Crise de Bolsonaro com Mandetta chega ao ponto mais agudo
O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta acordou hoje preso ao cargo por um fio. Ontem, de acordo com o Painel, avisou à equipe que o presidente Jair Bolsonaro já está em reuniões para definir o nome de seu substituto e que ele concordou em seguir no posto até esta definição. (Folha)
De acordo com a apuração do Radar, o deputado Osmar Terra tem a simpatia dos filhos do presidente. Presidente do Conselho do Hospital Albert Einstein, o médico Claudio Lottenberg foi cogitado — mas suas ligações com o governador paulista João Doria criam resistência no Planalto. Uma saída conciliatória poderia ser João Gabbardo, secretário-executivo de Mandetta. Bolsonaro conta com o apoio dos generais no Palácio em sua decisão de demitir o ministro. (Veja)
Pois é... Guilherme Amado conseguiu um áudio enviado por Terra ao senador Flávio Bolsonaro. “A boa notícia é que a epidemia já está em declínio em São Paulo”, afirma o candidato a ministro. “Não está caindo, está desabando. É o momento de a gente comemorar.” Ouça. (Época)
São Paulo bateu ontem seu recorde de internações num único dia por Covid-19. Há, segundo números da terça dia 14, 1.111 pessoas em leitos de UTI no estado. Os hospitais públicos todos já passaram de 75% da capacidade de ocupação. (G1)
Carlos Ayres Britto, ex-ministro do STF: “É possível extrair da Constituição diretamente essa ordem de ‘fique em casa’. Sobretudo no artigo 196, que estabelece a saúde como direito de todos e dever de União, estados e municípios. É um direito a ser garantido mediante a adoção de políticas sociais e econômicas que se voltem ao combate da doença, para viabilizar o acesso universal e igualitário aos serviços de saúde pública. Isto está escrito com todas as letras. Não há outro modo eficiente de administrar a crise senão pela política de quarentena. Há sustentáculos para essa política pública a partir da Constituição brasileira? Há. E legitimam, portanto, essas políticas que vem sendo adotadas, não só no Brasil.” (Globo)
Aliás... Hoje o Supremo realizará sua primeira sessão por videoconferência. (Poder 360)
Washington Post em editorial: “O novo coronavírus se tornou um teste global de qualidade em governança. A severidade da epidemia depende de quão bem — ou mal — governantes respondem a ela. Os melhores se mostraram os de Nova Zelândia, Taiwan, Coreia do Sul e Alemanha, que reduziram infecções e mortes usando testes, acompanhando como as pessoas se deslocam e instituindo quarentenas. O fundo do poço também chama a atenção: nele estão os da Bielorússia, Turcomenistão, Nicarágua e Brasil, que ignoram a seriedade do vírus e incentivam a população a agir como se nada estivesse ocorrendo. Deles todos, o caso mais grave é o do presidente brasileiro Jair Bolsonaro.” (Washington Post)
Os governadores do Rio, Wilson Witzel, e do Pará, Hélder Barbalho, anunciaram ontem estarem com o novo coronavírus. Witzel tem sintomas de Covid-19. Barbalho, por enquanto, não. Ambos seguem trabalhando, mas isolados e em casa. (Poder 360)
O ex-presidente americano Barack Obama endossou oficialmente seu vice, Joe Biden, como candidato do Partido Democrata à Casa Branca. Aproveitou para fazer um discurso contundente sobre liderança em tempos de pandemia. (Twitter)
Viver
Os Estados Unidos registraram 2.228 mortes relacionadas à pandemia do novo coronavírus nas últimas 24 horas, segundo uma contagem feita pela Universidade Johns Hopkins na noite de ontem. A cidade de Nova York ultrapassou a marca de 10 mil mortos por covid-19. O número aumentou significativamente após autoridades passarem a incluir pessoas que não foram testadas, mas 'presumivelmente' portavam o novo coronavírus, na contagem oficial.
Já a Itália atingiu o menor crescimento diário de novos contaminados pelo coronavírus em um mês.
O NHS britânico, sistema público de saúde do Reino Unido, funciona melhor que o SUS brasileiro? Para entender as semelhanças e diferenças, o Nexo conversou com o português João Nunes, doutor em relações internacionais.
João Nunes: “Esse é um sistema que tem diferença de funcionamento em relação ao sistema brasileiro pela forma como ele está desenhado, mas não só isso. O Brasil tem um perfil epidemiológico muito diferente do Reino Unido. Combina doenças de países em desenvolvimento, como as doenças transmitidas por mosquitos, as doenças de parasitas, as doenças tropicais, com doenças ditas de países desenvolvidos, como são as doenças respiratórias e cardíacas. Além disso, o Brasil tem uma imensa diversidade territorial e econômica. O SUS é bem descentralizado, o que tem vantagens e desvantagens. Ele depende da administração local para a gestão dos recursos e implementação das ações. Ele tem que ser um sistema descentralizado para responder às demandas, mas, ao mesmo tempo, isso torna o sistema muito dependente do nível local – depende então se há ou não há probidade política local, ou se a autoridade local gasta a verba em saúde ou em outras coisas. No Brasil depende muitas vezes da boa vontade do implementador local, portanto”.
Enquanto isso, na Alemanha, uma advogada que se tornou uma espécie de heroína dos negacionistas da pandemia de coronavírus foi detida no último domingo após agredir um policial. Ela foi posteriormente internada em uma clínica psiquiátrica.
Nenhuma terapia se mostrou efetiva até agora. É que afirma um levantamento recente feito por cientistas da Universidade do Texas analisando mais de 100 testes clínicos de medicamentos para combater a Covid-19. O trabalho, encomendado pela AMA (Associação Médica Americana), lista muitas iniciativas já fracassadas e algumas poucas que deixam cientistas ainda intrigados, sem esconder a frustração com falta de evidência para as drogas usadas até agora.
Sobre vacinas, as iniciativas em andamento segundo compilado da Nature. São 115 vacinas em desenvolvimento, 78 registradas. Dessas, cinco estão em testes clínicos. (Twitter)
Cultura
A Netflix anunciou a doação de R$ 5 milhões para ajudar trabalhadores do setor audiovisual brasileiro que foram afetados pela quarentena do novo coronavírus. O valor faz parte de um fundo criado pela plataforma, junto com o ICAB (Instituto de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros). A ideia é beneficiar até 5.000 pessoas com depósito único no valor do salário mínimo, R$ 1.045. A doação da plataforma faz parte do fundo US$ 100 milhões (cerca de R$ 505 milhões), anunciado no dia 20 de março, para ajudar pessoas do setor prejudicadas pela pandemia em vários países como o Brasil, que, segundo a plataforma, “é onde a Netflix tem uma grande base de produção”.
A indústria fonográfica está tendo bons resultados neste período de isolamento. No Spotify, por exemplo, de 13 de março até o último domingo, as 200 músicas mais ouvidas por dia no Brasil foram tocadas 953 milhões de vezes. No mesmo período do ano passado, foram 831 milhões.
Cotidiano Digital
Os robôs estão entrando na linha de frente contra a pandemia. O chinês Aimbot, da startup Ubtech, por exemplo, foi desenvolvido originalmente para monitorar ambientes. Agora, ganhou sensores para medir temperatura corporal e detectar uso de máscaras em grupos de até 15 pessoas, alertando quando alguém com febre não está vestindo equipamentos de proteção. Na Itália, profissionais de saúde têm usados robôs com câmeras para acompanhar e se comunicar à distância com os pacientes internados. O mesmo tem sido feito no Hospital das Clínicas de São Paulo. Robôs têm ajudado no processo de triagem para evitar contaminação dos profissionais. Uma pesquisa global da Pulse, descobriu que metade das cerca de 50 empresas em sua rede está usando algum tipo de automação para ajudar os funcionários da linha de frente. Os robôs, no entanto, ainda não são suficientes ou estão bem desenvolvidos para suprir a demanda atual. Mas especialistas concordam que a intensificação do uso vai abrir mais espaço para eles no futuro.
O Brasil é o primeiro país a testar o Stories do LinkedIn. Agora, profissionais e marcas poderão compartilhar por 24 horas fotos e vídeos de até 20 segundos com sua rede de contatos.