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Você comenta com familiares ou colegas sobre determinado produto ou marca, e pouco tempo depois, como mágica, ele surge em um anúncio na tela. A sensação de vigilância e até espionagem é inevitável. E aí surge aquela dúvida: os nossos celulares são capazes de ouvir o que falamos? A questão se os aparelhos escutam as conversas offline sem o consentimento tornou-se uma das grandes teorias entre os usuários de smartphones. Isso porque big techs, como Google e Facebook, são também gigantes no mercado de publicidade digital e usam os dados de seus usuários para direcionar anúncios. Então, qual é o limite para as empresas que coletam as nossas informações?

Essa suspeita de “espionagem”, inclusive, foi objeto de estudo em universidades pelo mundo. Um grupo de especialistas em ciência da computação da Northeastern University e da Universidade de Boston testou, durante um ano, 17 mil aplicativos mais populares do Android, incluindo do grupo Meta, como Instagram e WhatsApp. Além dos apps, os pesquisadores analisaram se esses serviços mandavam informações para as rede sociais. Foram usados 10 celulares com um programa que automatizava interações humanas, reproduzindo conversas sobre preferências de consumo para que os microfones dos aparelhos as captassem. O estudo, publicado em 2018, concluiu que não há qualquer evidência de que esses apps usam o microfone para gravar ou enviar áudio sem autorização do usuário.

Outro estudo decidiu testar essa teoria. Em 2019, especialistas em segurança cibernética da empresa britânica Wandera colocaram dois telefones – um aparelho da Samsung, com sistema operacional Android, e um iPhone iOS, da Apple, em uma sala. Durante 30 minutos, eles colocaram ininterruptamente o som de anúncios para animais de estimação. Outros dois telefones foram colocados em uma sala silenciosa. Durante todo o tempo, os apps do Facebook, Instagram, Google Chrome, SnapChat, YouTube e Amazon ficaram abertos, com todas as permissões de acesso a informações concedidas. O experimento foi repetido por três dias. A conclusão? Os especialistas não notaram nenhum anúncio relevante para animais nos celulares e nenhum aumento significativo no uso de dados ou de bateria.

Empresas já têm o que querem

Há ocasiões em que, de fato, os dados são captados de forma ilegal. É o caso de ferramentas usadas por cibercriminosos que rastreiam a localização do aparelho e acionam até a gravação de áudio. Mas ao contrário do que muitos pensam, as empresas não usam estratégias não autorizadas para captar informações, como ouvir conversas sem consentimento. A razão para isso é que elas já têm todos os dados que precisam. Nós entregamos aos dispositivos as informações que os anunciantes desejam, seja autorizando que cookies rastreiem as atividades online ou aceitando os termos de uso (muitas vezes, sem ler). Existem as permissões para que aplicativos e serviços acessem a câmera, o microfone, a lista de contatos ou o GPS do smartphone. Hoje, a maioria dos smartphones conta com a tecnologia dos assistentes virtuais inteligentes, como Google e Siri. Esses serviços permitem usar comandos de voz em apps e fazer pesquisas na internet.

Patrícia Peck, CEO e sócia do Peck Advogados, conselheira titular do Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade (CNPD) e professora de Direito Digital da ESPM, explica que, de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados, o tratamento de informações pessoais por parte das empresas deve seguir regras para ser legítimo, e lembra que é importante nos atentarmos às permissões que os aplicativos solicitam em nossos celulares e negá-las se não forem condizentes com o uso. “O usuário, às vezes desatento, autoriza todas as solicitações, quando poderia ter escolhido. Da mesma forma devemos nos atentar aos critérios das plataformas quanto aos anúncios, pois há meios de controlar e restringir o recebimento dos anúncios por meio das configurações do perfil e do próprio aparelho celular”, diz. “A própria ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) emitiu um guia sobre cookies, que ajuda no entendimento conforme a LGPD.”

Embora não existam evidências técnicas definitivas de que somos “espionados” pelos nossos celulares, uma pesquisa recente encomendada pela NordVPN revelou que existem algumas técnicas que já são utilizadas visando esse tipo de coleta de informações. São os chamados “sinais ultrassônicos”, ou seja, sinais de alta frequência, inaudíveis para humanos (entre 18 kHz e 20 kHz) e que contêm dados coletados por aplicativos dos dispositivos. Por exemplo, um anúncio na TV pode ser captado por seu smartphone, o que faz com que o aparelho receba as informações ultrassônicas, e pouco depois, um anúncio da mesma marca aparece no feed de alguma rede social. Um estudo de 2017 realizado pela Technical University of Braunschweig, na Alemanha, detalhou a técnica e revelou que 234 aplicativos de Android eram capazes de detectar sinais ultrassônicos e gerar anúncios baseados neles nos celulares. Em 2016, a Comissão Federal do Comércio dos EUA (FTC) emitiu uma advertência formal a empresas que usam técnicas do tipo por preocupações com privacidade sem consentimento de usuários.

Um jeito simples de evitar essa coleta de dados é cancelar permissões autorizadas a aplicativos, como o acesso ao microfone. Basta alterar as configurações de privacidade no celular. “Também podemos negar os cookies não necessários em páginas, que geralmente possuem um aviso solicitando ‘Aceito todos os cookies’ ou ‘Apenas os cookies necessários’. E sempre ler os termos de uso”, alerta Patrícia Peck.

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