Prezadas leitoras, caros leitores —
Talvez vocês já tenham lido o nome da escritora Ayn Rand, por aí. Mas e Curtis Yarvin? Ou, então, Eliezer Yudkowsky? Para aqueles profundos conhecedores da esquerda radical americana dos anos 1960, o nome David Horowitz é possivelmente familiar. É provável que os leitores mais dedicados de filosofia conheçam Peter Singer, o octogenário professor emérito de bioética em Princeton. Mas sabem, também, que tanto Horowitz quanto Singer estão entre os mais influentes pensadores do Vale do Silício de hoje? Assim como Yarvin, assim como Yudkowsky e, claro, Rand.
Enquanto da Casa Branca Donald Trump ergue a bandeira das plataformas digitais em seu ataque ao Brasil, há uma explicação ideológica para que um bom naco da indústria tenha se aproximado do atual presidente. Daquele mix de um comunitarismo hippie com o típico liberalismo progressista da Califórnia dos anos 1970 que deu origem ao Vale nasceram muitos filhos. É possível distribuir ideologicamente os principais nomes da tecnologia em alguns poucos grupos. E, dentre as ideias que mobilizam a indústria da tecnologia hoje, algumas se aproximam de um tecno-supremacismo. Pedro Doria conta essa história na Edição de Sábado.
E mais. A população em todo o mundo está envelhecendo, o Japão, por exemplo, já tem mais idosos que jovens. Adriano Oliveira nos mostra a “gerontecnologia”, aparelhos e aplicativos desenvolvidos especificamente para facilitar (e tornar mais segura) a vida desse público sênior. E Guilherme Werneck escolhe dez melhores discos brasileiros lançados neste ano (até agora), numa seleção para agradar conservadores e aventureiros.
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Os editores.
Lula diz que tarifas são ‘chantagem inaceitável’ e chama de traidores quem as apoia
Depois de dias buscando contato com os Estados Unidos para abrir negociações sobre o tarifaço de Donald Trump e impulsionado pelas pesquisas de opinião que mostram uma melhora na avaliação do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez na noite desta quinta-feira um pronunciamento em rede de rádio e televisão no qual a carta enviada por Trump na semana passada como uma chantagem inaceitável. Lula afirmou que a tentativa de interferir na Justiça brasileira são um grave atentado à soberania nacional. Lembrou ainda que o Brasil vem tentando negociar com o governo americano há meses, em mais de dez reuniões bilaterais. Uma proposta oficial de negociação, de acordo com o presidente brasileiro, foi enviada em maio para Washington e até o momento foi sequer respondida. “Esperávamos uma resposta, e o que veio foi uma chantagem inaceitável, em forma de ameaças às instituições brasileiras, e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos”, disse Lula em seu pronunciamento. (Poder360)
O presidente ainda afirmou que os políticos brasileiros que apoiam as medidas americanas são traidores da pátria. “Minha indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem o apoio de alguns políticos brasileiros. São verdadeiros traidores da pátria. Apostam no quanto pior, melhor. Não se importam com a economia do país e os danos causados ao nosso povo”, disse o Lula, em recado claro à família Bolsonaro e seus apoiadores diretos, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). (CNN Brasil)
Veja a íntegra do pronunciamento de Lula. (YouTube)
Lula aproveitou o 60º Congresso da UNE em Goiânia (GO) e fez também um discurso inflamado, acusando Trump de interferência nos assuntos internos do país e defendendo de forma intransigente a soberania nacional. Diante da União Nacional dos Estudantes, uma plateia que historicamente sempre lhe deu apoio incondicional, Lula classificou Trump como “um gringo que quer mandar no Brasil”. “Não é um gringo que vai dar ordem a este presidente da República. Não é. Eu sei a quem devo respeitar neste país”, disse ele, enquanto os estudantes gritavam: “Ah-ha, uh-uh, o Brasil é nosso”. (UOL)
No mesmo discurso, Lula acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), de serem traidores da pátria. O presidente afirmou que os dois não tiveram nenhuma preocupação com os prejuízos que o tarifaço de Trump trará para a indústria, a agricultura e o salário dos brasileiros. “Que ele tenha vergonha, se esconda da sua covardia e deixe este país viver em paz”, disse Lula sobre a atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos em favor do pai. Lula afirmou que o Brasil vai taxar as empresas de tecnologia americanas, um projeto antigo do governo que vem sendo estudado desde o ano passado. Ele defendeu ainda o controle sobre as redes sociais e afirmou que não aceita que, em nome da liberdade de expressão, as plataformas online sejam usadas para promover agressões. “A gente vai julgar e cobrar impostos das empresas americanas digitais”, declarou Lula no evento da UNE. (R7 e Folha)
O presidente brasileiro aproveitou para se dirigir diretamente aos Estados Unidos. Em uma entrevista para a rede americana CNN, ele afirmou que Trump foi eleito para governar os Estados Unidos e não “para ser o imperador do mundo”. Lula ainda reafirmou a independência do Judiciário brasileiro. “O presidente da República não tem influência alguma sobre outro poder”, disse à jornalista Christiane Amanpour. (CNN)
A porta-voz oficial da Casa Branca, Karoline Leavitt, comentou a entrevista que Lula deu à CNN. Segundo ela, Trump não foi eleito para ser um imperador do mundo, mas é um “líder forte com influência global” e o “líder do mundo livre”. (Globo)
Mais tarde o presidente americano reagiu às investidas de Lula, reafirmando que impôs tarifas ao Brasil por conta do processo que investiga a trama golpista e que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro a mais de 40 anos de prisão. Em uma carta endereçada a Bolsonaro e publicada em sua própria rede social, a Truth Social, Trump afirmou que um “sistema injusto se voltou contra Bolsonaro”. O presidente americano também reiterou que o julgamento contra Bolsonaro deveria ser encerrado imediatamente. Trump acusou ainda o atual governo brasileiro de realizar ataques à liberdade de expressão tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. “Minha sincera esperança é de que o governo brasileiro mude de rumo, pare de atacar os opositores políticos e encerre esse regime ridículo de censura. Estarei observando de perto”, escreveu Trump na carta a Bolsonaro. (Metrópoles)
Enquanto isso... Trump foi diagnosticado com insuficiência venosa crônica pelos médicos da Casa Branca, após apresentar pequenos hematomas nas mãos e inchaço nas pernas. O médico que atende o presidente americano afirmou que serão realizados testes mais aprofundados para avaliar melhor o problema, que consiste na dificuldade das veias em reenviar o sangue para o coração. Segundo ele, a condição de Trump é benigna e o problema é comum em pessoas com mais de 70 anos. (New York Times)
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estava distante da crise das tarifas com os Estados Unidos, envolvido em suas próprias batalhas em Brasília. Na quinta-feira, no entanto, Haddad entrou na força-tarefa do governo para atacar os Bolsonaro e reafirmar o tom político do tarifaço americano. De acordo com o ministro, o Brasil está sendo sacrificado por Bolsonaro. “Ele (Bolsonaro) é quem deveria estar se sacrificando pelo Brasil”, afirmou. Haddad também classificou como “abjeto” o comportamento do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao defender o ex-presidente, e disse que as negociações com os Estados Unidos precisam ser centralizadas no governo federal. Além disso, o ministro defendeu que devedores contumazes do fisco deveriam ir para a cadeia. “A gente está chamando de devedor contumaz, mas é um eufemismo para falar de um criminoso”, declarou Haddad. (Estadão)
O governo está avaliando vetar parcial ou integralmente o projeto aprovado pelo Congresso na madrugada de quinta-feira afrouxando as regras de licenciamento ambiental. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a lei não foi aprimorada, mas sim “decepada” pelos parlamentares. (Folha)
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Viver
O presidente Lula sancionou nesta quinta-feira um projeto de lei que garante a reconstrução mamária pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pela rede privada para todas as mulheres que foram mutiladas, independentemente do motivo. Até agora, a legislação previa o procedimento apenas em caso de câncer. A senadora Margareth Buzetti (PSD-MT), autora do projeto, afirma que milhares de mulheres mutiladas por acidentes, violência e outras doenças precisaram enfrentar anos de batalha na Justiça para conseguir a reconstrução da mama. O novo texto também prevê o direito ao acompanhamento psicológico e multidisciplinar especializado para as pacientes. (Globo)
Uma técnica inovadora envolvendo fertilização in vitro com DNA de três pessoas gerou oito crianças livres de doenças hereditárias no Reino Unido. Um estudo publicado na revista científica New England Journal of Medicine relatou o caso de 22 mulheres com mitocôndrias causadoras de doenças que passaram pelo método de doação mitocondrial, que envolve a transferência de um óvulo fertilizado com mitocôndrias defeituosas para outro doado com mitocôndrias saudáveis. Doenças mitocondriais podem prejudicar as células de órgãos vitais, como cérebro e coração. (g1)
Para ler com calma. Nos últimos anos, a metanfetamina se espalhou pelos Estados Unidos, tornando-se um dos maiores desafios contra as drogas no país. Sem tratamento médico disponível, cada vez mais clínicas têm pagado aos pacientes para pararem de usar a substância como estratégia para diminuir o consumo. Os adictos costumam comparecer duas vezes por semana para o teste de urina para detecção de drogas. Se nada constar, eles recebem diferentes recompensas, de vale-presentes a dinheiro em espécie. Pesquisas mostram que essa abordagem produz melhores resultados para o vício em estimulantes do que aconselhamento ou terapia cognitivo-comportamental. (Folha)
Meio em vídeo. Amizade entre homem e mulher ainda soa como “ficção científica”? No De Tédio a Gente Não Morre, Mariliz Pereira Jorge desmonta esse mito machista — e até reforçado por mulheres — de que não há relacionamento sem sexo entre gêneros. Confira. (YouTube)
Cultura
Rio e São Paulo voltam a ter uma dobradinha interessante neste fim de semana, dessa vez para quem gosta de música. A Pista Quente montou uma turnê para receber o produtor inglês Steven Julien, da Aron Records, para tocar nas duas cidades. Também no Rio, tem uma mostra no Museu do Amanhã com 130 obras envolvendo ciência, sustentabilidade e espiritualidade e novo espetáculo da Companhia de Dança Deborah Colker. Em São Paulo, tem uma versão multimídia da Odisseia, de Homero, misturando música e elementos multimídia no Teatroiquè e um encontro especial entre a cantora Áurea Martins e o pianista Cristovão Bastos no Sesc Pinheiros. Leia todas as sugestões no site do Meio.
Morreu nesta quarta-feira a cantora Connie Francis, aos 87 anos, informou seu amigo e presidente da gravadora Concetta Records, Ron Roberts, nas redes sociais. Ela liderou as paradas com clássicos dos anos 1950 e 60 como Stupid Cupid e Where the Boys Are, voltando ao sucesso recentemente, após viralizar no TikTok com Pretty Little Baby (Spotify) mais de 60 anos depois. Em 1960, ela se tornou a primeira mulher a chegar ao primeiro lugar na Billboard Hot 100 com Everybody's Somebody's Fool e, mais tarde, tornou-se a primeira mulher a ter três músicas na primeira posição. Também se tornou uma das primeiras artistas a gravar regularmente álbuns cantados inteiramente em outras línguas, como italiano, alemão, romeno e espanhol. (Variety)
Vencedor do Oscar com Ainda Estou Aqui, o diretor brasileiro Walter Salles será um dos homenageados pelo Museu da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, ao receber o Luminary Award em noite de gala para arrecadação de fundos, que acontecerá em 18 de outubro. O evento ainda vai oferecer o Prêmio Legacy ao cantor Bruce Springsteen, que fará uma apresentação ao vivo, além dos prêmios Icon para a atriz Penélope Cruz e Vantage ao comediante Bowen Yang. No ano passado, Rita Moreno, Paul Mescal e Quentin Tarantino foram os homenageados, em edição que arrecadou mais de US$ 11 milhões. (Deadline)
Cotidiano Digital
A OpenAI está lançando um novo agente de IA de uso geral no ChatGPT, que vai realizar uma variedade de tarefas em nome dos usuários. A companhia de Sam Altman afirma que o agente pode navegar automaticamente pelo calendário do cliente, gerar apresentações de slides editáveis e executar códigos. Chamada de agente ChatGPT, a ferramenta combina recursos agênticos lançados anteriormente pela gigante da IA, como a capacidade do Operator de clicar em sites e sintetizar informações de dezenas de sites em um relatório conciso com o Deep Research. A novidade está disponível para assinantes dos planos Pro, Plus e Team, podendo ser acionada ao selecionar o “modo agente” no chatbot. (TechCrunch)
A Roblox anunciou a adoção de uma nova ferramenta para verificar a idade de usuários que desejam conversar mais livremente na plataforma de jogos. A tecnologia fornecida pela empresa Persona utiliza um software de análise facial para estimar a idade e determinar se o jovem tem mais de 13 anos e pode acessar o novo recurso de “conexões confiáveis”, que permite participar de bate-papos privados e não filtrados com outros usuários com idade controlada. O procedimento não será necessário para aqueles que já usaram seus documentos de identidade para verificar sua idade e acessar determinados jogos adultos na plataforma. A companhia afirma que continuará monitorando proativamente todas as conversas em busca de “danos críticos”. (CNBC)
Meio em vídeo. No Pedro+Cora, os jornalistas Pedro Doria e Cora Rónai falam sobre a compra de Cora, que adquiriu uma Bíblia na Amazon Prime Day. No programa, eles conversam sobre religião, a relação de leitura dos jornalista com a Bíblia, os tipos diferentes de escrita religiosa e como o ChatGPT pode escrever crônicas para ajudar a explicar histórias da Bíblia. Confira! (YouTube)
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