News do Meio

Bolsonaro usa Queiroga como cortina de fumaça

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, encarnou ontem seu antecessor, o general Eduardo Pazuello, sempre pronto a atender aos caprichos do presidente Jair Bolsonaro, mesmo que isso significasse ir na contramão do que diziam especialistas no combate à Covid-19. Pior, como detalha Vera Magalhães, o fez para criar uma tripla cortina de fumaça a fim de desviar a atenção da falta de vacinas e dos caminhos que vem tomando a CPI da Pandemia. “O anúncio intempestivo em que recomendou a interrupção da vacinação de adolescentes entre 12 e 17 anos que não tenham comorbidades pegou técnicos, especialistas, governadores, prefeitos e pais de todo o país desprevenidos. Levou mais caos e desinformação ao programa de imunização”, diz Vera. Mas o que a fumaça pretendia esconder? 1) Que há “momento de apagão logístico no envio de vacinas”; 2) que a CPI tem em mãos documentos que acusam o plano de saúde Prevent Senior de omitir mortos em um estudo sobre cloroquina alardeado por Bolsonaro; e 3) que juristas peso-pesado estão auxiliando a CPI na tipificação dos diversos crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente. “Se alguém tinha esquecido o desastre que é esta gestão, Queiroga tratou de reavivar a memória de forma trágica”, conclui Vera. (Globo)

Ex de Bolsonaro vai à CPI

A CPI da Pandemia aprovou ontem a convocação de Ana Cristina Valle, segunda ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro e mãe de Jair Renan. Os senadores querem que ela explique sua ligação com Marconny Albernaz de Faria, suposto lobista da Precisa Medicamentos, intermediária da compra suspeita de vacinas indianas pelo Brasil. Na justificativa da convocação os integrantes da CPI dizem que mensagens gravadas indicam tráfico de influência feito por Ana Cristina a pedido de Faria junto à Secretaria Geral da Presidência. (UOL)

Dupla derrota para Bolsonaro, Senado e STF sepultam MP das Fake News

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), devolveu ontem ao Executivo a medida provisória que alterava o Marco Civil da Internet. Editada na véspera dos atos de 7 de setembro e apelidada de MP das Fake News, ela proibia redes sociais e provedores de retirarem do ar conteúdos como discurso de ódio e notícias falsas. Pacheco argumentou o tema já tramita em projetos no Congresso. Com isso, todos os efeitos da MP ficam anulados. (G1)

Bolsonaro usa fracasso do MBL para reanimar sua base

Assustado com o tombo em sua popularidade após a “carta de recuo” retórica redigida por Michel Temer e a desmobilização da greve de caminhoneiros, o presidente Jair Bolsonaro ganhou uma ferramenta para reaglutinar sua base: o fracasso de público dos atos pelo impeachment convocados por MBL e Vem Pra Rua. “Dignos de dó”, foi como Bolsonaro definiu os manifestantes, enquanto seus ministros e aliados mais próximos iam fundo na ironia. “Mandetta, pode ir para a manifestação que o distanciamento social está sendo ‘totalmente respeitado’ em todas as manifestações”, escreveu Fábio Faria, ministro das Comunicações. Igualmente importante, na avaliação dos palacianos, é que o fiasco mostrou que uma terceira via eleitoral é artificial e fortaleceu o duelo entre Bolsonaro e Lula. (Folha)

Ato anti-Bolsonaro de MBL e VPR fracassa sem PT

Foram vazias as manifestações convocadas para o domingo em todo o país pelo Movimento Brasil Livre e Vem Pra Rua, pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Na Avenida Paulista, segundo os cálculos da Secretaria de Segurança Pública, havia cerca de seis mil pessoas. Na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, não chegou a mil. O MBL chegou a suavizar seu discurso — inicialmente o slogan era Nem Lula, Nem Bolsonaro — e assim atraiu parte da esquerda: PDT e PCdoB estavam presentes, assim como a UNE e a UJS. (Poder 360)

Sob tutela de Temer, Bolsonaro abranda tom com STF

Pressionado pela reação dura do STF a seus discursos golpistas em 7 de setembro e vendo sair do controle os bloqueios de estradas feitos por caminhoneiros apoiadores do governo, o presidente Jair Bolsonaro pediu socorro a seu antecessor. Michel Temer foi levado para Brasília num avião da FAB e, nas próprias palavras, já chegou com uma nota à qual Bolsonaro fez “uma pequena observação”. Com a marca de Temer da primeira à última linha, na “Declaração à Nação” Bolsonaro diz que nunca teve “intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar”, e que suas “palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”. (UOL)

Bolsonaro perde controle dos seus e caminhoneiros ameaçam parar o país

Na esteira dos atos bolsonaristas, caminhoneiros bloquearam estradas federais em pelo menos 16 estados nesta quarta-feira. Em vez das reivindicações da categoria, os cartazes nos caminhões traziam ataques ao STF e a outras instituições da democracia. Houve incidentes de violência contra motoristas que se recusaram a aderir, e já há registro de falta de combustíveis em postos no Norte de Santa Catarina devido ao bloqueio de uma base de distribuição. (Metrópoles)

E agora, Lira?

Uma frase do presidente Jair Bolsonaro, proferida ontem em seu discurso na Avenida Paulista, pôs Brasília imediatamente em alerta. “Quero dizer a vocês” afirmou, microfone à mão, “que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá.” O problema da frase é que ela tão clara, tão precisa, que em si enquadra Bolsonaro num crime de responsabilidade registrado explicitamente no artigo 85 da Constituição. “São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra o livre exercício do Poder Judiciário, o cumprimento das leis e das decisões judiciais.” O Centrão, repentinamente, ficou sem espaço de manobra retórica para argumentar que houve mal entendido. Bolsonaro declarou de viva voz que tem planos de cometer o único crime de responsabilidade claramente inscrito na Constituição e não em lei complementar, um crime cuja única punição é o impeachment imediato. (G1)

Bolsonaristas amanhecem a 500 metros do Supremo

Foi rápido. Na noite de ontem, após intensa pressão, um grupo de bolsonaristas acompanhado de inúmeros caminhões rompeu o cerco policial e avançou na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, até a altura do Palácio do Itamaraty. Antes das 22h já estava a cerca de 500 metros da Praça dos Três Poderes, a menos de um quilômetro do Palácio do Supremo. À frente do grupo, sorridente, avançava também o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho Zero Três. A tropa de choque foi mobilizada e, durante a madrugada, a maior preocupação da polícia era com o forte consumo de álcool no local. Não parou de chegar gente um minuto. A expectativa da PM é de que cem mil pessoas compareçam à manifestação de agora pela manhã. O presidente Jair Bolsonaro vai discursar — à tarde segue para São Paulo, onde também falará no evento da Avenida Paulista. (Correio Braziliense)

País em suspenso, tensão política no máximo

Jair Bolsonaro depende do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) para ter viabilidade eleitoral em 2022. E tanto o Supremo quando o Centrão, grupo que dá apoio ao governo no Legislativo, alertam que a pregação golpista nos atos convocados para amanhã pode fechar essa porta. O STF, por exemplo, é crucial para o parcelamento de precatórios, que viabilizaria um programa assistencial federal. Já a base no Congresso avalia que a retórica radical tem impacto negativo sobre a economia, alimentando a queda de popularidade do presidente. Partidos do Centrão já discutem abertamente o desembarque do governo. (Folha)