News do Meio

Múcio busca conciliação entre Lula e militares

O ministro da Defesa, José Múcio, está atuando para estabilizar a relação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica depois dos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Múcio busca agendar uma nova reunião entre o presidente e os comandantes até sexta-feira, antes de Lula viajar para a Argentina, no domingo. No dia seguinte aos ataques, houve um primeiro encontro e Lula demonstrou sua indignação com a inação das forças na Praça dos Três Poderes. Em café com jornalistas na semana passada, o presidente ainda declarou ter perdido a confiança em uma parcela dos militares. Ontem, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, almoçou com Múcio e os comandantes. “A ideia [da reunião com Lula] é discutir com a Defesa e as Forças Armadas para modernizá-las”, disse Costa. (Globo)

PGR denuncia golpistas e cerco aos terroristas se fecha

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra 39 envolvidos nos atos golpistas do dia 8 de janeiro. O Ministério Público Federal dividiu a investigação em quatro núcleos: instigadores e autores intelectuais dos atos antidemocráticos; financiadores; autoridades de Estado responsáveis por omissão imprópria; e executores. Esses 39 se enquadram na última categoria. De acordo com as denúncias, os acusados podem responder por associação criminosa armada; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça com emprego de substância inflamável contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado. O subprocurador-geral Carlos Frederico Santos pede ainda decretação de prisão preventiva dos denunciados e bloqueio de bens no valor de R$ 40 milhões para pagamento de reparo dos danos, além de perda de cargos e funções públicas quando for o caso. (g1)

Homens que tentaram plantar bomba em Brasília são, agora, réus

Os três terroristas acusados de planejar e tentar executar a explosão de uma bomba em um caminhão de querosene em Brasília se tornaram réus depois que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios aceitou denúncia do Ministério Público. O atentado frustrado aconteceu no dia 24 de dezembro do ano passado. George Washington de Oliveira Souza e Wellington Macedo de Souza estão presos; Alan Diego dos Santos, foragido. George Washington confessou que havia planejado o atentado e apontou Alan Diego como parceiro. Wellington foi quem colocou a bomba no caminhão. O trio responderá pelo crime de explosão: expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de alguém mediante explosão, arremesso ou colocação de dinamite ou substância análoga, de acordo com o Código Penal. A pena vai de três a seis anos de prisão, além de multa. Os três também respondem a processos relacionados ao crime de terrorismo, mas na Justiça Federal. (UOL)

PF encontra minuta de decreto para golpe de Estado

A Polícia Federal encontrou na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres a minuta de um decreto que permitiria ao então presidente Jair Bolsonaro (PL) estabelecer estado de defesa e intervir no Tribunal Superior Eleitoral. Inconstitucional, a medida permitiria a Bolsonaro reverter a derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições de outubro. Torres, que está nos Estados Unidos e havia assumido a Secretaria de Segurança do DF, teve a prisão decretada pelo STF por suspeita de omissão e conivência com os atos terroristas do último dia 8. A minuta (íntegra) estava dentro de um armário na casa de Torres em Brasília e foi achada durante uma operação de busca feita pela PF. Os investigadores querem saber as circunstâncias em que foi elaborada. Pelo texto estima-se que tenha sido escrita após o segundo turno, quando a derrota de Bolsonaro já estava confirmada. (Folha)

GSI esvaziou segurança do Planalto no sábado

Visto com desconfiança pelo governo Lula, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) desmobilizou o esquema especial de segurança do Palácio do Planalto 20 horas antes dos atos terroristas de domingo. Por escrito, o órgão dispensou o pelotão de 36 homens que reforçava o Batalhão da Guarda Presidencial e deixou esta unidade praticamente sem equipamento de controle de tumultos, como bombas de gás e balas de borracha. O envio de reforços só aconteceu depois das invasões e por iniciativa do Comando Militar do Planalto. Aparelhado por bolsonaristas durante a gestão do general Augusto Heleno, o GSI ainda não teve sua estrutura atualizada pelo recém-empossado novo ministro, general Marco Edson Gonçalves Dias. (Estadão)

Brasil em alerta para mais terror golpista

O Palácio do Planalto acionou no fim da noite de ontem o Supremo Tribunal Federal (STF) devido a um alerta de novos atos golpistas programados para hoje, revelou Malu Gaspar. O risco foi detectado pela Advocacia-Geral da União (AGU) após o monitoramento de grupos bolsonaristas nas redes sociais, onde eles convocam extremistas para uma “Mega Manifestação Nacional pela Retomada do Poder” em todo o país às 18h desta quarta-feira. A AGU pediu ao ministro Alexandre de Moraes que determine a adoção de “medidas imediatas, preventivas e necessárias” pelas autoridades federais e estaduais para evitar invasão de prédios públicos e bloqueio de vias. (Globo)

Lula: ‘Eles querem golpe, mas golpe não vai ter’

“Eles querem golpe, mas golpe não vai ter.” A frase do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem durante reunião com os 27 governadores, ministros do STF e parlamentares deu o tom da reação do governo federal aos atos terroristas promovidos por bolsonaristas na tarde de domingo em Brasília. Ele afirmou que o Executivo foi pego de surpresa pela violência dos ataques às sedes dos Três Poderes, mas admitiu que tinha informação das intenções golpistas dos acampados em frente a quartéis em várias partes do país. O presidente disse que já pretendia marcar uma reunião com os governadores para tratar de recursos para os estados, mas que os atos de terrorismo exigiram um encontro para “prestar solidariedade ao país e à democracia”. Entre os governadores, a tônica, expressa pelo gaúcho Eduardo Leite (PSDB), foi de que a defesa da democracia se sobrepõe às diferenças políticas e partidárias. Após a reunião, Lula e os demais participantes foram a pé do Palácio do Planalto ao STF examinar a destruição deixada pelos bolsonaristas. (UOL)

Bolsonaristas põem a República de joelhos sob os olhos da PM

Acumulada desde as eleições, a retórica bolsonarista de violência golpista explodiu ontem numa série de ataques às sedes dos Três Poderes sob o olhar complacente da Polícia Militar do Distrito Federal, levando à decretação de intervenção federal na área de segurança do DF pelo Executivo e ao afastamento por 90 dias do governador Ibaneis Rocha (MDB) por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes. (UOL)

Tensão aumenta em militares com possível derrubada de sigilos

A cúpula das Forças Armadas não esconde a preocupação com a intenção do governo Lula de retirar os sigilos de cem anos impostos por Jair Bolsonaro, conta Malu Gaspar. Três temas são vistos como espinhosos: a fabricação de cloroquina pelo Exército, os voos oficiais em aviões da FAB e o processo disciplinar aberto e arquivado contra o general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, hoje deputado eleito. O temor é de que, reveladas, as informações mantidas em sigilo causem danos à imagem dos militares, que participaram de quase todas as áreas do governo anterior e vivem uma relação tensa com a atual. (Globo)

Lula quer enquadrar ministros para unificar discurso do governo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realiza amanhã sua primeira reunião ministerial, mas, longe de ser um evento protocolar de início de governo, o encontro deve ser usado para enquadrar auxiliares que se animaram demais com os novos cargos e deram declarações que não coincidem com os planos do presidente ou se envolveram em polêmicas uns com os outros. O recado de Lula será direto: todos os anúncios e sugestões de políticas precisarão do aval do Planalto. Além de mostrar unidade, o governo quer evitar desgastes. Em entrevista, a ministra da Mulher, Cida Gonçalves, disse, por exemplo, que qualquer legislação sobre o aborto votada pela atual composição do Congresso teria mais retrocessos que avanços, provocando uma reação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). (Folha)