News do Meio

País em suspenso, tensão política no máximo

Jair Bolsonaro depende do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) para ter viabilidade eleitoral em 2022. E tanto o Supremo quando o Centrão, grupo que dá apoio ao governo no Legislativo, alertam que a pregação golpista nos atos convocados para amanhã pode fechar essa porta. O STF, por exemplo, é crucial para o parcelamento de precatórios, que viabilizaria um programa assistencial federal. Já a base no Congresso avalia que a retórica radical tem impacto negativo sobre a economia, alimentando a queda de popularidade do presidente. Partidos do Centrão já discutem abertamente o desembarque do governo. (Folha)

MP age para barrar PMs em atos pró-Bolsonaro

O Ministério Público entrou em campo para conter o ímpeto radical das polícias militares. Em seis estados – SP, PE, CE, PA, MS e SC – e no Distrito Federal promotores e um juiz militar entraram com ações para questionar a participação de PMs em atos políticos no feriado de Sete de Setembro. O MP interpelou o governo do DF após a PM indicar que não puniria policiais que violassem o estatuto da corporação e participassem de atos em favor do presidente. (Folha)

Bolsonaro chama momento político de ‘guerra’

Jair Bolsonaro parece usar todas as oportunidades para reforçar o discurso beligerante. Numa homenagem a atletas militares medalhistas em Tóquio, o presidente entregou uma comenda “pessoal” ao pugilista Herbert Conceição, vencedor do ouro olímpico. “É uma medalha pessoal, tenho certeza que ele vai guardar para a vida toda, não posso dar para todo mundo… Foi tiragem bastante reduzida”, afirmou. “Não pode mostrar para ninguém.” Em seguida, ainda falando com Conceição mas tendo os ouvidos de todos os presentes, Bolsonaro emendou: “Enfia a porrada, guerreiro, é isso aí. Com flores não se ganha guerra não, pessoal. Quando se fala em armamento, quem quer a paz, se prepare para a guerra.” (Poder360)

Justiça fecha o cerco sobre filho Zero Dois

Nem STF, nem TSE, nem CPI. Quem tirou o sono do presidente Jair Bolsonaro foi o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que determinou ontem a quebra dos sigilos bancário e fiscal do vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), o filho Zero Dois, e de outras 26 pessoas e sete empresas. Todos são investigados desde 2019 por um suposto esquema de contratação de funcionários fantasmas e de “rachadinhas”, quando o parlamentar fica com parte dos salários dos assessores, na Câmara Municipal do Rio. Em setembro do ano passado já havia surgido a informação de que o gabinete do filho do presidente teria gastado R$ 7 milhões com funcionários fantasmas – entre eles parentes de uma ex-mulher de Jair Bolsonaro. (G1)

Agro faz defesa enfática da democracia; já a Fiesp recua

Visto como um setor umbilicalmente ligado ao governo Bolsonaro, o agronegócio, ou pelo menos parte importante dele, divulgou na segunda-feira um manifesto fazendo uma defesa enfática da democracia e manifestando preocupação com “os atuais desafios à harmonia político-institucional e, como consequência, à estabilidade econômica e social em nosso país”. Sete entidades do setor, incluindo a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), afirmam que o Brasil não pode se apresentar ao mundo como “uma sociedade permanentemente tensionada em crises intermináveis ou em risco de retrocessos e rupturas institucionais”. Também ontem, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, suspendeu a divulgação de um manifesto bem mais brando elaborado incialmente pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e encampado pela entidade. (G1)

Manifesto do PIB defende democracia; BB e CEF ameaçam deixar Febraban em repúdio

Capitaneado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), um manifesto a ser divulgado amanhã e assinado por 200 entidades empresariais pela harmonia entre os Poderes e o respeito à democracia provocou reação radical do Banco do Brasil e da Caixa, bancos do governo federal. Com o aval do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, duas das instituições ameaçam se desligar da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), que participa do manifesto, e devem fazer o mesmo em relação à Ambima, que reúne também corretoras de valores. Embora não mencione o presidente, o entendimento do governo é de que o manifesto é uma crítica ao discurso cada vez mais radical de Bolsonaro — motivo pelo qual a Federação das Indústrias do Rio (Firjan) ficou de fora. (Globo)

Após massacre, Biden jura vingança

“Vamos caçá-los e vamos fazê-los pagar.” Assim reagiu o presidente Joe Biden aos atentados a bomba que atingiram ontem os arredores do aeroporto de Cabul, matando ao menos 13 militares americanos e 95 afegãos, incluindo patrulhas do Talibã. O crime foi reivindicado por um braço local do Estado Islâmico. O clima na área era tenso havia dias. Tanto os países Europeus quanto o Talibã orientavam as pessoas a não tentarem chegar ao aeroporto, onde milhares de estrangeiros e afegãos já se amontavam tentando deixar o país desde que a milícia fundamentalista retomou o poder. (UOL)

No Senado, no STF e até no Exército, dia de derrotas para Bolsonaro

“Sejamos, junto aos irmãos brasileiros, inspiradores de paz, união, liberdade, democracia, justiça, ordem e progresso, que o nosso povo tanto almeja e merece, dedicando-nos, inteiramente, à defesa da soberania nacional e ao bem do nosso amado país.” Foi assim, sem deixar espaço para interpretações golpistas, que o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, se manifestou ontem em cerimônia do Dia do Soldado. Foi a primeira vez que falou em público desde que as ameaças do presidente Jair Bolsonaro se agravaram. E não foi a única má notícia do dia para o presidente, que sofreu derrotas em quase todas as frentes de conflito que abriu. Duas de suas demandas mais apregoadas, o impeachment no Senado do ministro do STF Alexandre Moraes e a ação para que o Supremo não abra investigações sem aval da Procuradoria-Geral da República, morreram sem nem chegar perto da praia. (Globo)

Governadores querem ajuda militar para manter disciplina nas PMs

A tensão entre os governadores em relação aos atos marcados para o Sete de Setembro segue alta. Segundo Bela Megale, eles querem conversar com o comando das Forças Armadas antes do feriado. As convocações de PMs para engrossar manifestações pró-governo serão um dos temas dessas conversas. (Globo)

Indisciplina nas PMs e ameaça de golpe põem em alerta governadores

A segunda-feira era para ser o dia em que os governadores, em reunião virtual, tentariam botar água na fervura entre o Planalto e o STF. Em vez disso, o dia começou em plena ebulição, com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afastando sumariamente o coronel da PM Aleksander Toaldo Lacerda do Comando de Policiamento do Interior (CPI) 7. Ele usava sua conta no Facebook para atacar autoridades, incluindo o próprio Doria, e convocar “amigos” para o ato bolsonarista no Sete de Setembro. A insubordinação das PMs passou a ser o tema do encontro. (G1)