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Edição de Sábado

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Edição de Sábado: Cabo de guerra

Fotos: Marina Ramos/Câmara dos Deputados; Marcelo Camargo e Paulo Peres/Agência Brasil; Carlos Moura/SCO/STF; Douglas Gomes/CD Presidência
Fotos: Marina Ramos/Câmara dos Deputados; Marcelo Camargo e Paulo Peres/Agência Brasil; Carlos Moura/SCO/STF; Douglas Gomes/CD Presidência

O plenário da Câmara só se rendeu ao silêncio na quarta-feira quando o relógio deixava para trás as 21 horas. Entre cadeiras vazias, restavam menos de meia dúzia de jornalistas e um único deputado. Tinha ainda um segurança, que se aproximou pedindo que desocupassem o espaço para fechá-lo. Minutos antes, um papo cortava a quietude do salão. No centro da roda, o último parlamentar que ali permanecia: Guilherme Derrite (PP-SP), licenciado da função de secretário de Segurança Pública do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) para assumir a relatoria do Projeto de Lei Antifacção, rebatizado de Marco Legal da Segurança Pública contra o Crime Organizado.

Edição de sábado: COP30, o clima mudou

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

As furadeiras e as serras tico-tico ainda podiam ser ouvidas quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez seu discurso de abertura na Cúpula de Líderes de governo e Estado que vieram ao Brasil participar da COP30. Pelos corredores dos pavilhões por onde circulavam jornalistas, diplomatas e, volta e meia, algum ministro, operários tentavam, em vão, terminar o serviço para um evento programado há mais de um ano. Na véspera da abertura, na quarta-feira, uma típica chuva tropical caiu sobre Belém, fazendo brotar goteiras em várias partes dos pavilhões onde os líderes mundiais passaram os dois dias seguintes discutindo alternativas para salvar o planeta de uma catástrofe ambiental. Parecia a confirmação dos temores de que a COP30 em Belém seria um fracasso.

Edição de Sábado: Na linha de tiro

Foto: Mauro Pimentel / AFP

Era só mais uma inspeção de rotina. Em novembro de 2020, um ônibus foi parado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na altura de Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. O asfalto quente, o entra e sai de passageiros, o cheiro de diesel, nada indicava que ali começaria uma das maiores investigações sobre tráfico internacional de armas do país.  Entre as cargas comuns, 23 pistolas, dois fuzis, carregadores e munições. 

Edição de Sábado: Lições sobre a polarização

Foto: Juca Varella/Agência Brasil

Há quem considere que chegamos a um nível de polarização intransponível. Há quem resista à noção de polarização por negar que os extremos sejam equivalentes. Há ainda quem responsabilize sempre o outro pela situação. Só não há quem ignore que o Brasil vive um momento de divisão acentuada — e que, ao interditar o diálogo, essa cisão corrói a qualidade da nossa democracia.

Edição de Sábado: Inovação, ontem e hoje

No fim do século 18, um mestre-tecelão encara um tear mecânico que promete produzir em horas o que ele leva dias para fazer. Dois séculos depois, um diretor de operações avalia se adota um sistema de IA generativa que automatiza a coleta e parte da análise de dados. A promessa é a mesma, produtividade maior e custos menores. O incômodo também: perda de controle, risco de obsolescência, deslocamento de trabalhadores. O Nobel de 2025 premia uma resposta dupla a esse drama. Joel Mokyr explica por que, a partir da Revolução Industrial, invenção deixou de acontecer em espasmos e virou processo cumulativo. Já Philippe Aghion e Peter Howitt mostram como, numa economia moderna, esse processo segue vivo por meio da destruição criativa, em que novos produtos representam mercados e empurram as firmas a se reinventarem.

Edição de Sábado: Dois pra lá, dois pra cá

No Nordeste, 91,4% das pessoas ganham até R$ 5 mil. No Norte, o percentual é de 85,1%. No Sudeste, que “parece rico”, são 72,3%. No Sul, “que também parece rico”, 70,8%. E, no Centro-Oeste, 68,6%. Os dados são do levantamento Brasil em Mapas, baseado na PNAD Contínua do IBGE. O presidente Lula (PT) recorreu a esses números ontem, em São Paulo. No palco montado no Centro de Convenções Rebouças, durante a cerimônia de lançamento de um novo modelo de crédito imobiliário, voltado a ampliar o acesso da classe média à casa própria, o petista discursava ligeiramente mais enfurecido do que o habitual. Tentava desenhar o Brasil e a camada para a qual direciona a maioria de suas políticas. E preparava o terreno para avançar contra o Legislativo.

Edição de Sábado: As duas direitas

Jair Bolsonaro não lidera a direita brasileira. A afirmação pode parecer peremptória, exagerada, talvez até iludida. Mas não é. Para quem mergulha nos números, a liderança absoluta do ex-presidente é uma miragem. Perguntas incluídas a pedido do Meio no levantamento feito em setembro pelo Instituto Ideia, dirigido pelo economista Maurício Moura, demonstram com clareza esta afirmação. Ainda assim, os principais líderes partidários desta mesma direita atuam como se devessem tudo a ele. Por quê? Talvez, para responder a esta que é a pergunta mais importante no atual cenário da política brasileira, seja preciso começarmos pelos próprios números.

Edição de Sábado: Côncavo e convexo

Foto: Ana Volpe/Agência Senado

“Hoje é um dia que vai mudar muito a nossa imagem no Brasil. A imagem do Senado Federal. Eu não tenho nada contra a Câmara, tenho muitos amigos e amigas lá. Mas, no cafezinho, o apelido da Câmara é rodoviária, e o nosso é aeroporto”, disse o senador Jorge Kajuru (PSB) naquela sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida pelo senador Otto Alencar (PSD), na quarta-feira. A mesma que, por unanimidade, sepultou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3/21, conhecida como PEC das Prerrogativas. Ou da Blindagem. Ou da Bandidagem. Ou da Impunidade. A que condicionava a abertura de qualquer processo criminal contra parlamentares ao aval dos próprios parlamentares — e em votação secreta. E ampliava, ainda, o foro privilegiado aos presidentes nacionais de partidos. 

Edição de Sábado: A tibieza de Hugo Motta

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

“Quem manda aqui é o presidente, respeitando o regimento. Eu não aceito desrespeito. Eu não aceito desrespeito. Eu não aceito desrespeito”, berrou triplamente o deputado Hugo Motta (à época no então PMDB, hoje no Republicanos). “Vossa excelência me respeite. Cabelo branco não é sinônimo de respeito!” Chamado de “moleque” pelo parlamentar Edmilson Rodrigues (PSOL), Motta retrucou, já com a voz falhando, no mais alto tom que sua garganta suportava. “Eu quero dizer a vossas excelências que não serei nenhum fantoche para me submeter à pressão de quem quer que seja. Um deputado aqui se levantou e me desrespeitou. Não tenho medo de grito e, da terra de que venho, homem não me grita.” Vem de João Pessoa, cria de uma família tradicional na política de Patos e do sertão da Paraíba. 

Edição de Sábado: Um Brasil que já não dói

Foto: José Cruz / Agência Brasil
Foto: José Cruz / Agência Brasil

Um aceno com a mão direita, estática, um pouco abaixo do ombro, e todos os dedos unidos. Acompanhado dos lábios apertados em um sorriso discreto, embora largo. Assim a ministra Cármen Lúcia permaneceu por algumas dezenas de segundos após proferir seu voto (vídeo) condenando o ex-presidente Jair Bolsonaro e os outros sete réus acusados de dar corpo à tentativa de golpe de Estado. Aliás, mais do que sentenciando. Após usar o verbo para cicatrizar as úlceras d’uma República afligida repetidas vezes por aqueles que a sequestraram. São oito os golpes militares bem sucedidos até aqui. Os que não vingaram é praticamente impossível contabilizar. Ninguém, nunca, foi sequer processado pelas intentonas concretizadas ou fracassadas. Até agora.