Família Bolsonaro turbina crise política

Pegando a todos de surpresa, quando deixava o hospital após 18 dias internado, o presidente Jair Bolsonaro decidiu inflamar uma crise política e iniciar o abate do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Pressionado por acusações de que o PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu e que Bebianno presidiu durante a campanha, usou candidatas laranja para desviar dinheiro do fundo partidário, o ministro quis mostrar prestígio dizendo ter conversado várias vezes com Bolsonaro por telefone na segunda-feira.

Primeiro Carlos, o filho-vereador que opera as comunicações na internet, usou o Twitter para chamar Bebianno de mentiroso, dizendo que passou o dia ao lado do pai e não aconteceram as conversas alegadas pelo ministro. Para completar, incluiu no tuíte um áudio em que o presidente, com visível impaciência, diz ao ministro que não poderá atende-lo. Bebianno e Carlos brigavam desde a campanha eleitoral pelo comando da comunicação do governo.

Bolsonaro retuitou as postagens do filho, num claro aval aos ataques. Em entrevista à TV Record gravada ainda no hospital, portanto antes dos tuítes, ele disse que, se comprovadas as denúncias, Bebianno teria que “voltar às origens”. Segundo fontes, ele esperava que ministro se demitisse e ficou irritado com o apego deste ao cargo. Bebianno diz que não pede para sair. A situação provocou enorme desconforto na ala militar do governo, há muito incomodada com a atuação dos filhos de Bolsonaro e seus reflexos sobre a Presidência. (Folha)

Segundo apuração da revista Crusoé, Bebianno deve deixar o cargo nas próximas horas.

O ataque de Carlos dividiu os parlamentares do PSL. Uma das estrelas do partido, a deputada Joice Hasselmann (SP), disse que era preciso “tomar cuidado para não fazer puxadinho da Presidência da República dentro de casa para expor um membro do alto escalão do governo dessa forma”. Já Alexandre Frota garantiu que o partido “não passará a mão na cabeça de bandido”. (Folha)

Pelo menos alguns aliados se assustaram com a virulência e rapidez com que os Bolsonaro se voltaram contra o antigo homem de confiança, informa o Painel. (Folha)

Vera Magalhães: “Com 44 dias de mandato, dos quais 15 passou internado, Jair Bolsonaro promoveu ontem um processo de fritura de um ministro que começou pelas redes sociais e tendo o filho como instrumento, evoluiu para uma entrevista à TV e colocou até Sérgio Moro no olho do furacão de uma crise política que preocupa os militares e não se sabe que extensão terá. Caberá aos generais tentar contornar a bagunça. A área de inteligência do governo considera precedente gravíssimo o vazamento de conversas privativas do presidente. Também não aprova a interferência da família na gestão. Ao autorizar a impostura do filho e endossá-la, Bolsonaro mostra que não entende a dimensão republicana do cargo que ocupa.” (Estadão)

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O tuitaço de Carlos Bolsonaro não foi o único problema dos filhos presidenciais. A 2ª Câmara Criminal de Revisão do Ministério Público Federal vetou a iniciativa do procurador regional eleitoral do Rio de Janeiro, Sidney Madruga, que pretendia encerrar uma investigação contra o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) sem ter feito uma única diligência. A ação envolve denúncias de que Flávio subfaturou o valor de imóveis em sua declaração de bens à Justiça Eleitoral. Para Madruga, o TSE tem “jurisprudência consolidada” de que não haveria crime, mas a 2ª Câmara mandou que as investigações fossem aprofundadas. O caso não tem relação com as denúncias contra o ex-motorista e assessor de Flávio, Fabrício Queiroz. (Folha)

Na revista Época, que já foi distribuída a assinantes pelo app do Globo, o repórter Bruno Abbud conta que a Polícia Federal suspeita que o PCC financie a defesa de Adélio Bispo, que deu uma facada em Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral. Os advogados que o defendem são evasivos ao falar de quem os contratou.

Apesar da crise com o ministro Bebianno, Bolsonaro disse em entrevista à TV Record que vai decidir nesta quinta-feira os detalhes da reforma da Previdência. O texto que será apresentado ao presidente já está com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que ontem classificou o atual modelo da Previdência como uma máquina de “transferência perversa de renda”.

Míriam Leitão: “A reforma da Previdência será aprovada. Sobre isso há pouca dúvida. A questão é saber quando e com que substância. Antes de o projeto do Ministério da Economia ser oficialmente conhecido ele já está sob ataque. O Ministério diz que fará grande campanha publicitária para explicar a necessidade da reforma. É uma boa ideia, só não é inédita. Grupos de interesse querem defender privilégios. São as exceções que machucam as contas públicas. E são exatamente elas que grupos dentro do governo tentam manter. Contam com os ouvidos do presidente da República. Bolsonaro nunca foi um reformista, sempre defendeu pleitos corporativistas. Reforma haverá, mas os ataques precederam à apresentação do projeto. Por isso a questão é: que reforma haverá?” (Globo)

A PF, que investiga a fraude na primeira votação para a presidência do Senado, suspeita de seis senadores, cujos nomes não foram revelados. Eles são os únicos cujos votos não foram captados claramente pelas câmeras. Durante a tumultuada escolha do presidente da Casa, a primeira votação foi anulada porque a urna tinha 82 votos, quando só há 81 senadores. (Estadão)

Vinte e dois líderes do PCC, considerada a maior facção criminosa do país, foram transferidos nessa quarta-feira para presídios federais em Brasília, Rio Grande do Norte e Rondônia. Entre os detentos está Marco Camacho, o Marcola, líder da organização. Em 2006, a transferência de presos do PCC levou à maior onda de violência e ataques às forças de segurança no estado, que deixou 564 mortos. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que seu antecessor e inimigo Márcio França (PSB) havia recebido a ordem judicial para transferir os presos e não a cumpriu, mas foi desmentido pelo juiz responsável.

Francisco Leali: “O ministro da Justiça, Sergio Moro, debutou no governo atendendo uma promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro. Determinou a transferência de presos de segurança máxima para presídios federais. A medida do dia do governo ainda mexe com um assunto delicado, em se tratando de política prisional. Uma portaria assinada por Moro restringe as visitas de familiares nos presídios federais.” (Globo)

Uma das principais opositoras na imprensa ao governo do presidente filipino Rodrigo Duterte, a jornalista Maria Ressa foi presa ontem em Manila. Escolhida pela Time como uma das Pessoas do Ano em 2018, ela é acusada de “difamação virtual” contra um empresário. Para grupos de Direitos Humanos, é somente mais um ataque judicial a críticos do governo. (Folha)

Cotidiano Digital

A Apple deve lançar no dia 25 de março, em evento nos EUA, seu serviço de jornalismo por assinatura, já apelidado de “Netflix de notícias”, congregando numa mesma plataforma digital reportagens e artigos dos mais diversos veículos de comunicação por um valor mensal previsto de US$ 10. Jornais, revistas e TVs, porém, não estão muito animados. É que a Apple pretende ficar com 50% desse valor e ratear o resto entre os veículos de acordo com o acesso à notícias, o que prejudica a estratégia dos meios de comunicação investir nas assinaturas digitais próprias.

Depressão, ansiedade e mal estar generalizado. Estudos nos EUA sugerem que uma maneira de aliviar esses problemas é dar um tempo no Facebook. Pesquisadores das universidades NYU e Stanford analisaram as respostas de 1.422 pessoas que passaram um mês longe da rede social e as compararam com as do mesmo número que continuaram no mundo de likes. Os desconectados se sentiam de bem com a vida, com menos quadros de depressão e ansiedade. Para os especialistas, eles se viram longe dos sentimentos de inveja e frustração e da polarização crescente que o Facebook estimula.

Cultura

Morreu no Rio de Janeiro, aos 96 anos, em decorrência de uma parada cardíaca, a atriz e diretora Bibi Ferreira, uma das melhores e mais completas artistas do teatro brasileiro. Filha do lendário ator Procópio Ferreira e da bailarina espanhola Aída Izquierdo, Abigail Izquierdo Ferreira, a Bibi, literalmente cresceu nos palcos, “estreando” com apenas 24 dias de vida nos braços da madrinha Abigail Maia na peça Manhãs de Sol, de Oduvaldo Vianna. A estreia profissional de fato aconteceu aos 18 anos. Pioneira, dirigiu sua primeira peça, Fizemos Divórcio, em 1947, com a responsabilidade de comandar o próprio pai. Mas foi no teatro musical, a partir da década de 1960, que Bibi se transformou num mito, em peças como My Fair Lady, Alô, Dolly e O Homem de La Mancha. Seu papel mais intenso foi em Gota D’Água, adaptação de Chico Buarque e Paulo Pontes para a Medeia de Eurípedes (vídeo), mas seu maior sucesso comercial aconteceu com Piaf – A Vida de Uma Estrela (vídeo), que lhe valeu, além de prêmios no Brasil, uma condecoração do governo francês.

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A Disney divulgou o primeiro trailer oficial de Frozen 2, sequência do sucesso de 2013. O filme estreia em janeiro de 2020 nos cinemas.

E também ganhou seu primeiro trailer a cinebiografia de Tolkien, o autor de best-sellers como O Senhor dos Aneis (Amazon) e O Hobbit (Amazon). O filme mostrará sua vida antes de se tornar um renomado escritor, como professor da Universidade de Oxford e soldado britânico tentando sobreviver à Primeira Guerra Mundial. (Globo)

Poucos dias depois da repercussão envolvendo sua festa de aniversário, na Bahia, Donata Meirelles, diretora de estilo da Vogue, pediu demissão da revista. Fotos dela sentada em uma cadeira ao lado de mulheres negras vestidas de baianas viralizaram nas redes sociais. (Folha)

Além disso, o tradicional baile de carnaval da Vogue teria perdido patrocínios depois do ocorrido.

Viver

Um leopardo negro africano foi fotografado pela primeira vez em mais de um século. O registro foi feito por um fotógrafo britânico no Quênia. Animal extremamente raro, ele tem sido, há décadas, protagonista de várias lendas contadas na África. Pouquíssimas são as pessoas que já o viram, e a única evidência fotográfica desse tipo de leopardo data de 1909. (Globo)

Morreu o robô Opportunity. O contato com ele foi perdido em 10 de junho de 2018, quando uma tempestade de poeira envolveu Marte, escureceu a atmosfera por vários meses e impediu que o veículo recarregasse suas baterias solares. A missão do robô, que estava no planeta vermelho desde 2004 e confirmou a existência de água por lá, foi uma das mais bem-sucedidas da história da exploração do sistema solar. Agora, chegou oficialmente ao fim.

Um vídeo de quando o robô da Nasa completou 5 mil dias no planeta vermelho.

“Salve a rainha de Marte”, twittou Mike Seibert, ex-diretor e motorista do Opportunity.

Começou ontem e será retomado hoje o julgamento no STF sobre a criminalização da homofobia e da transfobia. Ontem, os ministros relatores leram seus relatórios e os advogados começaram a sustentar suas posições. Hoje, o dia deve ser iniciado pelo voto do ministro Celso de Mello. A expectativa é que Edson Fachin também leia seu voto. Não deve haver tempo hábil na sessão para que todos os ministros apresentem seus votos. Algum dos ministros também pode pedir vista, o que adiaria a decisão final.

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