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Supremo impede nomeação de amigo de Bolsonaro para PF

O delegado Alexandre Ramagem não assumiu ontem o comando da Polícia Federal. Sua nomeação foi suspensa por decisão liminar pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. “Em tese, apresenta-se viável a ocorrência de desvio de finalidade do ato de nomeação do Diretor da Polícia Federal”, escreveu o ministro, “em inobservância aos princípios constitucionais de impessoalidade, da moralidade e do interesse público.” Moraes respondia a uma ação movida pelo PDT. Quando Sergio Moro se demitiu acusando o presidente Jair Bolsonaro de querer substituir o comando da PF por alguém com quem tivesse contato pessoal, foi aberto um inquérito para averiguar possível interferência direta em investigações. Segundo a decisão, o risco de um amigo pessoal do presidente assumir o cargo era o de causar dano irreparável. O Planalto pode recorrer ao pleno do Supremo. (Poder 360)

Bolsonaro: ‘E daí? Lamento.’

Ao voltar do Planalto para o Alvorada, ontem à noite, o presidente Jair Bolsonaro saltou do carro para conversar com militantes favoráveis ao governo e jornalistas. Um lhe perguntou sobre os números do coronavírus no país. O Brasil bateu seu recorde de mortes registradas num só dia nesta terça-feira, no total soma 5.017 que já perderam a vida, e ultrapassamos assim os números oficiais de mortos na China. “E daí?”, perguntou Bolsonaro aos repórteres. “Lamento. Quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não faço milagre.” O presidente também foi questionado sobre a decisão judicial, ganha pelo diário O Estado de S. Paulo, que o obriga a apresentar o resultado de seu exame. “Vocês me viram rastejando aqui, com coriza?”, perguntou. “Eu não tive.” Ele se queixou da decisão, afirmando que tem direito à privacidade. Perguntaram, igualmente, a respeito de sua indicação de alguém próximo à família para o comando da Polícia Federal. “Vou escolher alguém que nunca vi na vida?” E então questionaram sobre o inquérito aberto no Supremo para investigar a denúncia, feita pelo ex-ministro Sérgio Moro, de que ele teria tentado intervir numa investigação da PF. “Ele é quem tem que provar que interferi. Não eu tenho que provar que sou inocente. Mudou o negócio agora. O que ele falou é lei, é verdade?” (Poder 360)

Leal a Bolsonaro, Andre Mendonça substitui Moro

O presidente Jair Bolsonaro passou o dia sob pressão dentro do Palácio do Planalto — pretendia nomear para o ministério da Justiça o secretário-geral da Presidência Jorge Oliveira e, para o comando da Polícia Federal, Alexandre Ramagem. Ambos são amigos pessoais, pessoas íntimas da família, o que aos olhos de alguns assessores mais próximos corria o risco de parecer confirmar as acusações do ex-ministro Sérgio Moro: de que Bolsonaro queria intervir politicamente na PF. O Diário Oficial da União publicou hoje as nomeações e Bolsonaro mudou uma delas. O novo ministro da Justiça é André Luiz Mendonça, advogado-geral da União, que tem currículo melhor do que Oliveira e é igualmente leal a Bolsonaro, um dos candidatos mais fortes a uma vaga no Supremo. Ramagem, particularmente próximo do Zero Dois Carlos, assume a PF, onde correm investigações que se aproximam do presidente. (G1)

Investigação sobre Zero Dois pode ter levado à demissão de Moro

Antes das mudanças em seu comando que levaram à exoneração do ministro Sergio Moro, a Polícia Federal havia identificado Carlos Bolsonaro como articulador de um esquema criminoso de fake news. O inquérito, aberto pelo Supremo em março de 2019 para investigar ataques online à instituição e aos ministros, está próximo de ver encerrada sua fase de investigação. Segundo apurou o jornalista Leandro Colon, dentro da PF há convicção de que Maurício Valeixo foi demitido justamente para impedir que o elo entre o filho Zero Dois do presidente e a campanha contra STF e Congresso fosse desvendado. (Folha)

Extra: Moro sai atirando, Bolsonaro rebate e país mergulha em crise

Pontualmente às 11h, o ex-juiz Sergio Moro se apresentou no auditório do Ministério da Justiça para uma coletiva na qual todos já sabiam o que iria anunciar. “Vou começar a empacotar minhas coisas e providenciar o encaminhamento de minha carta de demissão”, afirmou. “Infelizmente, não tenho como persistir com o compromisso que assumi sem que tenha condições de preservar a autonomia da Polícia Federal ou sendo forçado a sinalizar concordância com uma interferência política na PF cujos resultados são imprevisíveis.” O agora ex-ministro afirmou ter sido pego de surpresa pela publicação, no Diário Oficial, da exoneração de Maurício Valeixo, superintendente da PF. O ex-juiz saiu atirando. “O presidente me disse que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar.” Segundo Moro, este tipo de intervenção nas investigações não ocorreu sequer durante o governo da ex-presidente Dilma. Para ele, Bolsonaro se manifestava preocupado com inquéritos relacionados a pessoas próximas suas. “Não é uma razão que justifique a substituição, tenho o dever de proteger a Polícia Federal.” Sergio Moro foi além em suas acusações. A exoneração de Valeixo, publicada no DO, levava sua assinatura e informava ter ocorrido sob pedidos. O ex-ministro disse que não assinou nada. “Vi que depois a Secretaria de Comunicação afirmou que houve essa exoneração a pedido, mas isso não é verdadeiro.” Assista aos principais trechos. (G1)

Diretor da PF exonerado; Moro ameaça sair

Foi publicada no Diário Oficial, hoje de manhã, a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. A ameaça de demiti-lo desde ontem, por parte do presidente Jair Bolsonaro, disparou uma repentina crise política de grande impacto. O ministro da Justiça, Sérgio Moro, afirma que só fica se tiver autonomia para escolher o substituto de Valeixo. Os generais palacianos tentam apagar mais este incêndio, enquanto presidente e seu ministro disputam uma queda de braço pública. De acordo com o DO, a exoneração ocorre a pedidos e inclui tanto a assinatura de Bolsonaro quanto a de Moro. (Poder 360)

O Planalto contra-ataca

O general Walter Braga Netto se apresentou ontem para a coletiva diária do Palácio do Planalto com o intuito de inaugurar uma nova fase na gestão política da crise provocada pelo novo coronavírus. A ação, como em estratégia militar, inclui quatro frentes. Uma, na política, é a operação para neutralizar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Consiste em cooptar ao menos parte do Centrão, oferecendo cargos no governo. A segunda é o Plano Pró-Brasil, que visa lançar uma série de obras públicas para dar partida na economia assim que o vírus passar. A terceira é na comunicação. O vereador carioca Carlos Bolsonaro foi afastado, com ele o gabinete do ódio, e a intenção é pôr na rua mensagens mais propositivas. Os técnicos do ministério da Saúde, que vinham trazendo um retrato diário do momento da pandemia, estão fora da coletiva. O general Luiz Eduardo Ramos, ministro da secretaria de Governo, apelou à imprensa que não dê tanto destaque a covas, caixões e mortes. Por fim, há um não tão discreto empurrão para que a população deixe suas casas. O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou que apresentará um plano de retorno na semana que vem. E o governo decidiu segurar a segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600, que pretendia adiantar. Dificulta, assim, às famílias mais pobres que mantenham o afastamento social.

Bolsonaro entra no jogo e negocia com Centrão

O presidente Jair Bolsonaro está avançando rápido nas conversas para oferecer espaços no governo ao Centrão. Mesmo tendo garantido que não negocia aos manifestantes, domingo, está negociando. A Valdemar da Costa Neto do Progressistas, prometeu o comando do Banco do nordeste e a Secretaria de Vigilância Sanitária, um dos dois postos chaves do Ministério da Saúde. O PP terá o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Ao PSD, o governo ofereceu a Fundação Nacional de Saúde. Por enquanto, os principais partidos do Centrão estão fora das conversas — são DEM e MDB. Mas o deputado Baleia Rossi, presidente do MDB, conversa hoje com Bolsonaro. E o presidente do DEM, prefeito ACM Neto, tem reunião marcada para amanhã. As conversas não são tranquilas. Os congressistas, de sua parte, temem que o presidente não cumpra com a palavra. Temem, também, que o objetivo de Bolsonaro seja esvaziar o espaço do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Uma das condições do Centrão, portanto, é de que o Planalto declare um cessar-fogo. (Folha)

Edição Extra: Bolsonaro recua enquanto negocia no Congresso

À porta do Palácio da Alvorada, ontem pela manhã, um presidente Jair Bolsonaro distinto daquele de domingo conversou com sua claque de praxe. Quando um sugeriu o fechamento do Supremo, ele interveio. “Sem essa coisa de fechar”, afirmou. “ Aqui não tem que fechar nada, dá licença aí. Aqui é democracia, aqui é respeito à Constituição brasileira. E aqui é minha casa, é a tua casa. Então, peço por favor que não se fale isso aqui. Supremo aberto, transparente. Congresso aberto, transparente.” Segundo o presidente, qualquer manifestante que estivesse pedindo por um AI-5 ou confronto com as instituições da Democracia exercia seu direito de livre expressão mas que ele pedia era o retorno ao trabalho. “Em todo e qualquer movimento tem infiltrado, tem gente que tem a sua liberdade de expressão. Respeite a liberdade de expressão. Pegue o meu discurso, dá dois minutos, não falei nada contra qualquer outro poder, muito pelo contrário.” E arrematou, tentando explicar que defendia o sistema democrático. “Eu sou realmente a Constituição.”

Bolsonaro parte contra democracia

O presidente Jair Bolsonaro se encontrou ontem, no início da tarde, com um grupo de manifestantes que desfilava em carreata por Brasília contra a política de isolamento social. Vestindo uma camisa polo rosa e sem microfone, Bolsonaro subiu na caçamba de uma caminhonete e falou ao público por pouco mais de dois minutos, enquanto um segurança o amparava. “Nós não queremos negociar nada”, afirmou com a voz em tom máximo, entrecortada por tosse. “Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás. Temos um novo Brasil pela frente. Todos, sem exceção, têm de ser patriotas e acreditar e fazer a sua parte para que possamos colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder.” Por sua vez, os manifestantes pediam um novo AI-5, cobravam os fechamentos de Congresso Nacional e Supremo, clamavam por intervenção militar, além de gritar “Fora Maia”. “Estou aqui porque acredito em vocês”, disse o presidente. “Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil.” (G1)