex-ator pornô que deixa Los Angeles e retorna à sua cidade natal no interior do Texas, tentando dar um novo rumo à vida. Volta a morar com a ex-esposa, que deixou há tempos, e a sogra. Contudo, o que se apresenta não é um recomeço, mas a continuação de um ciclo de decadência. A obra se distancia de julgamentos ou moralismos, oferecendo uma perspectiva crua e concedendo espaço para que o público forme suas próprias opiniões sobre o protagonista. Paralelamente, a estética distópica e atemporal de Baker questiona a ideia de “recomeço” de Mikey, sugerindo que, talvez, seja apenas uma ilusão em um sistema onde o sonho americano prometido se torna cada vez mais distante e inalcançável. (GC)
De Sombra e Silêncio (Prime Video)
Produção tcheca de 2023, De Sombra e Silêncio é um drama que acompanha, conduzido por interrogatórios policiais, a história do veterinário Martin e das pessoas a sua volta. Logo de início sabemos que uma lesão no cérebro, provocada pelo coice de um cavalo, paralisou parte de seu corpo e causou uma forma severa de afasia, quando a pessoa perde a capacidade de compreender e se expressar em linguagem falada ou escrita. Um vídeo o mostra tendo um acesso de raiva durante uma terapia, mas não sabemos durante boa parte do filme o que está sendo investigado. Inicialmente, é a esposa dele, a ex-corredora olímpica Erika, que conduz a narrativa, com uma amargura aparentemente derivada da condição do marido. Aos poucos, outros personagens e suas tensões vão entrando — a começar pela extrema animosidade da mãe de Martin em relação à nora. O bem amarrado roteiro nos revela aos poucos o que é ou não verdade e a maneira como o protagonista incomunicável marca, antes e depois do acidente, as vidas próximas. Só não espere um final feliz. (LP)
Para ouvir
Agita2, Dengue, Dengue, Dengue
Grooves hipnóticos perfeitos para se ouvir trabalhando. Os produtores, DJs e designers gráficos peruanos Felipe Salmon e Rafael Pereira desenvolvem uma estética musical polirrítmica afro-peruana. (Tony de Marco)
Born to Run, de Bruce Springsteen
Se samba ou Carnaval não interessam a você de forma alguma, se você é alguém do rock como eu, tire uma hora deste longo feriado para ouvir Born to Run, o terceiro álbum de Bruce Sprignsteen, lançado em 1975. Está no Spotify ou não importa que serviço de streaming de música você tem. Todas as canções de Born to Run foram regravadas, em algum momento, por outros músicos. Isto revela muito sobre um disco. Em seu concerto no Rock in Rio, décadas após lançar o álbum, Springsteen escolheu cantar, na ordem, cada música e apenas. Para quem assistiu, como eu, é um momento de nunca esquecer. (Na verdade, quase: simpático como sempre, abriu o show cantando Sociedade Alternativa para conquistar o público, aí engrenou uma faixa após a outra.) Born to Run é um marco. Um dos grandes marcos.
Por isso, ouça primeiro porque é um dos maiores álbuns de rock da história. Depois porque algumas músicas do disco arrancaram de Jon Landau, um dos mais importantes críticos de música dos anos 1970, a frase “vi o futuro do rock ’n roll e seu nome é Bruce Springsteen”. Mas ouça, principalmente, por uma razão política. No Brasil, nossa cultura tende mais ao rock inglês do que ao americano — go figure. Mas Springsteen, neste disco, constrói um dos momentos mais sublimes do gênero. É lírico e é hard, tem aquela guitarra pesada, a bateria presente, mas também a suavidade que esperamos do bom rock. Tem, ao mesmo tempo, poesia. Um herdeiro do folk. É trovador, descreve cenas, pinta imagens, conta histórias. E fala de um mundo que deveria calar fundo, como recado, à esquerda brasileira. (E também à americana.)
Bruce Springsteen é um artista que fala do mundo blue collar — o colarinho azul dos macacões de operários. Ele olha para estes homens e mulheres quando jovens, terminando o ensino médio, buscando coragem para romper com a história de seus pais e avós e assim ganhar o mundo. Pegar um carro, pegar a estrada, se mudar para a cidade e fazer algo de si. Descobrir o amor, claro, mas essencialmente ter a coragem de assumir a vida com as próprias mãos. Romper com o passado, ganhar o futuro. Acreditar que esforço pessoal e vontade de trabalhar podem criar uma vida melhor.
Vivemos um tempo em que Donald Trump capturou este eleitorado da baixa classe média. É a grande derrota do sonho americano. Mas este é um espírito que está nascente nas periferias brasileiras. É o canto e a poesia da crença de que existe o lugar em que quem tem muita vontade de construir, consegue. É a música da consciência de que o risco de fracassar está sempre presente mas que, com muito esforço, um futuro diferente é possível. Springsteen fala do jovem com gana, apaixonado por Mary com seu vestido ondulando ao vento, com gana de construir. (Pedro Doria)
Beethoven Blues, de Jon Batiste
Para quem não gosta das músicas chiclete que dominam esta época do ano, uma boa pedida é a releitura das obras de Beethoven feitas por Jon Batiste, artista premiado com vários Grammys e um Oscar por suas composições. Em Beethoven Blues, ele dá sonoridade da música negra às peças do artista clássico, como notas rápidas em Für Elise. (Adriano Oliveira)
Podcast: Noites Gregas
O Carnaval é uma época de alegria e liberação, semelhante às festividades gregas em homenagem a Baco, Deus do vinho e da orgia. Pra quem gosta de mitologia, o podcast Noites Gregas é um prato cheio para conhecer as histórias das mais diferentes personagens e os mitos relacionados, tudo muito bem contado pelo professor Cláudio Moreno. Disponível nos mais diferentes tocadores, incluindo o Spotify. (AO)
Playlist: A Mais Recôndita Memória dos Homens
O livro do senegalês Mohammed Mbougar Sarr, lançado aqui no Brasil pela editora Fósforo, foi o que mais gostei de ler nos últimos anos. É desses livros que são odes à própria literatura e falam tanto da relação colonial com a França como das raízes africanas. Pois para acompanhar o livro, o tradutor de Sarr no Brasil, Diogo Cardoso, criou uma playlist incrível com muitos sons africanos que eu não conhecia, que iluminam a leitura do livro. Claro que tive de volta às páginas de A Mais Recôndita Memória dos Homens com a playlist nos ouvidos. Se você tem um tempo e curiosidade, vale muito tirar três horas neste Carnaval para embarcar nessa viagem rumo a uma África literária e musical. (GW)
Brasileiros finalistas em concursos de fotos, as mulheres do ano da revista Time, a cidade brasileira mais aconchegante, as prioridades de Lula e o ataque a Marcelo Rubens Paiva. Confira os mais clicados da semana.
1. g1: Os fotógrafos brasileiros André Tezza, Gui Christ, Lalo de Almeida, Carolina Krieger e Tanara Stuermer estão entre os finalistas e pré-selecionados do concurso "Sony World Photography Awards 2025", da Organização Mundial de Fotografia.
2. Meio: Marco na luta contra a violência sexual, Gisèle Pelicot foi eleita uma das 13 Mulheres do Ano de 2025 pela revista Time.
3. Ana Maria: Gramado, no Rio Grande do Sul, foi eleita pela revista Ana Maria a cidade brasileira mais aconchegante para morar em 2025.
4. Meio: No Ponto de Partida, Pedro Doria parte da queda de popularidade de Lula para discutir qual é a prioridade do governo: dar dinheiro para empresário rico ou aumentar o acesso à educação dos brasileiros?
5. Meio: O vídeo que registra o ataque que o escritor Marcelo Rubens Paiva sofreu quando desfilava no bloco Acadêmicos do Baixo Augusta.