News do Meio

Acabou a Era Trump

A última vez em que um presidente americano se recusou a passar o cargo a seu sucessor, o ano era 1865. Vice de Abraham Lincoln, que terminou assassinado, Andrew Johnson só não foi posto para fora no meio do mandato por um único voto que faltou no julgamento do primeiro impeachment da história. E não passou o cargo ao general vitorioso da Guerra Civil, Ulysses Grant. Tendo incitado as tensões raciais americanas o quanto pôde, exatamente como Johnson em seu tempo, Donald Trump deixará de ser presidente dos EUA hoje, ao meio-dia em Washington, 14h no Brasil. Pediu para o bota-fora uma cerimônia militar — raro num país que celebra o comando civil —, que ocorrerá nos instantes anteriores à posse de Joe Biden. (CNN)

Vacinação começa e Bolsonaro tenta mudar o assunto

Após São Paulo fazer no domingo a primeira imunização contra a Covid-19, 15 outros estados começaram suas campanhas nesta segunda-feira, mesmo que de forma simbólica: AM, CE, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PE, PI, PR, RJ, RS, SC e TO. Precisaram, para isso, pressionar o ministério da Saúde. Sem o mesmo senso de urgência, o governo federal desejava fazer um início simultâneo apenas quando as vacinas já estivessem distribuídas em todo o país. No Rio, uma cerimônia aos pés do Cristo Redentor marcou o início da campanha, com a vacinação de uma idosa e uma técnica de enfermagem.

Doria dribla Bolsonaro e começa vacinação

Como o país inteiro esperava, a diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autorizou por unanimidade o uso emergencial da CoronaVac, representada no Brasil pelo Instituto Butantan, e da vacina de Oxford/AstraZenenca, da Fiocruz. O que talvez não fosse esperado foi o rápido movimento do governador João Doria (PSDB).

O horror, o horror

“Orem pelo Amazonas.” O apelo desesperado de uma técnica de enfermagem dá a exata medida da tragédia humanitária que se abateu sobre o estado, em especial em Manaus. Sem oxigênio nos hospitais, profissionais de saúde tentam evitar que pacientes com Covid-19 morram asfixiados fazendo ventilação manual. Diante do caos, 750 doentes começaram a ser transferidos em aviões da FAB para hospitais em outros cinco estados (Goiás, Piauí, Maranhão, Paraíba e Rio Grande do Norte) e no Distrito Federal.

Um presidente, dois impeachments

Pela quarta vez na história, a Câmara dos EUA aprovou a abertura de um processo de impeachment contra um presidente. Passaram antes pelo mesmo rito o corrupto sucessor de Abraham Lincoln, Andrew Johnson, e Bill Clinton, por ter cometido perjúrio ao negar seu caso sexual com uma estagiária. Este é o segundo impeachment de Donald Trump. Foram 232 votos a favor, incluindo dez republicanos. Nunca a abertura de um processo destes incluiu tantos votos do partido do mandatário da nação. 197 parlamentares votaram em defesa de Trump, mas o líder republicano na Câmara não o defendeu. Ele votou em seu favor mas o atacou: “O presidente tem responsabilidade no ataque ao Congresso por uma turba”, afirmou em seu discurso Kevin McCarthy. “Alguns afirmam que os ataques foram feitos por antifa. Não há qualquer prova disto e deveríamos ser os primeiros a dizê-lo.” Seu argumento para votar contra foi de que o mandato está no fim e é hora de promover conciliação nacional, não acirrar o conflito. (NPR)

Câmara vota hoje 2º impeachment de Trump

A Câmara dos Deputados americana põe hoje para votar o segundo impeachment do presidente Donald Trump. Desta vez, o processo é bem mais simples — e muito mais grave. Trump é acusado de incitar uma insurreição contra o governo do país. Pelo menos quatro deputados republicanos já informaram que votarão pelo impeachment — no primeiro, nenhum votou. Este número pode chegar a vinte. Aprovado na Câmara, como todo mundo espera que será, o processo vai para o Senado que pode escolher julgar Trump já como ex-presidente. Uma condenação abre as portas para torna-lo inelegível, o que o impediria de retornar como candidato em 2024. Mas é possível que o julgamento só ocorra em alguns meses, após o Senado se ocupar das decisões iniciais, e consideradas urgentes pelos democratas, do governo Joe Biden. (Vox)

Após um século, Ford para de fabricar no Brasil

Após um século, a Ford Brasil voltará a ser importadora. A montadora anunciou o fim de suas fábricas em Camaçari (BA), Horizonte (CE) e Taubaté (SP), impactando cinco mil empregos. A decisão vem após anos consecutivos de perdas no país, pioradas pela pandemia. Em 2019, já havia fechado a planta de São Bernardo do Campo (SP). A companhia ainda manterá instalações e um departamento de engenharia no Brasil, mas não fabricará mais automóveis ou caminhões em solo nacional. Apesar de estar no país desde 1919, começou a produção nacional em 1921. Agora, os veículos virão da Argentina e do Uruguai. (Veja)

Maioria dos americanos quer Trump fora já

O Partido Democrata pode apresentar ainda hoje, na Câmara, um novo pedido de impeachment contra o presidente americano Donald Trump. O processo está em compasso com o desejo da maioria da população. Após Donald Trump insuflar uma turba a invadir o Congresso para impedir a homologação da vitória de Joe Biden, 56% dos americanos querem sua saída imediata do poder. Essa é a conclusão de uma pesquisa feita pela ABC e pelo Instituto Ipsos. A permanência do presidente tem apoio de 43%. Quando Richard Nixon renunciou, em 1974, somente 40% dos americanos queriam sua saída. (CNN)

Após 200 mil mortos, governo compra vacina

O Brasil ultrapassou ontem a marca de 200 mil mortos pela Covid-19. Não são simplesmente números ou estatísticas. São 200 mil vidas interrompidas por uma pandemia que jamais foi tratada com a devida seriedade pelas autoridades máximas do governo. Nenhuma outra doença matou tantas pessoas em um ano, como mostra gráfico elaborado pelo G1. E as perspectivas não dão margem para qualquer otimismo. Com os 1.120 óbitos de ontem, a média móvel dos últimos sete dias (que incluíram um feriado e um fim de semana) ficou em 741, o que indica estabilidade – e isso não é uma boa notícia, pois as mortes estão estáveis num patamar elevado. Num pronunciamento, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, admitiu apenas “erros de comunicação” e atacou o alvo de sempre. O vírus? Não, a imprensa.

Trump incita turba contra Congresso para travar democracia

Já se aproximava das 6h no Brasil, agora na manhã de hoje, quando no exercício ritual de comando do Senado o vice-presidente americano Mike Pence declarou eleitos Joseph R. Biden Jr e Kamala D. Harris. Na Geórgia, enquanto isso, o reverendo Raphael Warnock e o documentarista Jon Ossoff foram eleitos senadores, confirmando assim que o Partido Democrata terá maioria na Câmara e no Senado durante o biênio 2021-22. Há vinte anos o estado só elegia republicanos — ontem foram dois da oposição, de uma só tacada. E assim o processo eleitoral americano enfim terminou. Não há mais passos ou possibilidade de reverter, o Congresso Nacional sancionou o resultado da corrida presidencial. Mas não era para ter sido tão tarde. Deputados e senadores tiveram de parar por várias horas seu trabalho pois tiveram a vida posta em risco. Também ontem, pela primeira vez em mais de 200 anos de história, um presidente americano incitou uma turba em fúria para que invadisse o Parlamento de forma a impedir que a escolha popular fosse confirmada. (The Hill)