Ataque de Aras a forças-tarefas racha Ministério Público

A crise interna do Ministério Público se agravou, durante o fim de semana, com críticas de procuradores contra o procurador-geral, Augusto Aras. “O belo desenho institucional do MP na Constituição de 1988 está sob ameaça de ser grosseiramente rasurado”, afirmou Roberson Pozzobon, um dos integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, que Aras deseja desmantelar. O subprocurador geral Mario Bonsaglia foi no mesmo caminho. “O MPF vive a maior crise de sua história em meio a uma clara tentativa de centralização hierárquica.” Um dos preceitos do MP é de que o PGR não é chefe de todos, pois cada procurador é independente de acordo com a Constituição. Na sexta-feira, durante sessão do Conselho Superior do MPF, Aras já havia batido boca com um dos procuradores que concorreram ao seu cargo, Nicolao Dino, irmão mais velho do governador maranhense. “Vossa Excelência, com o peso da autoridade do cargo que exerce, e evocando o pretexto de corrigir rumos ante a supostos desvios das forças-tarefas, fez graves afirmações em relação ao funcionamento do Ministério Público Federal em debate com advogados”, atacou Dino. “Aqui não será palco político de Vossa Excelência e de ninguém”, lhe respondeu Aras tentando interromper o debate. A sessão foi bruscamente encerrada. Assista. A Quinta Câmara de Coordenação e Revisão da PGR, responsável por combate à corrupção, pediu a Aras que dê um mínimo de seis meses para operação das forças-tarefas que ele planeja reestruturar. (Poder 360)

Celso Rocha de Barros: “O ministro da Justiça, André Mendonça, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, são o cabo e o soldado de pés chatos que Bolsonaro usa em seu novo ataque à democracia brasileira. Mendonça, que virou ministro da Justiça quando Moro deixou o cargo, vem se destacando na perseguição contra adversários do governo. Produziu um dossiê contra ‘antifascistas’ que incluía dois acadêmicos respeitados, Paulo Sérgio Pinheiro e Luiz Eduardo Soares, bem como policiais de esquerda, que poderiam vir a ser um obstáculo ao aparelhamento das polícias. Aras, por sua vez, faz guerra contra a força-tarefa da Lava Jato e tenta centralizar os instrumentos de investigação para usá-los no interesse do golpismo. Bolsonaro ficou com raiva da polícia e do Judiciário porque eles pegaram Queiroz e atrapalharam seu autogolpe. Quando Judiciário e polícia tiverem sido aparelhados, voltará à carga. Cabo Mendonça e soldado Aras são bem mais fáceis de combater do que os cabos e soldados com quem Bolsonaro ameaçava o Brasil um mês atrás. Mas são um sinal importante para quem acreditava que Bolsonaro havia se tornado mais moderado nesse mês que ficou em casa apanhando de ema.” (Folha)

Thais Oyama: “Em novembro, rojões explodirão no céu de Brasília — e eles virão do Palácio do Planalto. Nesse mês, o ministro Celso de Mello se despedirá do Supremo Tribunal Federal em direção à aposentadoria compulsória determinada para os magistrados que completam 75 anos de idade. Bolsonaro ainda não decidiu quem irá indicar para o lugar do decano, mas continua inclinado pelo nome do atual ministro da Justiça, André Mendonça — que, além de aliado fiel, é também ‘terrivelmente evangélico’, como o presidente prometeu que seria o próximo ministro de sua cota. O nome de Augusto Aras chegou a ser cogitado publicamente pelo próprio Jair Bolsonaro, mas, nesse caso, o alinhamento do Procurador-Geral da República com o presidente é o maior empecilho para a sua indicação à Corte. Desde que assumiu a PGR, em setembro do ano passado, Aras rejeitou pedidos de parlamentares e partidos para abrir processos de impeachment contra ministros do governo e investigar possíveis crimes de Bolsonaro na Presidência; apoiou o governo e contrariou o Supremo na decisão tomada pela Corte de atribuir aos estados e municípios a responsabilidade pela definição de políticas de isolamento social na pandemia; manifestou-se contra a divulgação do vídeo da fatídica reunião de governo que expôs ministros e o presidente; e alterou o estatuto da Escola Superior do Ministério Público da União para destituir conselheiros e assim neutralizar a ‘linha de doutrinação’ à esquerda que ele considerava dominar a escola. As atitudes do chefe da PGR geraram forte reação dos procuradores, que passaram a criticá-lo em público. Aras parece que até agora não se abalou com isso.” (UOL)

Viver

Nas últimas 24 horas, foram registradas 514 mortes pela Covid-19 no Brasil. O total chega a 94.130 óbitos. Com isso, a média móvel de novas mortes nos últimos 7 dias foi de 1.011 óbitos, uma queda de 3% em relação aos dados registrados em 14 dias. Em casos confirmados, já são 2.733.622 brasileiros com o novo coronavírus desde o começo da pandemia, 24.746 desses confirmados no último dia. No total, 8 estados e mais o Distrito Federal apresentaram alta de mortes: PR, RS, SC, MG, DF, MS, AC, RR, TO. Em estabilidade: RJ, SP, GO, MT, RO, BA, PI, RN, SE. Em queda: ES, AM, AP, PA, AL, CE, MA,PB, PE. (G1)

Julho foi o mês com mais mortes registradas desde o começo da pandemia, somando 32.912. Ao contrário de países como EUA, Itália e Espanha, o número de óbitos cresce mês após mês. (G1)

Ontem, no Rio de Janeiro, o primeiro dia sob a fase 5 da flexibilização, que liberou banho de mar, foi marcado por banhistas em diversas praias da cidade desrespeitando a regra de proibição da permanência na areia e ciclistas e pessoas praticando esportes sem uso de máscara. (G1)

Pois é… A quarentena no Brasil começou, em geral, em meados de março. De lá para cá, há quem ainda siga as orientações de isolamento, como também os que permaneceram alguns meses em casa, mas retornaram algumas atividades. E aqueles que nunca se isolaram. (Folha)

Os casos de coronavírus em presídios têm crescido mais rapidamente do que a média nacional. Entre 28 de junho e 27 de julho, aumentou 134% frente aos 82% na população em geral, segundo o Departamento Penitenciário Nacional. O crescimento aconteceu em meio ao aumento na testagem, que subiu 136% no mesmo período, apesar de o total de testes aplicados representar pouco mais de 4% da população carcerária do país. O número de mortes aumentou 22%, saindo de 59 para 72. Porém entidade que monitora o avanço da Covid-19 nos presídios afirma que os dados do Depen são defasados e subestimados. (Globo)

Enquanto as secretarias de Saúde de vários Estados relatam há cerca de dois meses que estão com dificuldades em adquirir remédios essenciais para a intubação e sedação de pacientes nas UTIs. Desde a segunda semana de julho, o Ministério da Saúde não atualiza o balanço de remédios em falta. Enquanto a cloroquina abarrota estoques. (El Pais)

O Brasil ainda não tem dados oficiais, mas tem registrado casos de Síndrome Multissistêmica Inflamatória Pediátrica (SMIP) em crianças. A reação inflamatória sistêmica é uma resposta tardia ao novo coronavírus e pode afetar até meninos e meninas que apresentaram formas brandas da Covid-19. Somente na UTI Pediátrica do Hospital Pedro Ernesto, no Rio, referência para o tratamento da Covid-19, já foram atendidas oito crianças. Até agora, foram descritos pouco mais de 200 casos no mundo. Ainda não se sabe por que a síndrome só ocorre em crianças, nem por que acomete algumas e poupa outras. (Estadão)

Sobre a vacina, a Fiocruz disse que deve começar a produzir em dezembro. A fundação assinou acordo com o laboratório britânico AstraZeneca, que assegura 100 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford — uma das mais adiantadas do mundo. (Jornal Nacional)

Embora grupos internacionais e várias nações estejam prometendo tornar as vacinas acessíveis a todos, nações ricas já garantiram um bilhão de doses e oferta mundial corre risco de ser monopolizada.

Cinco países concentram mais da metade dos casos. EUA, Brasil, Índia, Rússia e África do Sul acumulam 58,5% dos casos confirmados, segundo a Universidade Johns Hopkins. A América Latina continua como epicentro. Em pouco mais de um mês, a região duplicou suas mortes de 100 mil para 200 mil, sendo 70% delas no Brasil e México. Na sexta (31), o México ultrapassou o Reino Unido, e se tornou o terceiro país do mundo com maior número de mortes — tem mais de 46,6 mil confirmadas. (G1)

Enquanto os EUA estão na sua segunda onda. Por duas semanas, a média de sete dias para novas infecções está pairando em torno de 65 mil. Em julho foram registradas mais de 1,9 milhão de novos casos, quase 42% dos mais de 4,5 milhões de casos registrados em todo o país desde o início da pandemia e mais do que o dobro do número documentado em qualquer outro mês, segundo um banco de dados do New York Times. (New York Times)

A Europa também vive uma nova disseminação. O Reino Unido adiou sua reabertura, acrescentou novas restrições regionais e tornou as máscaras obrigatórias em mais lugares após um aumento nos casos e nas mortes.

Na Alemanha, a escalada de novas restrições levou ao menos 10 mil pessoas às ruas em Berlim, no sábado (1). Sem distanciamento e sem máscaras, os manifestantes foram convocados pela extrema direita contra as regras de isolamento social.

Por volta de 15h45, horário de Brasília, a cápsula Crew Dragon, da Space X pousou ontem no mar, no Golfo do México. Os astronautas Doug Hurley e Bob Behnken passaram dois meses na Estação Espacial Internacional (ISS), que marcou o primeiro voo tripulado feito por uma empresa privada e a primeira missão tripulada da Nasa em solo americano em quase uma década. Veja o vídeo.

Cotidiano Digital

Numa operação conjunta de FBI, Receita Federal e Serviço Secreto, foram presos na sexta-feira Mason Sheppard, Nima Fazeli e Graham Ivan Clark, todos residentes da Flórida. São acusados de serem responsáveis pelo maior hack da história do Twitter, que capturou contas gigantes como as do ex-presidente Barack Obama e de Bill Gates num ataque para conseguir bitcoins. Clark, que aos 17 é o mais jovem do grupo, pode ser o responsável por ter invadido o sistema.

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A Microsoft manifestou interesse de comprar o TikTok nos EUA, explosão mais recente no mundo das redes sociais. Na última sexta-feira, o presidente Donald Trump ameaçou mais uma vez banir o app do país — a empresa é chinesa e vem sendo acusada de coletar dados de usuários americanos para oferecê-los ao governo, em Beijing. Não há comprovação de que as acusações se sustentem, mas Trump pode de fato bloquear o serviço no país. A empresa fundada por Bill Gates se engajou em conversas que devem se estender até 15 de setembro, de acordo com um post publicado ontem em nome do CEO, Satya Nadella. Neste período, o sistema por trás do app será revisado para uma compreensão melhor de possíveis problemas com privacidade e segurança. Não está claro como funcionaria a integração do TikTok nos EUA com o resto do mundo.

Cultura

Uma das marcas da Comic-Con é a competição de cosplay, dos fãs que se fantasiam no limite da perfeição das personagens que gostam nos quadrinhos, TV e cinema. Este ano, com a convenção anual levada para a internet, o cosplay virou um Tumblr. A plataforma de streaming Scener, que permite assistir a um filme enquanto uma janela de chat corre simultaneamente, foi a arma para passar filmes antigos que são queridos do público. Esta exibição costuma ocorrer em cinemas, na conferência habitual. Outras marcas da Comic-Con não funcionaram. Não é raro que nos painéis de entrevistas atores soltem spoilers sem querer, assim como há outros pequenos erros que se tornam memoráveis. No mundo virtual, os painéis se tornaram entrevistas pré-gravadas e mal editadas, produto do marketing de estúdios. Na avaliação da crítica Maya Phillips, no digital a convenção perdeu seu espírito.

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