News do Meio

Ministério da Saúde está acéfalo no pico da pandemia

O Palácio do Planalto não sabe o que fazer com o general Eduardo Pazuello. Ele já está informalmente destituído de poder mas ainda formalmente ministro da Saúde. O presidente Jair Bolsonaro não quer exonerar o militar sem lhe garantir foro privilegiado — o receio é de uma onda de processos por inépcia na gestão da pandemia. Ao menos um inquérito já existe no STF. Uma das ideias é criar um Ministério da Amazônia para deixá-lo a salvo da Justiça comum. Vai fazer uma semana que o país tem dois ministros da Saúde — e é o sem poder que tem a caneta. (O ECO)

Com popularidade em queda, Bolsonaro ameaça

“Só Deus me tira daqui.” A exclamação enfurecida foi feita por Jair Bolsonaro diante de mais uma aglomeração de apoiadores na porta do Palácio da Alvorada, desta vez para celebrar os 66 anos do presidente. De máscara, Bolsonaro voltou a criticar as medidas de restrição adotadas por governadores e prefeitos e disse, em tom de ameaça: “Estão esticando a corda. Faço qualquer coisa pelo meu povo. Esse ‘qualquer coisa’ é o que está na nossa Constituição, no nosso direito de ir e vir.” O presidente sacou, ainda, outra velha ameaça. “Contem com as Forças Armadas pela democracia e pela liberdade.” (Poder360)

Bolsonaro vai ao STF contra isolamento

Embora uma pesquisa do Datafolha indique que as medidas restritivas contra a propagação da Covid-19 têm o apoio de 71% da população, o presidente Jair Bolsonaro disse ter entrado com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir que governadores e prefeitos as adotem. Em sua live semanal, ele comparou os toques de recolher ao estado de sítio, que só o presidente pode decretar. (Folha)

Banco Central dá cavalo de pau na economia

O Banco Central aumentou a taxa de juros básica do Brasil para 2,75% — é a primeira alta em quase seis anos. Desde 2015. Durante os últimos sete meses, a Selic vinha estável, num patamar histórico de 2%. Este aumento de 0,75 ponto foi maior do que o meio ponto esperado pelos analistas mas, ainda assim, o Conselho de Política Monetária do BC foi unânime. Mais: o Copom espera aumentar noutro 0,75 ponto em seu próximo encontro, caso a economia continue no curso que está seguindo. Só muda de ideia se ocorrer uma “mudança significativa nas projeções de inflação ou no balanço de riscos”. Seguindo esse prognóstico, portanto, daqui a 42 dias a Selic pode ir a 3,5% ao ano. É exatamente o que esperam os analistas de mercado, ouvidos pela Pesquisa Focus, que já projetam uma taxa de 4,5% até o fim de 2021. O problema é a inflação, que está subindo num ritmo que preocupa — ela é “mais forte e persistente” do que o esperado, segundo a ata, mas ainda “temporária”. O objetivo, ao fim, é que com essa alta da Selic dólares voltem a entrar no país e os preços, assim, possam ser pressionados para baixo. (Valor Investe)

Covid-19 devolve Bolsonaro a sua maior rejeição

O Datafolha revela, hoje, a urgência que sentem aliados do governo quando cobram mudanças no enfrentamento da Covid-19: 54% dos entrevistados reprovam a gestão de Jair Bolsonaro na pandemia, e 43% o consideram pessoalmente responsável pela crise. Somente 22% acreditam que ele faz um bom trabalho. Na avaliação geral, o governo é considerado ruim ou péssimo por 44%, voltando ao pior índice, registrado em junho do ano passado. Para 30% é ótimo ou bom. Em momento algum de seu governo o presidente teve reprovação tão alta. (Folha)

Brasil terá 4º ministro da Saúde na pandemia

Em pouco mais de um ano sofrendo com a Covid-19, o Brasil terá seu quarto ministro da Saúde. O presidente Jair Bolsonaro anunciou ontem a substituição do general Eduardo Pazuello pelo médico Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. A cabeça de Pazuello era pedida há tempos em função do descontrole da pandemia, e Bolsonaro optou por uma troca pessoal e isolada — escolha do presidente e apenas. Como disse a apoiadores, ele conhece Queiroga há anos. “Então, não é uma pessoa que tomei conhecimento há poucos dias.” (G1)

Procura-se: ministro da Saúde resistente a frituras

Ainda consequência da reaparição política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aumentou a pressão sobre Jair Bolsonaro para troca de comando no Ministério da Saúde. A decisão de tirar o general Eduardo Pazuello já foi tomada, mas não há sucessor claro. O presidente passou a tarde de ontem reunido com a médica Ludhmila Hajjar, indicada pelo Centrão. Ela se especializou em Covid-19, é médica do Incor em São Paulo e da rede de hospitais Vila Nova Star, além de professora associada da Faculdade de Medicina da USP. (Folha)

Pressão faz Bolsonaro tirar máscara e buscar apoio

Desde que Lula recuperou os direitos políticos e especialmente após seu discurso na quarta-feira, a palavra que pesa sobre o presidente Jair Bolsonaro é pressão – não raro em sentidos contrários. Em primeiro lugar, ele busca consolidar os apoios que já tem. Demitiu Fabio Wajngarten da Secretaria de Comunicação após este entrar em choque com militares, manteve a promoção de servidores (leia-se policiais) na PEC Emergencial e confirmou em live as negociações para voltar ao PSL, que lhe ofereceria uma melhor estrutura para tentar a reeleição. (Globo)

Lula discursa e Bolsonaro veste carapuça — ou máscara

O ex-presidente Lula discursou ontem pela primeira vez desde que recuperou direitos políticos plenos. “Se tem um brasileiro que tem razão de ter muitas e profundas mágoas sou eu”, afirmou logo no início. “Não tenho.” O líder petista falou por uma hora e 23 minutos no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Evitou o tema candidatura. “Em 2022, o partido vai discutir se vai ter candidato, se vai ter frente ampla”, determinou — e apontou para conversas além da esquerda. “Se você colocar os problemas do povo brasileiro na conversa com os setores conservadores”, determinou, “pode produzir efeitos extraordinários.” Do palco, fez o elogio de seu governo, mas não o de sua sucessora, Dilma Rousseff, sugerindo o provável discurso de campanha. E bateu duro na Lava Jato. “Tenho certeza de que Moro deve estar sofrendo mais do que sofri”, disse, “Dallagnol deve estar sofrendo mais do que sofri, porque sabem que cometeram um erro.” Bateu mais no atual governo, e o fez pelo contraste. “Vou tomar minha vacina”, contou o ex-presidente, de 75 anos. “Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente. Tome vacina, porque é uma das coisas que pode livrar você do Covid. Mas, mesmo tomando vacina, você precisa continuar fazendo o isolamento, usando máscara e utilizando álcool em gel.” Foi, nas redes, sua declaração mais celebrada. (G1 e Valor)

Duelo no STF sobre suspeição de Moro para em pedido de vista

Foi, no mínimo, um anticlímax. Quando todo o país esperava o desfecho do duelo entre os ministros do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin e Gilmar Mendes em torno da suspeição de Sérgio Moro nos processos contra o ex-presidente Lula, o ministro Nunes Marques pediu vista e jogou a decisão para sabe-se lá quando. Em 2018, quando a ação começou a ser julgada na Segunda Turma do STF, Fachin, relator da Lava Jato, e Cármen Lúcia votaram contra a suspeição. Ontem, Gilmar abriu a divergência com um voto duríssimo, classificando a operação como “o maior escândalo judicial da história”. Marques pediu vistas em seguida, mas Ricardo Lewadowski votou logo, também pela suspeição de Moro, deixando o placar empatado em 2 a 2. Cármen Lúcia disse que vai apresentar novamente seu voto após a vista de Marques, levantado suspeitas de que possa mudar seu entendimento. (Poder360)